A Princesa do Olimpo

🦚 Hera II 🦚

                                          II

                         🦚       HERA     🦚

O Olimpo estava um caos, mais do que o normal. Do começo da grande escadaria que levava ao Monte, Hera já conseguia ouvir os gritos e a baderna. Seria a primeira vez que pisaria em casa depois de dias fora. Desde que Apolo fofocou para todos os Olimpianos sobre Helena, Hera se manteve escondidíssima, foi a única maneira que encontrou para se proteger e conseguir ficar de olho em Helena.

Mesmo querendo se manter firme e séria, por dentro Hera estava chateada. Helena não tivera a reação esperada por ela, achou até um exagero da garota. Diferente da maioria dos outros deuses, Hera havia criado Helena desde que a menina nasceu, foi mãe, pai, irmãos, tia, amiga, professora... Tudo o que Helena precisou na vida Hera lhe deu de muito bom grado e sem que a garota percebesse a verdade. Ao longo dos anos deusa também treinou algumas de suas habilidades, como essa autoridade toda que Helena estava colocando em prática.

Não podia negar o desapontamento que ficou quando viu que para Helena, ser filha de Hera não era algo bom. Quer dizer, quem não gostaria de ser filha da Rainha do Olimpo? A primeira e única semideusa de Hera? Não era pouca coisa. Hera sabia que isso era má influência dos outros semideuses. Só de lembrar do ciúmes que sentia da filha cada vez que ela se aproximava mais deles lhe queimava o peito. Ainda sim, teve que ser grata, principalmente a Jason, por cuidarem dela.

O relacionamento com Jason seria pauta para a próxima conversa entre mãe e filha. Apesar do garoto ter sido uma grande ajuda para a própria Hera, e a cria de Zeus que ela menos detestava, Helena ainda era dela. E mesmo que Jason fosse um amor de menino, ainda era filho de Zeus...

Todos esses pensamentos rodavam na cabeça da rainha enquanto ela subia a escadaria, suas mãos carregavam seu cajado e o Raio Mestre do marido. Sem querer, o pavor começou a tomar conta da deusa. Havia descido no Acampamento Meio-Sangue e enfrentado Zeus, na hora do desespero ela nem pensou, nunca o deixaria matar Helena, mas agora que essa adrenalina havia passado, Hera enfrentaria não só ele, mas o Olimpo inteiro.

Hera não percebeu o quanto sentia falta de seu lar até retornar a ele. Estava como havia deixado quando saíra. O salão principal extenso, com pilastras enfileiradas aos lados, no meio, uma corrente de água que descia em uma cachoeira. Estátuas de todos os Olimpianos em suas melhores formas e com suas maiores características em volta. A de Zeus e Hera ficavam lá na frente, perto dos tronos enormes de pedra lapidada com desenhos e escrituras gregas.

Quem dera estivesse vazio, o salão estava cheio, todos os deuses discutindo em voz alta enquanto Zeus estava em seu trono, com a mão cobrindo o rosto, claramente sem paciência.

— Eu deveria ser aviador! — gritou Hefesto.

— E eu arquiteta! — disse Deméter.

— Até parece — rebateu Atena.

— Se você pode virar estilista, eu posso ser arquiteta — respondeu Deméter.

Ninguém parecia ter notado a presença da rainha ainda.

— Na verdade... Eu deveria começar guerras — disse Hefesto animado.

A deusa passou os olhos pelo resto do salão e pode ver Afrodite encostada em uma pilastra, ao lado de sua estátua, observando tudo muito atenta. Os cabelos longos e escuros caiam sobre seu vestido branco exageradamente decotado, e fenda mostrava bem suas perna, bem até demais. O rosto perfeito e os olhos que mudavam de cor estavam irritando Hera.

A deusa do amor e da beleza foi a primeira a notar a presença de Hera, e sem qualquer reverência ou se quer um "olá", ela estalou os dedos chamando atenção dos outros. Quase que de imediato, os Olimpianos cessaram os gritos e a encaram, até Zeus que estava de cabeça baixa, levantou-a para olhar Afrodite. A deusa apontou para Hera com a cabeça, delicadamente.