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Eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo naquele momento. Acordei com o corpo inteiro dolorido, enquanto flashes da noite anterior invadiam minha mente. Era inconcebível que Daemon tivesse feito aquilo comigo. Sua presença dominadora ainda fazia minha pele se arrepiar ao simples pensamento. Eu já não sabia o que pensar sobre aquela situação, não conseguia compreender como havia me permitido entregar-me a ele de forma tão completa, e de maneira tão brutal.

Virei-me, procurando por ele ao meu lado, mas Daemon não estava mais ali. No entanto, seu perfume permanecia impregnado em minhas roupas, um resquício inquietante da noite passada.

O vazio ao meu lado na cama parecia aumentar o peso das lembranças. A ausência de Daemon era quase tão palpável quanto sua presença, mas, de alguma forma, ainda mais perturbadora. Cada fibra do meu ser clamava por uma explicação, uma justificativa para a intensidade com que ele havia me tomado, para a forma como eu havia cedido a ele sem reservas. E agora, tudo o que restava era a fragrância persistente de seu perfume, envolta nas minhas roupas, impregnada na minha pele, como uma marca invisível que ele deixara em mim.

Levantei-me lentamente, sentindo a rigidez nos músculos, uma lembrança física do que havia ocorrido. Cada movimento me trazia de volta àquele momento, e eu me perguntava como tinha chegado a esse ponto. Daemon sempre fora um enigma para mim—um homem que emanava poder e controle, alguém que parecia saber exatamente o que queria e como conseguir. E, na última noite, eu fui apenas mais uma peça no jogo dele, uma peça que ele manejou com uma habilidade assustadora.

Enquanto vagava pela casa, os resquícios da noite anterior pareciam pairar no ar, como se as paredes sussurrassem os segredos que haviam testemunhado. Cada sombra, cada recanto, parecia ter sido impregnado com a presença de Daemon, como se ele estivesse em todos os lugares, mesmo não estando ali.

No banheiro, ao me encarar no espelho, quase não me reconheci. Meus olhos estavam cercados por uma sombra escura, uma mistura de cansaço e algo mais profundo, algo que eu não sabia nomear. Toquei meu reflexo, como se estivesse tentando compreender o que tinha acontecido. Meu pescoço estava marcado por hematomas e vergões, lembranças visíveis do toque de Daemon em minha pele.

Eu estava furiosa comigo mesma por ter permitido que ele brincasse comigo daquela maneira. Tinha certeza de que ele só queria me usar, e agora que Daemon havia conseguido seu maldito prêmio, ele iria me deixar. Por um lado, isso significava que eu finalmente teria paz, mas a ideia de ter sido apenas um brinquedo me irritava profundamente.



Minha mente vagava, tentando encontrar algum momento, algum sinal que eu pudesse ter interpretado de forma errada. Mas a verdade era dura e crua: eu sabia quem Daemon era, ou ao menos pensava saber, e ainda assim me entreguei a ele. Eu fui cega, ou talvez apenas ansiosa por algo que fugisse da normalidade, algo que me tirasse da mesmice.

Voltei ao quarto, e as memórias daquela noite ainda estavam frescas, vivas demais para que eu pudesse ignorá-las. As mãos de Daemon, firmes e implacáveis, segurando-me com uma força que beirava a brutalidade. Suas palavras, sussurradas ao meu ouvido com uma voz carregada de desejo, mas também de algo mais, algo que eu não consegui decifrar na hora—um tom de posse, como se eu fosse algo que ele havia conquistado e, portanto, pertencia a ele.

O sentimento que me cercava era de culpa mais ainda tinha uma satisfação. Da forma que ele me usou abria espaço para um lado meu que nem eu conhecia

Mas eu sabia de uma coisa . Para meu bem eu precisava me distanciar . E esse seria meu segredo nem meu irmão nem ninguém poderia saber disso

NO OUTRO DIA


Acordei com uma sensação de cansaço que parecia penetrar em cada fibra do meu corpo. A noite anterior foi um turbilhão de confusão e dor, e eu me sentia como se estivesse carregando o peso do mundo sobre meus ombros. Quando a campainha soou, um misto de alívio e apreensão tomou conta de mim. Abri a porta e encontrei Will lá, com seu sorriso confiante e aquele brilho travesso nos olhos.

— Bom dia, gatinha! — disse ele, com um tom exageradamente alegre. — Pronta para brilhar hoje?

Tentei sorrir, embora fosse um esforço colossal. Will sempre tinha essa habilidade de iluminar o ambiente com suas piadas, mas hoje eu estava distante e esgotada.

— Bom dia, Will. — Respondi, tentando ocultar o cansaço. — Só preciso pegar minhas coisas.

Enquanto entrava para pegar minha mochila, notei que Will estava observando o estado da casa com um olhar divertido.

— Uau, Mariana, sua casa está parecendo um campo de batalha. — Ele riu, piscando para mim. — Se você precisar de ajuda para limpar, só me chamar. Tenho um talento oculto para arrumar desastres.

— É só um pouco de bagunça. — Tentei rir, embora a verdade é que a bagunça e a confusão dentro de mim eram muito maiores. — Estava ocupada com algumas coisas ontem.

Saímos e ele me levou até o carro. Enquanto dirigíamos, Will continuava com suas piadas e histórias, tentando me distrair. Sua confiança e maneira despreocupada eram um alívio, mas também uma lembrança do que havia acontecido da última vez que nos vimos.

A lembrança do que aconteceu no carro de Will na última vez em que estivemos juntos pairava na minha mente como uma sombra persistente. Tínhamos nos entregado a um momento intenso e inesperado, e agora essa memória parecia mais uma prova da confusão e da dor que eu estava enfrentando.

Will parecia perceber que algo estava diferente e, com seu jeito característico, fez uma piada para tentar me animar.

— Então, gata, você está um pouco diferente hoje. Passou a noite em claro pensando em mim? — Ele piscou, o tom brincalhão em sua voz, mas havia um toque de preocupação disfarçado.

Eu hesitei, lutando para encontrar as palavras certas. Não estava pronta para explicar a verdade sobre o que havia ocorrido na noite passada, especialmente sabendo que Will era um amigo próximo e estava alheio à complexidade da situação.

— Ah, só um pouco cansada. — Forcei um sorriso. — A noite foi longa, mas nada demais.

Will aceitou a resposta e continuou falando sobre os acontecimentos recentes, sua confiança e humor sendo um ponto de fuga bem-vindo da dor interna. Quando chegamos à escola, ele estacionou e se virou para mim com um sorriso confortável.

— Boa sorte hoje, minha heroína. E se precisar de alguma coisa ou de uma boa risada, você sabe onde me encontrar. — Ele me deu um abraço leve, um gesto de apoio e amizade.

— Obrigada, Will. — Respondi, sentindo uma mistura de gratidão e tristeza. — Vou me lembrar disso.

Enquanto ele se afastava, eu me dirigia para a entrada da escola, tentando deixar a dor e a confusão da noite passada para trás. A presença de Will era um consolo
, mas também um lembrete constante da complexidade dos sentimentos que eu estava tentando compreender e enfrentar.

OBSSESION - Damon Torrance e Will GraysonOnde histórias criam vida. Descubra agora