CAPÍTULO 19 - SÃO FRANCISCO

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Logo depois da virada de ano e do feriado, minha vida estava de volta ao normal, e eu sabia o que precisava fazer. Eu sabia o que precisava pra pelo menos libertar parte do peso que estava nas minhas costas.

Era manhã do sábado quando acordei cedo e decidi que aquela era a hora.

Dirigi até o bar do Theo, ele estava na entrada dos fundos lidando com alguns fornecedores de bebidas, checando as notas fiscais, conferindo tudo com seu funcionário. Ele sorriu pra mim e tentei forçar um sorriso. Fiquei esperando ele na porta enquanto observava tudo.

- Larry, você já pode ir guardando tudo no estoque. – Ele disse segurando uns papéis vindo até mim, ele sorriu, pegou minha mão e me deu um beijo estalado. – Hey, como você está?

- A gente pode conversar? - Tentei ficar calma.

- Claro, vamos pra minha sala.

Nós fomos para sua sala pequena e bagunçada. Ele afastou algumas caixas e deixou os papéis em cima da mesa me olhando. Eu não conseguia sorrir.

- O que está acontecendo, Nina? – Ele perguntou preocupado.

- Theo... Me desculpa... – Tentei manter meu olhar fixo nele. Não precisava ser covarde. – Você sabe que eu adoro você, você é uma pessoa incrível e você me faz rir, a gente se diverte, você é perfeito, carinhoso...

- Não, não, não. – Ele levantou a mão incrédulo. – Você está terminando, Nina?

- Me desculpa, Theo. Eu odeio machucar você. Eu adoro você.

- Se adorasse não estava fazendo isso, Nina. Você tem alguém não é?!

- Theo... Não. Não começa. Só me escuta... Me desculpa, mas eu sempre me senti culpada por você estar 100% nesse relacionamento e eu não estar no mesmo nível que você.

- Eu já deveria saber... Você sempre tão distante, sempre tão aérea. Nunca me conta nada sobre você, só o superficial. Você não confia em mim, nunca falou como se sente. – Ele aumentava a voz.

- Theo... Eu sou assim, eu não consigo me abrir, não é você...

- Não sou eu, é você, não é?!

- Não é sua culpa, eu sou assim. Eu queria estar perdidamente apaixonada por você, mas eu não consigo. Preciso aproveitar um tempo sozinha.

- Eu deveria saber que você seria igual as outras.

- Você não sabe o quanto é difícil pra mim fazer isso, mas eu precisava fazer, antes que tudo ficasse mais sério, antes que o tempo passasse. Eu não posso fazer você perder tempo. Você merece alguém completamente apaixonada por você.

- Eu adoro você. Eu quero você. – Eu odiava escutar aquilo dele.

- Me desculpa, me desculpa, Theo. Se eu tivesse escolha você pode ter certeza que eu amaria você do jeito que você merece. Você é lindo, Theo. O que tem de mulher atrás de você... Minha mãe adora você, mas você sabe que a gente não escolhe quem gosta, quem ama.

- Então quer dizer que existe outra pessoa, não é?!

- Não... Eu estou dizendo, que eu não consigo mandar em mim mesma.

- É melhor você ir, Nina. Eu tenho muito trabalho pra fazer, hoje a casa lota, eu não tenho tempo pra isso. Já passei dessa fase. Eu deveria imaginar, você é bem mais nova.

- Não é assim, Theo. Não é questão de idade.

- Se você tivesse um pingo de maturidade já tinha acabado assim que percebeu que não sentia nada. Aposto que você ficou empurrando com a barriga, me iludindo com seu papo de namorada apaixonada.

NOS BRAÇOS DELAOnde histórias criam vida. Descubra agora