NOS BRAÇOS DELA

PRÓLOGO

Se eu era tudo o que ele sempre sonhou, eu não sabia, ele nunca me falou.

Mas ele sempre olhava de um modo estranho pra mim. A gente crescia algo entre nós e eu conseguia o odiar e adorá-lo ao mesmo tempo.

E ele me chamou naquele dia porque não queria voltar pra casa ainda.

- Você pode confiar em mim, Eric.

- Não é nada sério. São só problemas em casa. Praticamente a semana toda a gente brigou por besteiras, por conta da família dela, por minha causa. A gente falou um monte de coisa que não queria ter falado. Até a mãe dela se envolveu, disse que eu nunca fui bom pra Anna.

- Você sabe que é mentira.

- A gente nunca foi do tipo de casal que briga, a gente sempre lidou bem com conversa, e a gente sempre se deu bem, Anna é como minha melhor amiga.

- E ainda sim eu estou aqui nesse carro com você. - Ele me olhou interessado. - Não entendo se você está entediado ou cansado. - Disse sinceramente.

- Eu estou muitas coisas há muito tempo. Por que você acha que eu adorei você desde a primeira vez que te vi?

- Como assim?

- Você era o diferente. - Ele sorriu tristemente. - Você era viva, alegre. Você representava pra mim um mundo completamente novo e diferente. Eu só queria falar com você, mostrar pra você sem usar uma aliança, que eu estava disponível. Você foi uma diversão pra mim naqueles dias.

- Sua vida realmente deve ser um tédio.

- Na maioria das vezes é sim. - Ele fez uma careta. - Ela é tão diferente de mim. Nossos filhos tão crescendo e eu de certa forma sou novo, eu acho. Eu não fiz o que eu queria fazer.

- O que você quer então? - Ele olhou pra mim e sorriu tristemente.

- Por agora eu quero você.

- Você pode até me ter, mas você vai continuar casado, você vai continuar acordando ao lado da sua esposa, você vai continuar participando de almoços idiotas em família e você vai continuar fazendo as mesmas coisas todos os dias pelo resto da sua vida.

- Onde você quer chegar?

- Eu não posso salvar você, só você pode se salvar dessa merda de vida.

Me perguntei se ele realmente só gostava de mim por conta do tédio, porque em certo momento as coisas não deram certo e ele precisava de algum escape.

- Não gosto de ver você assim se culpando. - Ele olhou pra mim e sorriu tristemente.

- Vem aqui. - Ele estendeu a mão e eu coloquei minha mão na sua e ele me puxou para ficar sentada ao seu lado deitando minha cabeça no seu peito. - Eu queria que as coisas fossem mais simples.

- Eu não gosto de coisas simples. Eu gosto do que é complicado e difícil.

- Eu não. Eu realmente queria que fosse simples. - Ele beijou minha cabeça. - Eu gosto de você, Nina.

Eu olhei pra ele e ele alisou minha bochecha. O carro estava abafado e escuro. Eu conseguia ver pouquíssimo dele, mas podia sentir sua respiração acelerando em cima de mim.

Seu lábio finalmente tocou no meu e meu coração bateu acelerado, e um fogo tomou conta do meu corpo, um fogo maior do que ele provocava só ficando ao meu lado.

- Por que você não apareceu antes na minha vida? - Ele perguntou.

- Em que época? Quando você estava engravidando a moça eu nem sabia o que era beijo.

- Não gosto quando você me lembra da sua idade.

- Não sou tão garotinha, mas juro que sou apertada.

- Você vai me deixar louco.

- Esse é o objetivo.

Só assim ele tinha algum tipo de emoção nessa vida monótona dele.

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Postagens a partir do dia 16/05, todos os sábados e quartas.