CAPÍTULO 24 - NOS BRAÇOS DELA

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Eric realmente tinha me dado o tempo que eu quisesse pra pensar. Na verdade, era final da semana e ele ainda não tinha mandado nada além de "boa noite" e "bom dia" por mensagem no meu celular.

Ele me deixou muito livre, apenas mostrando que ele estava lá. Ele já sabia o que ele queria, ele tinha tudo planejado, mas ele também sabia que era uma decisão difícil, por mais que ele dissesse que não.

Eu não estava sofrendo nem nada, estava lisonjeada e orgulhosa do Eric por ter tido a coragem de ir atrás da felicidade dele, que não era apenas me ter como namorada, mas se abrir novamente para um mundo onde as obrigações sem fundamentos não existissem.

Ele tinha percebido que não precisava estar casado pra ser um bom pai, ele não precisava mais atuar e fingir que tudo estava bem enquanto ele morria por dentro a cada mês.

Eu estava feliz por ele, e lisonjeada que nossa relação não foi apenas um caso, que ele me queria ao lado dele, mas havia vários "poréns" nessas decisões.

O primeiro era que eu tinha 22 anos, ele era 14 anos mais velho que eu. O que não é um problema a questão de idade, mas sim a questão de vivência.

Eu tinha 22 anos e ainda pretendia viajar, conhecer vários lugares, morar fora de Healdsburg, estudar, ter um trabalho, conhecer pessoas, e eu não sabia se queria que o Eric fosse meu ponto final. Ele ficaria aqui em Healdsburg por conta dos filhos.

E sim, tem os filhos dele. Que mesmo parecendo adoráveis, provavelmente não irão com minha cara quando descobrirem que ele deixou de ficar com a mãe deles pra ficar comigo. E tinha a Alex, que estava nessa fase terrível. E os finais de semana ele passaria com os filhos, e eu não sabia se conseguiria viver dessa forma, sendo a madrasta.

E tinha a Anna, que me odiava e não achava que isso ia mudar em muito tempo. Ela sempre seria a mulher que descobriu tudo, que gritou na minha cara e falou coisas horrorosas. Ela não iria embora, ela era mãe dos filhos do Eric. E também tinha a família dela. Que sempre diria que o Eric era um idiota e eu mais ainda.

Imaginei o que as pessoas pensariam. Que éramos um clichê. Que era um clichê ele ter trocado a esposa por alguém bem mais nova, que estava comigo pelo sexo, pra se sentir vivo ou sei lá mais o que. Os amigos do Eric que conheciam a Anna por toda a vida deles.

E tinham também as pessoas que me chamariam com todas as letras de "destruidora de lares".

E se caso nós déssemos certo, eu dissesse sim pra tudo isso, e realmente houvesse um futuro pra gente? Eventualmente eu teria um filho? Nós casaríamos? Íamos morar em Healdsburg?

Ia acontecer tudo de novo. Ele me trocaria por uma outra mais nova. Como um círculo vicioso.

Quem me garantiria que ele não me trairia como fez com a Anna? Quem garantiria que no futuro quando fossemos um casal normal ele não se entediaria e ficaria afim da primeira garota bonitinha que aparecesse na frente?

Ele tinha me dito que tinha traído a Anna algumas vezes antes... E quem me garantiria que ele não faria o mesmo? Ele não podia me garantir nada.

Eu tinha 22 anos e pouca carga psíquica pra aguentar tudo isso.

Mas também tinha o simples fato que eu amava o Eric e era difícil estar longe dele.

Eu falei tudo isso pra ele. Não achava que deveria esconder mais minhas inseguranças pra ele. Acho que esse era o momento certo de falar tudo pra ele, sem medo de nada. E eu falei tudo que me afligia, enquanto ele escutava pacientemente sentado na minha cama enquanto eu estava em pé na sua frente, mergulhada em todas as possibilidades existentes do futuro.

NOS BRAÇOS DELAOnde histórias criam vida. Descubra agora