CAPÍTULO 6 - ENCONTRO

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A semana passou se arrastando, e mesmo eu tendo muita coisa pra fazer, ela passou mais demorada que o mês inteiro. Tive que pagar algumas contas, verificar minha planilha no Excel, fazer compras para a casa, para o Gus, passear com ele e mais um monte de coisas.

Falei pouquíssimo como Theo e com a Ellie essa semana, além de estressada eu estava cansada, então não queria descontar em ninguém. Também acabei não falando com minha mãe por telefone, só por e-mail e trocamos apenas poucas palavras. Aquela simplesmente não era minha semana.

No lava-jato acabei levando algumas broncas que não foram nada de mais, foram por besteira, mas ainda sim eu nunca lidei muito bem com críticas e pessoas me julgando era um dos motivos de eu precisar de terapia. Lembrei que eu realmente estava adiando procurar por um outro terapeuta.

Era sexta e Ellie ia passar com o Gabe e eu ia passar com o Gus já que o Theo estava provavelmente se divertindo horrores em São Francisco, o que não me deixou com ciúmes nem nada, apenas um pouco de inveja, eu confesso. A gente se falou um pouco no sábado de manhã quando ele me ligou dizendo que estava se preparando para uma reunião importante, o desejei sorte e ele desligou.

No sábado peguei meu carro e fui levar o Gus no parque. Pelo menos eu saia e fazia ele se divertir também. Eu quase não saia com ele por conta da falta de tempo, e como o dia estava bonito resolvi dar uma chance para nós dois.

Eu sentei na grama que estava lotada e ele sentou ao meu lado brincando com um bichinho de pelúcia nojento que ele adorava. Algumas crianças vinham falar com ele ou até mesmo adultos e ele amava toda atenção e carinho.

Pensei se o cara das tatuagens estaria amanhã no coffee shop. Eu queria descobrir seu nome, e no fundo eu queria que ele falasse comigo, nem que fosse um oi.

Tentei conter todo o fogo esquentando meu corpo quando lembrei de sua perna encostando na minha e sua mão grande na minha coxa.

Seria até um pouco assustador se eu contasse isso a alguém. "Mas como você deixou um estranho tocar na sua coxa?" Bem, eu também não sabia. Eu podia muito bem ter dado um tapa na sua mão, se fosse outro eu com certeza faria, mas bizarramente eu deixaria aquele cara fazer muito mais do que colocar uma mão na minha coxa, sendo estranho ou não.

Queria saber porque ele me olhava tanto, porque ele mostrava tanto interesse, ele deve estar louco com certeza. E porque diabos a aliança dele não estava mais no dedo.

Voltamos pra casa, Gus comeu e bebeu água como se não houvesse amanhã. Estava um dia nublado então só fiquei enrolada na minha cama assistindo filmes. Deus, eu era uma piada.

Ellie me mandou uma mensagem perguntando se tudo estava bem, eu respondi que sim, que estava aproveitando o dia e ela me disse pra eu passar amanhã na casa dela que como ela estaria de folga, a gente poderia andar um pouco pelo centro.

Apesar de eu amar todo esse equilíbrio na minha nova vida eu com certeza estava afundada no tédio e isso não era nada bom.

Me perguntei se eu finalmente tinha abandonado aquela vida de rebelde sem causa e finalmente tinha me acalmado. A verdade é que eu nem era tão louca por aventura assim, mas ter uma vida certinha nunca foi coisa do meu tipo por mais que eu gostasse e precisasse disso.

De qualquer forma, eu não podia reclamar, as coisas estavam indo bem e eu agradecia por isso. Por finalmente poder ver as coisas claramente como elas eram.

X

Quando acordei, desci apenas para tomar um copo de suco já que eu pretendia almoçar com a Ellie. Tomei um banho, sequei meus cabelos e infelizmente o cara das tatuagens veio na minha mente. Isso não estava certo.

NOS BRAÇOS DELAOnde histórias criam vida. Descubra agora