Os dias se arrastavam.
Eu começava a pensar se ter voltado tinha sido uma boa escolha. Se não devia ter tentado mais, não ter fugido ou ter ido morar com meus pais, tentar algo. Se estar aqui tinha realmente me feito algum bem, ou se o Eric só fazia as coisas piores.
Eu não sei como ele conseguia fazer aquilo comigo. Duas dimensões, dois extremos em uma só pessoa. Eu realmente gostava dele, não era segredo pra ninguém, e eu tinha parado de tentar esconder isso de mim mesma por mais que eu odiasse admitir, odiasse perceber que alguém tinha aquele poder ridículo sobre mim, por mais que ele nem estivesse mais presente na minha vida.
Era bizarro, eu odiava o Eric por ser completamente impossível, por tornar as coisas complicadas e reais, e eu o admirava, adorava ele.
Eu queria terminar com o Theo, mas ele me fazia bem, ele me ajudava a tentar esquecer o Eric. Só tentava. Eu sei o quanto eu tentei.
X
Uma semana tinha se passado desde que eu tinha visto, ou melhor, sentido o Eric por perto. E eu juro que eu tentava não contar os dias mas era complicado. Meu terapeuta mesmo disse que eu tinha mania de complicar o que não era tão complicado, e pensar e repensar tirando meu sono tranquilo.
Era final de semana e com o tempo eu me animava mais com a ideia de seguir em frente. Eu não podia me privar mais de ficar bem, de depender de alguém.
Theo tinha me chamado pra passar a tarde do domingo no parque. Nós brincaríamos com o Gus, tomaríamos raspadinha, conversaríamos, e seria um bom dia de despedida do outono.
Ele passou a viagem tentando controlar o Gus que ficava mais animado com a ideia que estava passeando. O Gus simplesmente amava mais do que todos naquele parque.
Nós chegamos e segurei firme a coleira do Gus que tentava de qualquer modo me arrastar. Só com o tempo ele foi se acalmando. O Theo ria e nós conversávamos sobre a história de um bêbado que sempre ia nos dias antigos do bar. Algumas histórias de filmes e palhaçadas que o Theo fazia arrancando gargalhadas de mim.
Ele me dizia que eu era linda, e que aquela roupa mostrando a barriga caia bem em mim, que eu era fofa com óculos de coração, que eu era tudo o que ele sempre sonhou. Ele não falava como declaração, ele falava de modo divertido, como se quisesse sempre me lembrar que ele estaria ali pra mim. Ele continuou me fazendo rir e tentei de todas as formas amar o Theo como ele merecia.
Eu dava gargalhadas e gargalhadas e Theo continuava a falar, nós estávamos parados no meio de um jardim lindo com algumas pessoas ao redor, aproveitando talvez o ultimo dia bonito que teríamos em alguns meses.
Eu apenas gargalhava quando percebi um garoto de 4 anos se aproximando do Gus e começando a alisar.
- Nina, Theo! – Caralho!
Eu não podia acreditar no que eu estava vendo. Sim. Era a Anna e o Eric. O sorriso sumiu completamente do meu rosto. Ela sorria e Eric apenas me observava. Tentei não fazer contato visual com ele. Tentei não olhar suas tatuagens a mostra naquela camisa clara, tentei não prestar atenção que ele segurava uma mochila do Capitão América e uma garrafa de água do Batman. Que a mulher dele parecia bonita naquele vestido, que ele parecia delicioso.
Me perguntei se ele tinha ido naquela manhã no coffee shop.
- Oi, Anna, como vai? – Theo perguntou estendendo a mão.
- Vou bem e vocês? – Ela sorriu. – Esse aqui é meu marido, o Eric. – Eric estendeu a mão e o Theo sorriu e eu percebi que o Eric tentou ser simpático mas eu conhecia aquela cara de chato.
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NOS BRAÇOS DELA
ChickLit● ♦ PROIBIDO PARA MENORES DE 18 ANOS. CONTEÚDO MADURO. ♦ ● SINOPSE: Nina é uma garota de 21 anos que depois de um tempo morando em New York volta para sua cidade pequena na Califórnia para tentar recomeçar e estabelecer um equilíbrio na sua vida. Tu...