— Ainda está bravo?
— Não.
— Que bom. — acho que me analisa, mas eu só sinto. Minha atenção mesmo estava no meu próprio pulso, onde de alguma maneira, ficara o rastro do perfume dela. — Se não está bravo, essa vibe depressiva aí é por quê?
Ela me deu um fora sem saber que estava me dando um fora. Penso.
— Eu tô cansado só. — assente.
— Ahn... falou para a minha "garota com nome de flor" que ela ia ser trocada muito em breve, por "outra enfermeira"?
— Falei, merda, mas não foi no sentido que está parecendo agora. Desculpe.
— Tá desculpado. Só... não faça de novo. Por sua culpa eu vou ter que comprar flores e aliança...
— Por quê??? — faz uma careta. — Caralho... eu achei que eu era o único fodido nessa. — ele nega. — Ela é insuportável, estressada, e... revira os olhos quando responde uma pergunta!!!
— Pedro, esse departamento inteiro têm uma opinião bastante semelhante referente a sua garota "das medicina". Ela só é bonita, classuda, e anda bem de salto. É antipática, metida, nariz em pé, não dá moral pra ninguém, e é uma chata!!!
— Ela não dá moral pra vocês. É diferente!
— Hortência também. Ela só não gosta de você.
— Estamos quites! Também não gosto dela!
— Mas ela te ajudou a conseguir o que você queria há muito tempo, e sozinho não deu conta. Te arrumou quem falasse, conseguiu do diretor a demissão do seu possível rival!
— Dane-se. E ele não era um rival, Aurora e todas as outras, incluindo sua florzinha, odeiam ele, por isso me ajudaram! — ri comigo, só depois.
— Vamos dar uma volta, beber...
— Não sei não... acho que ela vai... me ligar, quer dizer, eu me ofereci para levá-la pra casa, quero estar aqui, ela não está bem hoje, perdeu uma paciente. Se bem que não sei, acho que ela não quer minha aproximação. Talvez seja o luto, talvez seja algo além disso.
— São nove e meia, a essa hora ela ainda está aqui?
— Ela disse que tinha uma cirurgia que talvez levasse horas...
— Ela é cirurgiã???
— Eu não sei, não sei como funciona uma "hierarquia hospitalar"!!! Hematologistas não participam de cirurgias???
— Espere. Vamos ver se ela ainda está lá. Se não tiver, se tiver ido pra casa sem te ligar, depois de você ter oferecido 'seu abraço delícia a ela', — como ele sabia? — nós vamos beber. Depois de anos livre, enfim, estou prestes a me foder, eu preciso beber e você não vai me deixar sozinho nessa. — coloca o aparelho no ouvido, mas depois no viva-voz quando a "florzinha chata" atende. — Oi, gatinha.
— Oi. Tudo bem?
— Tudo e você?
— Tudo ok. Só vou sair mais tarde, estou exausta...
— Tudo bem, eu só... liguei pelo Pedro.
— Argg... — ele sorri pra mim. — Ela não está, passou por mim faz vinte minutos carregando umas bolsas, acho que foi embora.
— Confirma pra mim, gatinha!? Dá uma batida na porta dela, vê com alguém...
— Me dê um minuto. — a garota pede e aguardamos em silêncio. — Oi, Nilda! Sabe se a doutora Montes ainda está aqui? — conseguimos ouvir no fundo da ligação.
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I N C Ó G N I T A - Conto
Short Storysem sinopse de propósito. Por enquanto ♡ adicione o livro em sua biblioteca. Quanto mais interação, vocês já sabem, mais atualizações ;)