Abro meus olhos com dificuldade pelo peso de minhas pálpebras e me sinto... inteira. Diferentemente dos últimos meses. Respiro pesadamente e não me surpreendo em não encontrá-lo ao meu lado. Tendo em vista que fomos dormir sei lá, umas cinco horas da manhã, era óbvio que ele me deixaria aqui até mais tarde. Se estivesse em casa eu também faria a ele, essa gentileza.
E eu acho que perdi. Só me deixou quieta quando precisei "implorar" e definitivamente tendo acordado depois, só depois, já era um bom indício de que o vencedor era o bendito bom de foda e bom de boca. Com um sorriso bobo na face me preparo para piadinhas chatas dele, se é que ele era desse tipo, eu achava que não.
Não tinha ideia de como fomos parar ali, do porque me senti tão sua, e tão a vontade para trocarmos momentos tão íntimos como aquele, e decido não me preocupar. Eu acreditava muito que merecia alguém pra cuidar de mim, e alguém pra eu cuidar que não fosse doente, meus pacientes. E acreditava muito que merecia ser amada e amar. Por que não oferecer o que posso a um cara doido que invadiu um hospital pra me salvar? Eu estava maluca? Estava. Mas ele parecia gostar tanto de mim... por que não? Tinha algo pra pesar contra? Talvez sim, talvez apareceria muitas Alines para começar, e talvez o tempo das coisas... ir com calma. Era isso. Eu ia me proteger das Alines e das Marias-sem-nomes do condomínio hospitalar que ele estava traçando, e ia... dar uma chance.
Talvez fizesse até mais um teste. Porque sempre quis homens gostosos na cama, como ele, que me tratassem desse jeito delicioso, como ele me tratou, mas fora da cama o tipo de homem que eu sempre quis, era outro. Respeitador, romântico, fofo, gentil, carinhoso e engraçado, que me dá flores, que abre a porta do carro sem eu pedir... merda, eu suspeitava de que ele era tudo aquilo. Mas... ok, Aurora, vamos com calma.
Escovo os dentes e lavo o rosto, coloco sua calça e ignoro o fato de que fica enorme em meus calcanhares, mas aproveito o elástico da cintura. Eu estava sem calcinha no momento, e pretendia continuar, não dá pra usar jeans sem.
Anoto mentalmente passar na farmácia pra comprar o terrível dia seguinte, e desço pra cozinha.
Eu pretendia comer, dar uns beijos, e ir pra casa porque eu tinha uma vida, não ia dormir de novo na casa do bonitão. E também precisava ligar pra Jack, e pro Vini, e cuidar de minha casa e me preparar para alguma coisa que naquele momento eu esquecia porque... logo avistei o bonito sentado e comendo algo, bebendo algo em sua xícara, e ele era... muito bonito. Muito mesmo.
O cabelo preto pra cima, de banho tomado, e a barba espessa, e a camiseta preta, e ele ficava tão bonito de preto. E o sorriso que me dá quando me vê, um sorriso preguiçoso e muito bonito.
— Bom dia! — cumprimento a criatura, e seu filho que não tinha nada a ver com o caráter da mãe, ignoro quando a mesma responde 'boa tarde', e quando me aproximo, seu braço esquerdo abraça minha cintura sem se preocupar com seus familiares assistindo.
— Bom dia, bonitão. — dou o selinho que queria, quando levanta o queixo em minha direção, ainda sentado, e só o abraço comportadamente por causa da audiência.
— Bom dia, bebê! Vem comer... coloquei uma xícara pra você. — ele resmunga sorridente, e a mulher se retira levando o garoto para fazer alguma coisa que eu não presto atenção porque só aqueles olhinhos pra mim, me vendo de baixo, me tirava o fôlego.
— Que delícia acordar assim com você. Por que não me chamou?
— Quis deixar você descansar. Pareceu cansadinha demais ontem.
— Eu fiquei mesmo. E já me preparei para suas piadinhas de vencedor.
— Piadinha por quê? Não vou fazer piada, apesar de estar muito feliz. A noite de ontem foi a melhor da minha existência.
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I N C Ó G N I T A - Conto
Historia Cortasem sinopse de propósito. Por enquanto ♡ adicione o livro em sua biblioteca. Quanto mais interação, vocês já sabem, mais atualizações ;)