capítulo doze - parte dois

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— Como? Igual nos filmes??? Identidade dupla?

— Não, infelizmente não, bem diferente dos filmes. Só o que preciso que saiba é que não era a minha intenção, que eles morressem. Eu cometi um erro e quis te fazer feliz. E sim, é daí que vem meus superpoderes. Se alguém senão a delegada tivesse me visto tirar isso aqui lá na frente, eu poderia nem estar aqui.

— Por que???

— Porque eu boto na prisão uma galera que tem poder demais. Uma galera que normalmente nunca seria pego. Gente que faz coisas absurdas, geralmente escondidas em uma parte da internet que nem todo mundo tem acesso.

— E no momento, é o delegado, quem você está tentando "ferrar"?

— Não só ele. Pelo o que tenho visto, o departamento inteiro. É algo complicado e que... nem deveria te chatear ou te preocupar, e eu nem deveria te deixar saber, mas... é bom que sabe agora, porque com certeza você ia descobrir, que eles 'já era' pela boca de outras pessoas. Primeira coisa que tu ia pensar era que eu fiz isso, para me vingar por terem te colocado nisso tudo. Mas não fui eu.

— Mataram eles porque...

—... porque poderiam querer ir atrás de 'quem foi o responsável por entrar naquela favela cheio de criminoso para ameaçar mulheres e criancinhas inocentes'. E talvez, dependendo da galera, o que não teremos certeza nunca... poderiam achar não um agente de escritório que só mexe em computador, um policialzinho de merda que faz manutenção nas horas vagas para bêbados que não entendem de tecnologia, — risinho irônico. — e sim a Interpol infiltrada num departamento aleatório no centro. A Interpol ou mais precisamente um agente de elite que é especializado em trazer à tona os piores crimes que existem de políticos, artistas, e toda uma galera de sangue nobre. E não estou falando de roubo, assassinato, lavagem de dinheiro, não somente. TV, rádios, sites, meu rosto e o rosto do meu departamento, escancarados para o país ou mais precisamente, vários países... querendo saber o que é que um departamento desse tamanho, como a Interpol, estava fazendo em um departamento como aquele. Tudo bem conseguirem a informação, é para isso que trabalho, mas não é tudo bem conseguirem antes de eu terminar esse trabalho.

— E o que você estava...?

— Não. — os cantos de sua boca, caem.

— Devo ficar com medo? Sempre? É isso?

— Não. Deve só... se quiser ficar perto de mim... se afastar de tudo isso que me envolve, não andar em lugares suspeitos, entender que nem sempre precisa saber de tudo, e não se colocar em risco.

— Você se arriscou só pra me tirar de lá, eram uns manés... não mereciam morrer, eram bobos, não eram profissionais...

— Eu estava com medo. Pela primeira vez na minha vida eu fiquei.

— Medo do quê? Só queriam tirá-lo de lá, não iam matar ninguém.

— Não dava pra saber. Tive medo de perder você sem nunca ter a oportunidade de dizer que te amava. Tá falando sério que eu deveria ter arriscado sua vida?

— Não!!! Amo o que fez por mim, sabe bem disso. Eu não sei se eu entendi tudo o que disse.

— Não tem problema se não entendeu direito. Só precisa entender duas coisas. Primeiro que nunca quis e nem pretendo te magoar, te decepcionar e nem nada que possa fazer eu perder você ou o pouco que temos, e a segunda coisa: não pode, nunca, se meter em problemas. Pro seu próprio bem. Se um dia, tudo sobre mim vier à tona, o que não pode acontecer de jeito nenhum, não ficarei em risco sozinho. Todo mundo que eu amo estará em risco, minha vida, meu cargo, minha família. Quero que fique comigo, mas aceitando ou não, tem que saber que não sou o tipo de cara que... pode deixar você muito... livre, de certa maneira. Entende isso? Será sempre para o seu bem!

I N C Ó G N I T A - ContoOnde histórias criam vida. Descubra agora