Nala...
Três meses. Nem parece que já faz tanto tempo desde que cheguei aqui e conheci Gabi. A vida tem sido uma mistura de novidades, tanto no lado pessoal quanto no profissional. Consegui um emprego em um escritório de arquitetura logo depois de me mudar, o que tem sido uma boa distração. Passo a maior parte dos meus dias criando projetos, pensando em como transformar espaços, e nas noites... bem, Gabi está quase sempre presente de um jeito ou de outro.
Estamos ficando, sem rótulos ou promessas. Só deixando as coisas acontecerem. Essa foi uma ideia da Gabi. Uma sugestão dela, já que ambas precisamos ficar em algumas áreas das nossas vidas.
Ela me faz sentir mais leve, faz o caos parecer menos importante quando estou ao lado dela. Mas mesmo assim, tem algo que me incomoda. Esses e-mails... Eles começaram há algumas semanas, e não param de chegar. São sempre enigmas, mensagens estranhas que não consigo entender. Tento não dar muita atenção, mas às vezes fico me perguntando se isso é algum tipo de brincadeira de mau gosto.
Laura: Nala, terra chamando Nala! — a voz de Laura, minha colega de trabalho e amiga desde que comecei aqui, me tira dos pensamentos.
— Oi, desculpa, estava longe. — Respondo, fechando o laptop rapidamente para que ela não veja a mensagem aberta.
Laura: Percebi! O que tá rolando? — Ela se aproxima, sentando na cadeira ao lado da minha mesa. — Você anda meio distraída esses dias. Tá tudo bem?
Respiro fundo, tentando manter a naturalidade.
— Tudo tranquilo. Só... acho que estou me adaptando a algumas mudanças. — Tento despistar, mas Laura não é boba.
Laura: Mudanças? Aquelas que envolvem uma certa jogadora de vôlei? — Ela sorri, e eu não posso evitar de suspirar ao me recordar dela, sorrindo também.
— Talvez. — Dou de ombros com um sorriso. — Mas não é só isso. Sabe aqueles e-mails estranhos que comentei? Eles continuam chegando.
Laura: Ainda? — Laura se endireita na cadeira, cruzando os braços. — E o que dizem dessa vez?
— São sempre mensagens enigmáticas. Como se alguém estivesse tentando me passar uma mensagem em código, mas nada faz sentido. Hoje recebi um que dizia que "a chave está na verdade oculta nas sombras". O que isso quer dizer?
Laura: Isso tá com cara de filme de suspense, Nala. Você já pensou em investigar de onde esses e-mails estão vindo?
— Não quero transformar isso num drama, sabe? Pode ser só spam ou alguém sem nada melhor para fazer. — Tento parecer despreocupada, mas Laura me conhece bem, apesar do pouco tempo de amizade.
Laura: Mesmo assim, fica de olho. E se precisar de ajuda, você sabe que pode contar comigo, né?
Sorrio para ela, grata pelo apoio.
— Sei sim, Laura. Obrigada.
Mas, no fundo, me pergunto se isso é algo maior do que estou pronta para lidar.
Respiro fundo e volto ao meu trabalho, tentando me concentrar em revisar os projetos. Minhas mãos estão inquietas, e meu pensamento continua voltando àquela mensagem enigmática. Enquanto reviso a planta do último cliente, a porta do escritório se abre lentamente. Levanto os olhos e vejo uma mulher entrando, sua presença preenchendo o espaço de uma maneira estranha.
Ela é alta, com um ar de elegância discreta. Usa um vestido preto ajustado que contrasta com sua pele clara, e seus cabelos escuros caem sobre os ombros em ondas suaves. Há algo no jeito como ela me olha que me faz sentir como se ela soubesse mais do que eu sobre mim mesma.
Mulher: Boa tarde. Nala, certo? — A voz dela é suave, mas firme, como se cada palavra fosse escolhida com precisão.
— Sim, sou eu. Em que posso ajudar?
Ela se aproxima da mesa, os olhos me analisando de uma maneira que me deixa desconfortável. Ela estende a mão com um sorriso enigmático.
Mulher: Meu nome é Selma Godoy Bueno. Preciso de ajuda com um projeto pessoal, algo mais... reservado. — Seu tom sugere que há mais nessa conversa do que ela está disposta a compartilhar de imediato.
— Claro, estou à disposição. Que tipo de projeto seria? — Tento manter o profissionalismo, mas algo na forma como ela fala faz com que cada palavra pareça envolta em mistério.
Selma: Estou reformando uma propriedade antiga, algo com muita história. Gostaria que fosse algo exclusivo, íntimo. Só posso compartilhar os detalhes em particular, e gostaria que você visitasse o local.
Há uma pausa enquanto ela me encara, e por algum motivo sinto que aceitar esse trabalho vai me envolver em algo maior do que uma simples reforma. A sala parece mais silenciosa, e o tempo parece desacelerar ao redor dela.
— Posso agendar uma visita para essa semana — respondo, tentando ignorar a sensação de que estou entrando em território desconhecido.
Selma; Ótimo. Vou mandar as coordenadas por e-mail. Espero que aceite a proposta. — Selma sorri levemente, como se soubesse algo que eu não. — Ah, e Nala... não se preocupe com essas mensagens estranhas. Às vezes, o que está perdido encontra seu caminho de volta.
Meu coração dá um salto, e antes que eu possa perguntar o que ela quer dizer com isso, Selma se vira e sai, deixando a sala com o mesmo mistério com que entrou.
Fico sentada, encarando a porta por alguns segundos, sem saber se devo sentir curiosidade ou receio. Como ela sabia sobre as mensagens?
Assim que Selma sai, meu cérebro ainda está processando o que acaba de acontecer. Coloco o projeto de lado e tento me recompor, quando a porta se abre novamente, desta vez com Gabi entrando com um sorriso familiar e relaxado.
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Inefável
FanfictionInefável: Algo tão extraordinário e profundo que não pode ser expresso em palavras. Gabriela, uma estrela em ascensão da seleção feminina de vôlei, sempre levou uma vida disciplinada e voltada para o esporte. Sua paixão pela quadra e seu comprometim...