Acordei naquela manhã com um misto de ansiedade e excitação. Era estranho, mas eu sabia exatamente o motivo. Desde que conheci a Gabi, senti algo que eu não conseguia nomear, algo que ficava entalado na garganta toda vez que estávamos juntas. Ela me convidou para tomar café da manhã, algo simples, mas que para mim parecia ter um significado maior. Eu ainda estava em êxtase e sem acreditar que passamos tanto tempo na chamada ontem, e agora, um convite incrível.
Me arrumei com mais cuidado do que o usual, escolhendo uma roupa que fosse casual, mas que não parecesse desleixada. E quando o interfone tocou, meu coração deu um salto. Peguei a minha bolsa e desci as escadas, dando de cara com a Mariana em sentada no sofá.
— Bom dia, amiga! Tá bem?
Mariana: Bom dia! Eu estou esperando a minha alma fazer o download para o meu corpo, para que eu possa raciocinar e né lembrar quem ousou eu, o meu nome é onde é que eu tô. E você?
— Estou bem, amiga, — dou risada. — A Gabi me chamou para tomar café com ela... Eu estou indo, tá?
Quando digo isso, ela pula do sofá com uma rapidez surpreendente, começando a pular de felicidade por mim.
Mariane: Se você me dissesss que não tinha aceitado, era agora mesmo que eu iria lhe apagar no soco! Eu estou muito feliz por você, minha amiga! Vai lá! Boa sorte! Te amoooo!
— Se eu tivesse recusado, poderia me internar, porque eu pirei real da cabeça! Muito obrigada, minha amiga! Te amo mais!!!
Recebendo um beijo carinhoso na testa, nós duas nos despedimos. Quando saio de casa, sinto as minhas mãos tremerem, verificando diversas vezes a localização que enviei para ela, somente para garantir que não mandei errado. Sinto a minha barriga doer pela ansiedade, me repreendendo mentalmente. Por que eu tive que herdar isso, hein?
Quando vi o carro dela estacionado ali, meu coração disparou. Gabi estava ao volante, e quando nossos olhares se encontraram, ela me deu um sorriso que fez meu estômago revirar. Era aquele sorriso, sempre aquele sorriso, que me desarmava completamente.
Abri a porta do carro e entrei, sentindo aquele cheiro que era tão característico dela, uma mistura suave de perfume e algo que eu só conseguia associar à Gabi.
Gabi: Bom dia, Nala, — ela disse, com a voz levemente rouca da manhã.
— Bom dia, Gabi, — respondi, tentando soar casual, mas falhando miseravelmente.
Minha voz saiu mais baixa do que eu esperava.Ela esticou a mão para pegar o cinto de segurança do meu lado, e naquele instante, o tempo pareceu parar. A proximidade dela me deixou tensa, e o calor de sua pele tão perto da minha foi como uma corrente elétrica atravessando meu corpo. Gabi se inclinou um pouco mais para prender o cinto, e eu senti sua respiração contra o meu pescoço. Meus músculos se enrijeceram involuntariamente, e eu percebi que estava prendendo a respiração.
Gabi: Desculpa, é meio difícil de alcançar daqui, — ela murmurou, quase como se estivesse falando para si mesma, mas a voz dela soou tão próxima que fez minha pele se arrepiar.
Quando finalmente conseguiu encaixar o cinto, ela fez uma pausa, ainda inclinada sobre mim. Eu podia sentir o calor de seu corpo irradiando para o meu, e aquele momento se estendeu por mais tempo do que deveria. Nossos olhos se encontraram por uma fração de segundo, e havia algo diferente no olhar dela. Era um misto de curiosidade e algo mais profundo, algo que eu não conseguia definir, mas que fez meu coração acelerar ainda mais.
Gabi se afastou devagar, ainda com aquele sorriso no rosto, como se estivesse testando as águas, esperando para ver como eu reagiria. Eu, por outro lado, estava perdida entre tentar entender o que tinha acabado de acontecer e o desejo de que aquilo se repetisse.
Ela deu partida no carro, e nós seguimos em silêncio por alguns minutos, mas o ar estava carregado de uma tensão palpável. Eu tentava organizar meus pensamentos, mas tudo que conseguia pensar era no jeito como ela tinha me tocado, na sensação de estar tão próxima dela. E enquanto o carro deslizava pelas ruas ainda tranquilas daquela manhã, eu sabia que algo tinha mudado entre nós, mesmo que ainda não estivesse claro o que era.
O café da manhã estava marcado para um lugar que eu nunca tinha ido antes, mas que Gabi conhecia bem. Era um café discreto, meio escondido numa rua arborizada, com mesas ao ar livre cercadas por plantas, que criavam uma sensação de aconchego. Eu ainda estava tentando me recuperar da tensão que tinha sentido no carro, mas algo no jeito casual e tranquilo de Gabi me acalmava.
Sentamos em uma das mesas externas, e eu observei enquanto ela se inclinava para pegar o cardápio. Era difícil não notar o quanto Gabi parecia à vontade ali, como se aquele lugar fosse uma extensão dela mesma. Ela se movia com uma confiança que sempre me impressionava, mas também com uma suavidade que a tornava incrivelmente cativante.
Gabi: Você vai adorar o que eles têm aqui, — disse ela, sem tirar os olhos do cardápio. — Tudo é feito com ingredientes frescos, e o pão de queijo deles é o melhor que já comi.
Eu sorri, meio tímida, enquanto folheava o cardápio. A verdade é que, desde que cheguei, estava mais focada em tentar entender o que estava acontecendo entre nós do que no que iria comer. Mas a maneira como Gabi falava, com tanto entusiasmo, me fez relaxar um pouco.
— Eu confio no seu gosto, — murmurei, tentando não parecer tão afetada pela presença dela.
Gabi olhou para mim por um instante, com aquele olhar penetrante que sempre parecia ver mais do que eu queria mostrar.
Gabi: Você parece diferente hoje, Nala, — disse ela, e minha respiração vacilou por um segundo. — Confesso que não acreditava que você pudesse ficar ainda mais bonita do que estava ontem, porque a sua beleza é realmente encantadora, mas hoje, você verdadeiramente está a personificação de todas as deusas de todas as mitologias.
O elogio me pegou de surpresa, e eu senti minhas bochechas esquentarem. Eu não sabia como responder, então apenas olhei para o meu prato vazio, tentando esconder o sorriso que se formava em meus lábios.
— Obrigada, — sussurrei, finalmente levantando os olhos para encontrar os dela. Ela ainda estava me observando, e havia algo em seu olhar que fez meu coração disparar de novo.
Gabi: Nala, eu estou falando sério, — continuou com a sua voz mais suave agora. — Você é linda de uma maneira que às vezes me deixa sem palavras. Não sei se você percebe isso, mas há algo em você que me fascina.
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Inefável
FanficInefável: Algo tão extraordinário e profundo que não pode ser expresso em palavras. Gabriela, uma estrela em ascensão da seleção feminina de vôlei, sempre levou uma vida disciplinada e voltada para o esporte. Sua paixão pela quadra e seu comprometim...