XIX

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Jorge tinha saído daquele quarto com raiva e ainda excitado.  A sua esposa queria consumar o casamento e aquele maldito aparecia bem na hora.

Quando ele saiu de casa presenciou Matteo gritando em cima do seu cavalo. Ele viu seu pai tentando falar com Matteo, instruindo-o a ir embora e curar seu porre em outro lugar. Ele olhou as empregadas: Dolores olhava Matteo como se o ameaçasse; Vitória e Adelina estavam assustadas; Sofia olhava a cena inalterada. Outros empregados presenciavam a cena calados à espera de ordens dos senhores.

- SAIA JÁ DA MINHA CASA, SEU FILHO DE UMA PUTA. - gritou, alterado.

Matteo desceu do cavalo e apesar da confusão que estava promovendo, falou para só ele ouvir:

- Você que é o filho de uma puttana. Você me tomou a mulher que eu amo. Eu realmente a amo e você só quer as terras dela.

- Seu italiano de merda.

Então deferiu-lhe um soco e os murros, tapas e empurrões se seguiram. E nesse momento Angélica apareceu.

- JORGE? -ela chamou por ele, mas Jorge nem sequer ouviu. - MATTEO? - o mesmo aconteceu com o amigo.  - PAREM COM ISSO.

- É melhor se afastar, filha. - instruiu o sogro.

Angélica continuou gritando pelos dois, mas era em vão. Até que Jorge deferiu um murro em Matteo que o fez cair no chão. Jorge não se deu por satisfeito, pulou em cima dele e ficou lhe deferindo golpes. Angélica se aproximou e puxou Jorge pela roupa.

- Pare pelo amor de Deus!

- ESSE PÁREA MERECE MUITO MAIS. - gritou ele.

- Pare. - ela disse com autoridade. Jorge parou, mas olhou para ela com indignação.

- Angélica? - Matteo a chamou. A voz estava enrolada. - Me perdoe? Por favor! - ele começou a chorar e ela se agachou perto dele. - Eu a amo.

- Cale-se, Matteo. Você está bêbado. - ela olhou para o marido incomodada. Envergonhada pelas palavras de Matteo.

- Ele não ama você. Ele é um interesseiro. - ele continuou.

- Eu vou fazer você engolir essas palavras, seu bastardo. - e avançou em Matteo, mas foi impedido pela mulher.

- Pelo amor de Deus, ele está bebado. - disse contendo-o.

- Você o está defendendo? - perguntou, furioso.

- Eu não o estou defendendo. Só quero que você tenha noção da situação. Ele está bêbado. Não está em sã consciência.

- EU VOU ACABAR COM VOCÊ, JORGE MONFORTE. - gritou.

- Cale-se, Matteo. - falou com autoridade.

Jorge queria esbravejar, mas se conteve. Angélica levantou a vista para um dos empregados que lembrava o nome e falou:

- José, por favor, me ajude. Pegue uma carroça para levá-lo até a fazenda Fernandes Lima.

Ela percebeu que José olhou por cima dela, possivelmente para Jorge como se estivesse pedindo um consentimento e esperou. Angélica não viu, mas Jorge assentiu.

Era uma vez... A viúva virgemOnde histórias criam vida. Descubra agora