XL

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Jorge estava deitado de lado, observando Angélica enquanto ela dormia. Seu rosto era suave à luz da lua que entrava pela janela, livre da preocupação e do medo que o tinha marcado desde que ele soube que alguém a queria machucar. Uma leve batida na porta o tirou de seus pensamentos. Ao mandar entrar, constatou que era seu pai.

- Como ela está, filho? - perguntou quando Jorge se aproximou do pai.

- Está bem. Graças a Deus. - ele olhou para a esposa e deu um grande suspiro. - Eu a amo muito, meu pai, mas só tive dimensão do meu amor por ela quando a vi desfalecer depois do nascimento do nosso filho.

Francisco se aproximou do bercinho onde dormia seu neto.

- Seu filho é parecido com você quando nasceu.

- Ele é lindo como a mãe. - disse com o olhar apaixonara seu filho.

Francisco sorriu.

- Ele lhe dará tanta alegria quanto você me deu. - Jorge olhou para o pai e sorriu.

- Obrigado por tudo, meu pai. Pelo apoio que me deu quando Joana se foi. Por ter me feito ir para o sarau onde encontrei a minha mulher. Angélica é a minha vida.

- Você também é a dela.

Jorge ficou sério.

- Meu pai, eu tenho que lhe contar algo e preciso da sua ajuda.

Então Jorge contou ao pai tudo sobre o que Augusto havia lhe dito e o plano para descobrir quem foi a mulher que propusera desaparecer com a sua criança.

A luz da manhã começou a se infiltrar pelas cortinas e Jorge observou sua mulher sob o brilho natural. Ela era quase linda demais para ser acreditada. Como se ela tivesse sido conjurada para ser seu anjo. Uma anjo para acalmá-lo. Um anjo para ser a sua própria vida.

Ele se inclinou para beijar sua garganta, respirando a doçura de sua pele e cabelo. Seus olhos se abriram e quando ela o viu inclinando-se sobre ela, ela estendeu a mão para ele.

- Bom dia. - ela murmurou, puxando-o para um beijo sonolento.

Ela estava linda, é claro. O rosa pálido de sua roupa de dormir realçava a beleza translúcida de sua pele e fazia com que as mechas escuras de seu cabelo brilhassem um pouco mais.

Angélica ainda estava muito fraca mediante o esforço do parto. Havia tido complicações e perdido muito sangue. Quando Mateus deu o chorinho característico de bebê, ela sorriu olhando na direção do berço. Jorge se levantou e pegou o menino. O coração de Angélica inundou de emoção ao ver o marido com o filho deles nos braços. Jorge sorria e conversava com o o bebê como se o menino entendesse e para surpresa dos pais, Mateus acalmou-se, mas notava-se que estava irritado e com fome.

- Você quer a sua mamãe, filho? - falou com a voz suave. - Claro que quer, não é? Você já está apaixonado pela mamãe, não é mesmo? - Angélica sorriu e Jorge a olhou. - Eu me apaixono por ela toda vez que a vejo. - Mateus resmungou e Jorge sentou na cama com o filho nos braços.

- Você fica ainda mais lindo com nosso filho nos braços. E eu já posso ver que você será um pai maravilhoso.

Mateus voltou a fazer sons de desagrado.

Era uma vez... A viúva virgemOnde histórias criam vida. Descubra agora