XXXIX

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- Eu nunca pude te dar um filho. Eu quis tanto. - ela falou num tom saudoso. - Você a ama porque ela te deu um filho, Jorge?

- Não. - ele respondeu prontamente.

- Mas você sempre quis um herdeiro.

- Eu a amaria com filho ou sem. Eu a amo pelo que ela é. Pelo que ela me faz ser. Angélica é tudo na minha vida. Ela é a minha vida. Ela é tudo. - falou com profundidade. - Ela é meu tudo. É meu mundo inteiro.

- Você não me amou assim. - ela falou num tom de ressentimento.

- Me desculpe, Joana. - ele falou verdadeiramente. - Mas eu também te amei.

- Não como a ama. - ele não podia desmentir aquilo. Era verdade.

Então Joana sorriu.

- Eu fui feliz. Você me fez muito feliz. - ele sorriu também. - Você foi feliz comigo, Jorge?

- Muito. - ele respondeu de pronto.

- Teríamos sido felizes se não tivessem nos separado. - ele franziu o cenho, não entendia aquilo. - Eu teria te dado o herdeiro que você sempre quis.

- Você me deu seu amor, Joana. Isso é o bem mais precioso que alguém pode dar a outra pessoa.

Ela deu um sorriso.

- Você continua linda. - ela o olhou com ar de riso.

- Eu estou do mesmo jeito que você se lembra. Eu estou igual nas suas memórias. Mas já faz um bom tempo que você não pensa em mim. Mas isso é bom. Você tem um novo amor. - ela deu um sorriso mais amplo. - Um amor ainda mais forte do que você sentiu por mim.

- Sinto muito.

- Não diga isso. Sei que não é sincero. - ela brincou e os dois riram. - Isso é bom, Jorge. Sei o quanto você sofreu por mim. Mas olhe pra você. - ela mudou de assunto. - Você não é o mesmo. Seu olhar brilha mais desde que você conheceu o seu anjo. - ela falou como ele chamava Angélica. - Seu sorriso é tão mais feliz. Apesar que você envelheceu .- disse com ar de riso e os dois riram novamente. - E você vai envelhecer ainda mais com o passar dos anos, pois você vai morrer velhinho. Pare de pedir para morrer, Jorge. - disse a última frase com irritação.

De repente Joana estava com o seu filho nos braços.

- Você verá o seu filho crescer. Você o ensinará o caminho do bem. Você o protegerá. - ela sorriu. - Olhe como ele é lindo. - disse olhando para o bebê. - Parece com você. Ele é tão pequenino, mas se tornará um homem forte e caloroso. - então olhou para Jorge. - Como o pai. Você será um pai extraordinário.

Jorge deu um sorriso triste.

- Eu não serei se o meu anjo não estiver conosco.

Joana sorriu.

- Esse bebê é uma dádiva do céus, Jorge. Um presente de Deus pra vocês.

Então ele acordou. Nunca tinha sonhado com Joana. Nunca. Seu coração estava acelerado e ele respirava com dificuldade.

- Você parece assustado. - ele ouviu a voz da mulher. Será que ainda estava sonhando?

Lentamente olhou para o lado e viu Angélica com o filho deles nos braços. Ela o estava amamentando. Era a cena mais linda e preciosa que ele já havia visto na vida. Então sorriu e abraçando-a, chorou.

Aliviado e com um intenso júbilo que o desnorteava, Jorge beijava a esposa e o filho deles.

- Eu te amo tanto, anjo - e beijava mais. - Amo tanto vocês. - beijou o bebê. - Obrigado, Deus. - disse olhando para o alto.

- Fale baixo. - ela o repreendeu. - Você vai assustar nosso filho.

Ele sorriu mais. Ela acordara. Ela estava ali com eles. Embalando o filho deles nos braços. Alimentando-o. Cuidando-o.

- Ele parece com você. - ela disse com um meio sorriso. - Eu sabia que ele se pareceria com você.

- Mas ele tem os seus olhos. - ele afirmou com convicção e ela sorriu para o marido.

Então o bebê abriu os olhinhos e encarou a mãe como se pra mostrar a ela que o pai estava certo.

- Olhe como nosso filho a olha. - disse enquanto os dois estava hipnotizados pelo bebê deles. - Já está como o pai. - ela encarou o marido sem entender. - Completamente apaixonado por você.

- E eu por ele. Ele é tão lindo. O bebê mais lindo do mundo, não é?

- Bem, eu não conheço todos os bebês do mundo. - brincou e ela deu um tapinha no braço. - Mas com certeza é o mais sortudo, pois tem a melhor mãe do mundo.

- Você diz isso porque me ama.

- Digo isso porque é verdade.

- Eu peço a Deus que eu consiga ser mesmo uma boa mãe.

- Você já é, meu amor. Você acordou por ele.

- Foi um parto difícil, não foi? - ele assentiu. - Mas valeu a pena só em vem esse rostinho lindo e precioso. - deu um beijinho no- cabeça do filho

- Que nome faremos a ele? - Jorge indagou.

- Gostaria de colocar Mateus. Você gosta?

- É um lindo nome. - ela sorriu.

- Significa dádiva dos céus. Nosso filho. Nosso Mateus . Um presente de Deus pra nós, meu amor.

Então ele lembrou das palavras de Joana no sonho: "Esse bebê é uma dádiva do céus, Jorge. Um presente de Deus pra vocês."

- Sim, meu amor. Nosso filho é uma dádiva dos céus. Um presente de Deus para nós. - então beijou a têmpora da esposa, depois beijou a cabeça do filho e, em silêncio, agradeceu a Deus por aquele presente maravilhoso e divino: a sua família. - Preciso avisar a todos que você acordou e está bem. - ela assentiu sem tirar os olhos do filho.

Então, em grande júbilo, Jorge foi até a porta e gritou as boas novas para que todos pudessem escutar. Como era de se esperar, sua sogra, seu pai, Dolores, Isabel, Rosana, seus cunhados, até os sobrinhos correram até o quarto, vindos da sala, comemorar as nós novas.

Apesar da grande felicidade que se instaurara devido ao milagre que arrancara sua esposa da morte, Jorge sabia que um assunto estava pendente: descobrir a pessoa que queria fazer mal ao seu bem mais precioso.

Era uma vez... A viúva virgemOnde histórias criam vida. Descubra agora