CAPÍTULO 13 - KILLIAN

33 9 4
                                    

Quando ergo meu olhar, ele se torna fixo e petrificado da mesma forma que o de Alex. A cena que se passa na nossa frente é algo que nunca pensei que veria. Estou chocado, completamente chocado. Acho que devo ter deixado a boca aberta, porque sinto a baba escorrendo. Merda.

Entendo como momentos inesperados podem nos surpreender. Às vezes, a vida nos reserva surpresas que parecem impossíveis e inimagináveis. Seja o que for, nada havia me preparado para ver a Vaga-lume trazer um cara em nossa direção, agarrando-o pela nuca. Ela tem total poder da situação. O sujeito mal consegue andar, de tanto que ela força sua cabeça para baixo.

- Meu Deus, ela parece uma Deusa Grega. Gata pra caralho. Como não percebi isso na primeira vez?

Quando meus ouvidos captam as palavras ditas por Alexandro, sinto uma fúria surgindo.

Não quero que ninguém a elogie.

Ninguém além de mim.

Por isso, atinjo meu cotovelo nas costelas do meu primo, na intenção dele aprender quando deve ficar de boca fechada. E agora é um desses momentos.

Ele tosse, se curvando para frente com a mão na costela, resmungando de dor.

- Nunca mais repita isso novamente - espero que ele tenha entendido a ameaça.

- Ciumento - diz, no final do ataque de tosse.

Não tenho tempo para responder, uma vez que Racing chega perto de nós jogando o cara para a frente, fazendo-o tropeçar nos próprios pés e cair.

- Esse é o seu cara – sua respiração está ofegante.

- Meu cara? – Continuo processando o que está acontecendo.

- O que jogou as pedras no seu carro – assim que sua voz se encerra, ela vem para cima de mim e pega a long neck que estava parada em minha mão e bebe um longo gole.

Ufa. Já estava achando que ela ia me bater outra vez, mesmo que sem motivos, como sempre.

Ela me entrega a garrafa após a ter secado.

Permaneço encarando-a ainda perplexo, meu foco está totalmente nela.

Balanço o objeto para ver se sobrou alguma gota da bebida, mas a desgraçada tomou tudo.

- Boa, né? – Falo, em relação à cerveja, já que ela não perguntou se podia tomar.

Ela assente.

- Só estava um pouco quente. Você não devia ter deixado chegar nesse estado – ótimo, agora a culpa é minha.

Por um momento quase esqueci do cara atirado no chão, que está segurando o pescoço dolorido. Fecho a cara e retomo ao assunto que é importante.

- Como você sabe que foi ele? – Aponto para o cara que, agora, está sendo segurado por Alex para não escapar.

- Não foi difícil descobrir – é a única resposta que recebo.

- Como tem tanta certeza de que é ele? – Intensifico a pergunta.

Racing percebe meu tom de voz e se aproxima de mim.

- Um homem não faz o que uma mulher é capaz de fazer – ergo uma sobrancelha, espantado com sua audácia. Não preciso nem olhar para Alex para saber que ele está rindo do meu ego destruído. Tudo bem, ponto para a Racing.

Meu amigo dá tanta risada que por pouco não cai no chão, levando o sujeito junto.

A cena chama a atenção de Ellery, que encara Alex com muita curiosidade no olhar.

Asas da FortalezaOnde histórias criam vida. Descubra agora