Logo após sair da academia, voltei para casa para comer e me arrumar para a noite. A casa estava vazia, uma vez que, minha mãe saiu com algumas amigas do clube do livro. Fiquei bem surpreso quando ela me contou sobre o clube, embora eu soubesse que ela gostava de ler, nunca imaginei que chegaria ao ponto de ela participar de um clube do livro.
Espero sinceramente que o clube não seja apenas uma fachada para algo mais.
Quando se trata de dona Márcia, tudo é possível e o céu é o limite.
Um bando de mulheres solteiras, se reunindo para beber e ler putaria, o que poderia dar errado? Resposta: muita coisa.
E sim, sei que dona Márcia lê pornografia, por que ela compra todos os livros que o grupo vai discutir. Seu quarto está tão cheio, que ela teve que empilhar um livro em cima do outro para caber tudo.
Um dia eu fui buscar algo que ela me pediu em seu quarto e minha curiosidade falou mais alto e fui dar uma olhada no livro que estava em cima da escrivaninha. Péssima ideia. A primeira coisa que vi na capa foi o +18 destacado e depois o título "50 Tons de Cinza". Acho que paralisei por um minuto inteiro antes de começar a gritar seu nome e pedir uma explicação. E pelo fato de dona Marcia ter um gênio difícil, é óbvio que ela mandou eu ir me catar e parar de bisbilhotar em seu quarto e principalmente em seus preciosos livros, além de mandar eu crescer e ser maduro, até porque ela não me fez com o dedo. Depois dessa, nunca mais questionei seu gosto peculiar por certos livros.
Velha safada.
Fiquei chocado ao ver que minha mãe estava lendo aquilo. Eu sei que para ter dois filhos ela teve que transar, mas não consigo imaginar a minha mãe fazendo sexo. Gosto de pensar que ela é como a Virgem Maria e que eu e meu irmão somos seus milagres.
Dona Márcia é uma jovem idosa do século XXI.
Teve uma vez que recebi uma ligação da minha mãe, pedindo que eu a buscasse. Quando cheguei ao local indicado, a encontrei sentada na calçada, cercada por três amigas. Todas estavam visivelmente embriagadas e chorando. O motivo? A morte de um personagem fictício do livro que haviam lido. Elas lamentavam a perda desse homem imaginário e choravam por todas as oportunidades que ele não teve na vida.
Confesso que não entendi o drama todo. Afinal, como alguém pode sofrer tanto por um personagem que nem sequer existe? Tentei explicar que o personagem era fictício, mas a tarefa levou a noite toda. E, para minha surpresa, depois que elas compreenderam, a situação pareceu piorar. Elas haviam criado laços emocionais tão fortes com ele que o luto continuou.
Em resumo, minha noite foi gasta comprando chocolates, potes de sorvete e lenços para consolar essas leitoras tristes. Aparentemente, a ficção pode mexer profundamente com nossos sentimentos, mesmo quando sabemos que não é real.
Enfim, me arrumo mais rápido do que o normal para poder chegar antes em Speed Hill, porque Alex prefere ser um dos primeiros a correr para depois poder aproveitar o resto da noite, tanto assistindo as outras corridas quanto para curtir a festa e poder ficar bêbado sem ter que se preocupar em correr depois e bater o carro.
Como a noite está quente, resolvi colocar uma calça jeans e uma camiseta de manga curta preta e, para combinar, meu tênis da Nike. Peguei a chave do meu Camaro e já saí de casa, pronto para o que a noite reservava.
Assim que cheguei ao local, busquei uma vaga para estacionar meu carro. E sem demora fui procurar o Azedinho.
Meu primo azedinho estava lá, como esperado, ao lado de uma garota que parecia tão fascinada quanto ele pelas máquinas e pela competição que se desenrolava à nossa frente. Os competidores, um após o outro, lançavam-se na pista, cada um tentando provar que era o mais rápido, o mais ousado. E enquanto os motores rugiam, a multidão se preparava para a loucura que seguiria.
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Asas da Fortaleza
RomanceSó porque você mora em uma casa grande e tem uma família rica, não significa que tudo seja perfeito, às vezes aquilo que você mais deseja talvez esteja a milhares de quilômetros de distância e o que mais teme, convive com você. Mas e se o seu maior...