CAPÍTULO 20 - ELLERY

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Antes que Killian pense em proferir palavra se quer, lhe interrompo e digo:

- Calado.        

- Eu não ia falar nada – me olha indignado.

- Talvez não, mas pensando você estava – afirmo. – Pensar é pior que falar.

- Não é não - rebate.

Killian demonstra estar confuso, mas, ao mesmo tempo, entende exatamente o que eu quis dizer e sabe que eu estou certa.

- É, sim, e sabe por quê? Porque significa que você é covarde o suficiente para não falar o que está pensando.

- Foi você quem mandou eu não perguntar nada – vocifera.

- Quer dizer que agora eu mando e você obedece?

- Eu não obedeço você, Vaga-lume. Já tivemos essa conversa antes.

E é lógico que eu me lembro dela, como poderia me esquecer do primeiro momento que Garcia me deixou excitada?

Apesar disso, não vou deixá-lo sair por cima.

- Me empresta seu celular - peço estendendo a mão para pegar o aparelho. Sem pensar, ele me dá o celular e guardo em meu bolso traseiro.

Ele me olha confuso, mesmo assim, não deixa de fazer o que eu peço.

- Agora me dê sua mão - ele entrelaça seus dedos nos meus. Poderia só ter segurado minha mão, mas tudo bem. - Bom cachorrinho – falo sorrindo dando alguns tapinhas em sua cabeça, simbolizando o bom comportamento.

Quando ele percebe que fez tudo o que pedi, solta a minha mão rapidamente e se afasta de mim, fechando a cara, enquanto eu dou risada.

- Isso não tem graça, Vaga-lume.

- Tem sim.

- Eu fiz essas coisas porque quis, tá legal.

- Vou fingir que acredito em você.

Tiro seu celular do meu bolso para devolvê-lo, mas antes aproveito para ver o horário.

- Cacete, já são 1h30min.

- O tempo passou rápido - concordo com a cabeça.

- Bom, eu vou ir comer alguma coisa. Tchau. – comento indo para o estacionamento.

- Deixa que eu te levo - Killian oferece, aparecendo ao meu lado. 

- Não precisa, estou de carona com o Nate.

- Acho que ele já foi embora, Vaga-lume.

- O quê? - Digo, enquanto procuro o carro de Nate, mas não o vejo em lugar nenhum.

- Sinto muito, Vaga-lume, mas ele não está mais aqui.

- Não acredito que ele me deixou aqui sozinha.

- Ele não te deixou sozinha.

- Como não?

- Te deixou comigo - paro por um minuto, compreendendo o que o Sr. Biscate fez.

- Desgraçado - sussurro, mas acredito que Killian ouviu, porque escuto uma risada fraca, vindo de trás de mim.

- Vem, Vaga-lume. Vou te levar para comer.

- Quem disse que eu vou com você? - Cruzo os braços.

- Para de ser teimosa, Vaga-lume. É só um lanche – insiste.

- Um lanche como amigos?

Vejo-o revirar os olhos.

- Se te faz dormir bem à noite, então, sim, é só um lanche entre amigos.

Asas da FortalezaOnde histórias criam vida. Descubra agora