CAPÍTULO 17 - KILLIAN

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Pergunta importante. 

Existe como paralisar os olhos?

Acho que devo ter paralisado os meus há uns dez minutos atrás.

Eles já estão secos e doendo. Mas também, não consigo piscar.

Não é possível.

Não estou acreditando no que meus olhos viram pela última vez.

Ela está me dispensando?

Porra.

Mas que caralho.

Do nada isso?

Olha o TDI atacando.

Como ela pôde cancelar o nosso encontro?

Não sei por que ela acha que tudo isso foi um erro, mas eu garanto que não foi.

As coisas mal começaram e ela já quer parar? Tem alguma coisa errada.

Nosso momento no meu carro foi extraordinário, nunca tinha sentido aquilo antes.

Isso não vai terminar assim. Não pode terminar.

Não vou deixar.

Isso me deixou tão irritado que nem percebi que o Alex entrou na minha casa sem eu ver e agora está sentado em uma cadeira, comendo o meu salgadinho e me olhando fixamente, como se eu fosse um ET.

Desparalizo os olhos.

- Porra, cara. Como você entrou aqui?

- Sua mãe fez a gentileza de abrir a porta, já que você nem ouviu a campainha tocar.

- Foi mal, ai. É que eu estava prestando atenção em outra coisa.

- Percebi. Então o que te deixou tão perdido assim?

Simplesmente mostro a tela do celular para meu primo. Ele arqueia as sobrancelhas enquanto lê as mensagens. 

- Nossa, quem diria que Killian Garcia iria levar um fora da única garota por quem está de quatro? - Comenta, soltando um risinho de lado. Reviro os olhos.

- Obrigado pela parte que me toca, idiota.

- Você realmente ficou chateado por ela ter cancelado o encontro - isso não foi uma pergunta. Ele sabe como estou me sentindo.

- Sim, mas isso não vai ficar assim – declaro.

- O que você quer dizer com isso?

- Ela não vai escapar tão fácil.

- E o que pretende fazer?

- Eu ainda não sei.

- Então, enquanto você pensa, porque não vamos para a academia treinar um pouco? Você está precisando relaxar, está todo tenso.

- Acho que você tem razão.

- Uau, essa é a primeira vez que você diz isso. Essa garota está mexendo mesmo contigo.

- Você não faz ideia. 

***

O saco de pancadas praticamente voa sobre o chão, conforme eu bato meu punho contra ele. Descarrego todas as energias negativas que estou sentindo. Meu corpo dói, cansado por todo esforço, minhas mãos suam dentro da luva de boxe, mas não posso parar, ainda não.

O suor escorre pela minha testa, enquanto me concentro no saco de boxe pendurado na minha frente. Ajusto as luvas, respiro fundo e começo uma nova série de exercícios. Com movimentos ágeis e precisos, desfiro uma combinação de jabs e diretos, cada golpe ecoando pelo espaço da academia. O saco balança com o impacto, mas não perco o ritmo. Danço ao redor do saco, meus pés deslizam pelo chão como se estivesse em um ringue de verdade. A cada golpe, exalo força e determinação, aperfeiçoando a técnica e liberando a tensão do dia. É uma dança de poder e graça, eu e o saco de boxe somos os únicos participantes.

Asas da FortalezaOnde histórias criam vida. Descubra agora