Sinto mamãe me agarrar pelos braços e nos levar para trás de uma planta gigante.
Ficamos escondidas, seu corpo cobrindo o meu.
Os seguranças fazem uma barreira ao nosso redor.
Lágrimas escorrem pelo meu rosto.
O barulho dos tiros domina o lugar, transformando os gritos das pessoas em meros sussurros.
Escuto mamãe falar “shiu, shiu, minha princesa, não precisa ter medo, já vai passar”.
Ela quer que eu não tenha medo, mas isso se tornou impossível, assim que olhei por uma fresta entre seu braço e vi aquilo que nunca pensei que um dia veria.
Há uma pessoa morta.
Com um buraco de bala na cabeça.
Fecho os olhos com toda a minha força e tapo meus ouvidos. Tento imaginar que é só um pesadelo, um terrível pesadelo.
Mas não é.
É tudo muito real. Real até demais.
- Nos siga, Dona Helena - é o que um segurança diz, pelos menos é o que eu acho. Com toda a barulheira, fica difícil entender.
Abro os olhos quando mamãe me pega no colo e começa a correr para virar à esquerda em um corredor. Assim, que ela faz a curva, para bruscamente e ficamos assistindo o segurança em nossa frente cair no chão.
Engulo em seco, quando vejo um cara armado.
Ele está apontando a arma para nós.
Bem em nossa direção.
Um atirador.
Que está mascarado, todos estão.
Outro guarda tenta atacá-lo para que possamos fugir, mas não tem para onde correr.
Os corredores estão repletos de pessoas caídas e vidros no chão.
As lojas estão destruídas.
- Não olhe, Ellery - mamãe fala, tentando esconder meu rosto em seu pescoço.
Agora entendi o porquê.
Essas pessoas não estão caídas no chão.
Estão mortas.
Foram baleadas.
Os tiradores mexem em seus pertences, estão roubando-os.
Gritos e mais gritos.
Minha visão está embaçada por conta das lágrimas.
Não vejo quando sou atirada contra o piso.
Tudo aconteceu tão rápido.
Tento levantar, mas uma dor percorre meu braço esquerdo. Devo ter caído em cima dele.
Choro mais.
Cadê minha mãe?
- Manheee - o soluço toma conta de mim.
Por que isso está acontecendo?
Olho para todos os lados em busca de mamãe, enquanto engatinho pelo piso.
A cena ao meu redor é horrível. O número de mortes aumenta a cada instante.
Encontro mamãe nos braços de um homem, um homem não, um dos atiradores. Ele a segura pelos cabelos, minha mãe grita em resposta. Em advertência, ele a agarra com mais força e começa a mexer em seus bolsos, enquanto ela tenta se soltar. Quando ele não encontra nada, a empurra com certa força e ela despenca para o chão.
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Asas da Fortaleza
RomanceSó porque você mora em uma casa grande e tem uma família rica, não significa que tudo seja perfeito, às vezes aquilo que você mais deseja talvez esteja a milhares de quilômetros de distância e o que mais teme, convive com você. Mas e se o seu maior...