CAPÍTULO 5 - FLASH BACK - PARTE 1 - ELLERY - 6 ANOS

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Hoje na escola a professora nos perguntou o que gostaríamos de ser quando crescermos, eu respondi que queria ser uma princesa. Adoro elas, sempre usando seus vestidos lindos e coroas elegantes, impossível não gostar, elas são fortes, corajosas, inteligentes e muito bonitas.

Às vezes imagino que moro em um grande castelo e meus pais são os governantes do reino. Meu quarto seria enorme, o guarda-roupa teria vários vestidos, a cama seria gigante para poder pular a vontade, haveria diversos brinquedos e bichinhos de pelúcia para me divertir. Eu teria muitos amigos, faríamos festas do pijama, guerra de travesseiro e comeríamos inúmeros doces. Na aldeia do castelo viveriam centenas de animais fofinhos. Seria o lugar mais mágico, alegre e divertido do mundo inteiro.

Uma pena que esse universo só existe nos meus sonhos.

Assim que Domenico, o motorista da família, me buscou na escola, contei como foi meu dia para ele. Gosto muito de sua companhia. Quando eu era mais pequenininha o chamava de tio Dom, mas mesmo não sendo um segredo, papai acabou descobrindo e não aprovou o apelido carinhoso que escolhi para Domenico. Naquele dia ele segurou meus braços em um forte aperto e balançou meu corpo com força e disse para mim nunca mais chamá-lo assim, chorei muito a noite. Foi a primeira vez que ele gritou comigo.

Minha mãe falou para eu não me preocupar porque papai só estava estressado. Ela conseguiu me distrair dos meus pensamentos fazendo cosquinha em mim e dizendo que me amava muito. Finalmente abri um sorriso.

- Também amo muito você, mamãe – digo abraçando ela.

- Continue sorrindo meu amor, seu sorriso ilumina os meus dias, deixa meu coração mais quentinho por saber que você é feliz – ela me abraça mais apertado ainda, estou quase sem oxigênio, mas não ligo, não quero sair desse abraço tão cedo. Suas mãos fazem um carinho delicioso em meus cabelos, dá até vontade de dormir.

- Adoro que você tenha puxado de mim a cor de seus cabelos, loiro combina maravilhosamente bem com você, meu amor – concordo com ela. – Seu cabelo brilha como o sol, é a estrela mais luminosa que eu já vi.

Mamãe gosta de me distrair quando o assunto é meu pai, por isso, nesses momentos, ela sempre encontra algo para me elogiar, adoro quando ela faz isso, porque mesmo sendo com outras intenções, sei que as palavras ditas são genuínas.

- Não leve tão a sério os comentários do seu pai filha, ele também te ama muito.
Assinto, dando um beijo em sua bochecha.

- Você é a minha princesinha. Te amo demais, nunca se esqueça disso.

Amo quando ela me chama assim. Serei para sempre sua princesinha.

Teve um dia que eu perguntei ao meu pai se eu era a princesinha dele. Ele mal olhou para mim, apenas se levantou da cadeira e saiu da sala, não gostei da sua reação. Mamãe me disse que ele reagiu assim porque estava cheio de problemas que precisava resolver. Fiquei chateada, mas tentei entender. Sempre tento entender o papai, porém não consigo.

A cada instante em que pergunto algo ao meu pai sou ignorada. Não gosto disso. Papai nunca fica feliz com o que eu faço, ele sempre dá um jeito de me repreender. Nunca sei o porquê.

- Lembra o que eu sempre digo a você? – Mamãe me pergunta enquanto estamos no jardim plantando algumas flores.

- Que sou sua filha preferida – digo em um tom fofo fazendo-a rir.

- Isso também, mas não, é sobre outra coisa – tento lembrar o que seria, então mamãe me ajuda com uma dica.

- É uma frase que eu cresci ouvindo e você também – botei a mão na cabeça e pensei.

Asas da FortalezaOnde histórias criam vida. Descubra agora