Capítulo 4: Deveres de família

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"Querida, me pergunto se você tem ideia do quanto eu estou contando com sua vinda a Inglaterra, significa o mundo e deveras que meu corpo será todo seu, e nada importará além de nós ansiando amores finalmente reunidas..."
(Radclyffe Hall)

— Será que a carta já chegou até seu filho?* O velho conde Monteiro pergunta a sua esposa*

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— Será que a carta já chegou até seu filho?
* O velho conde Monteiro pergunta a sua esposa*.
— Nosso filho.
*Ela responde calmamente*.
— Pois bem, "nosso filho" é um fanfarrão mimado, que não se dá ao trabalho nem de nos escrever para nos atualizar sobre como estão os estudos dele.
— Meu marido, a universidade mandou um relatório a algumas semanas como o senhor pediu, ele foi muito bem, se dedicou de verdade e obteve um excelente resultado.
— Isso não me convence... Quero olhar naqueles olhinhos sonsos dele e ver se ele cresceu ou se ainda é um moleque!
— Charles... meu amor, eu não quero perde-lo, tenha paciência...
— Cale-se mulher, eu sei o que é melhor para o meu filho.

As paredes majestosas da mansão da familia Monteiro eram testemunhas de como a senhora Ágatha Monteiro já estava mais que acostumada com o temperamento terrível do marido, que sempre utilizava os pronomes "seu" e "meu" dependendo de seus nervos.
Se referir como "seu filho" ou "sua filha" significava que ele estava culpando ela pelos problemas das crianças, utilizar "meu filho" ou "minha filha" significava que ele iria resolver o problema da maneira dele.
Mesmo tendo uma vida de riqueza e muita abundancia, o velho conde não parecia amar nada, apenas se mostrava descontente com absolutamente tudo ao seu redor.
a Condessa sabia que o melhor a fazer era se retirar e se guardar de qualquer coisa desagradável que seu marido pudesse falar.

Ela se sai do escritório e sobe a grande escadaria que ficava no centro da sala da mansão, e vai em direção a sala de pintura, onde Ana estava completamente envolvida em seu próprio mundo, praticando sua arte.
Ela amava pintar e passava boa parte de seu tempo lá, entregue em seus próprios pensamentos que eram expressados em cores e formas caprichadas, que lhe eram companhia já que Daniel estava longe dela.
Ana tinha apenas 16 anos, e vivia ocupada com diversas aulas, de etiqueta, de piano, de dança e principalmente de pintura, seus tutores sempre a elogiaram por sua dedicação em obter um excelente desempenho em todas as suas atividades. Sua mãe pretendia fazer seu debute no ano seguinte, logo que Daniel estivesse casado, para assim lhe conseguir um marido e um lugar na alta sociedade.

A menina usava um lindo vestido azul claro com um avental próprio para pintura, estava com o cabelo preso em uma trança e parecia orgulhosa de sua nova criação.
— Atrapalho?
*Sua mãe pergunta docemente*.
— Jamais! eu já estava indo chama-la, veja mamãe, que beleza que ficou.
— Você é uma artista minha filha, ficou esplêndido.
*Sua mãe sorrir e a abraça*.
— Obrigada mamãe, meu sonho é expor meus quadros em uma galeria um dia, assim como os grandes pintores que vemos nos grandes museus.
— Se seu marido permitir, você fará isso.
— E se ele não permitir? Meus sonhos não valem?
— Filha, homens têm sonhos, mulheres têm maridos, essa é vida.
— Não é justo, nós somos seres humanos também, não somos propriedades.
— Mas é assim que vivemos filha, não diga essas coisas, venha se limpar, vamos já almoçar com seu pai e quero você impecável, ele não está em um dia bom.
— Por causa do Daniel não é?
— Seu irmão não escreveu para o seu pai nenhuma vez nesses cinco anos, seu pai está magoado filha.
— Não está... É apenas orgulho ferido, por não ter tido controle absoluto sobre meu irmão durante esse tempo.
— Nunca mais diga isso, se seu pai ouvir isso, ele pode te castigar e eu não poderei impedir. Cuidado com suas palavras meu bem.
— Eu sei...
— Ele não escreveu para você, escreveu?
— Não...
— Ana não minta para mim.
— Não estou ora, mamãe está estressada com o papai? E agora a culpa é minha por Daniel não querer compartilhar seus assuntos com o conde?
— Como eu disse, seu pai não está em um dia bom, vamos logo descer.
— A obediencia absoluta não acompanha a liberdade, estou errada?
— Você deveria parar de ler esses livros, sua cabeça fica cheia de pensamentos que não fazem bem para você, agora vá se arrumar.

Verdade, Honra e AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora