Capítulo 6: O porto Real de Londres

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"É verdade que tenho meu jovem rei que verdadeiramente me adora. Ele diz que mal consegue crer que realmente me possui..."
(Richard Wagner - sobre Luís II)

" (Richard Wagner - sobre Luís II)

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— Logo estaremos em casa...
Daniel dizia a si mesmo olhando para o horizonte, ele sentia em sua pele a força dos ventos e o cheiro do mar, estavam a poucos quilometros do porto real de Londres.
Ele estava sendo consumido por pensamentos que iam e vinham dentro de sua mente, todos voltados para Vienna, o que ele disse a ela, o que ela disse a ele, a imagem do buquê em suas mãos e de seu coração sendo despedaçado.
Já se conseguia avistar as pequenas porções de terra, o qual eram familiares e ao mesmo tempo, tão ultrajantes, Daniel não compreendia o porquê de seu coração se sentir tão vago, mesmo ele tendo seu coração partido por uma mulher, não deveria doer tanto.
Isso não era certo!
Ele sempre foi um garoto que superava rápido os infortúnios da vida, aquilo tinha que passar, e iria passar.
Daniel já planejava festas londrinas para ir, velhos amigos para apresentar a Pedro e novos amores que ele encontraria, sua vida voltaria a ser como era antes de sua ida à Paris, e tudo ficaria bem. Seria como se Vienna jamais tivesse existido, ele assim pensaria e assim agiria.
Era o que ele em seu coração planejava.

— Consegui pegar as últimas cartas de meu pai antes de estarmos abordo do navio, li algumas e ele está muito orgulhoso de mim pelo meu desempenho na universidade.
*Pedro diz alegremente*
— Seu pai não ficará bravo por você ter vindo comigo?
*Daniel o pergunta preocupado*
— Não mesmo, eu escrevi para ele depois da nossa conversa, avisei que estava vindo para Londres em busca de uma duquesa, ele deve está radiante! Quando chegarmos a sua casa, lerei o restante das cartas dele.
— Vocês são próximos, não?
— Somos muito, minha mãe o mudou entende? ele era muito rígido e bruto, mas depois de se apaixonar, se tornou feliz e muito brincalhão. Todos o chamavam de louco por ter casado com uma mulher negra, e ele sempre ignorou a todos na sociedade, ele diz que ser feliz é não ter que dar satisfações.
— Pedro, o que seu pai fez com os escravos da sua família?
— Libertou todos.
— É mesmo? E como vocês vivem?
— Papai tem uma grande fazenda no interior da França com milho, cana-de-acúcar e algodão, as populações que moram em suas terras vivem de trabalhar para ele, como trabalhadores remuderados, não escravos, homens negros livres e homens brancos pobres que trabalham com vassalagem para meu pai.
— O rei da França aprova?
— Como meu pai fornece muitos recursos financeiros para a manutenção da coroa francesa, o rei parece fingir não se importar, ainda mais com as grandes navegações ocorrendo.
— Seu pai investe dinheiro nessas explorações?
— Sim, ele é um entusiasta de primeira, suas explorações visam conquistar territórios e explorar riquezas, mas ele sabe que não alcançará seus objetivos em vida, por isso conta comigo para continuar seu legado.
— E você pretende viajar pelo mundo? não tem medo dos perigos desconhecidos?
— Eu tenho medo de não viver, passar os anos e eu não ver o mundo maravilhoso que existe ao nosso redor, eu quero muito ir, descobrir o que está além do horizonte, e espero que minha futura esposa possa entender e querer vir comigo. E você? Já pensou no que pretende fazer agora?
— Devo assumir as responsabilidades da família, e não fugirei disso, meu pai conta comigo nos negócios, ele é um conde muito respeitado, eu devo tentar está a altura dele.
(Daniel tentava acreditar nas próprias palavras)
— Ele é um grande senhor de escravos não é? *Pedro indaga*
— Você sabe como funciona o sistema...
— Eu sei... Mas você é bem diferente dele, ele não faz ideia não é de sua simpatia pelos ideias abolicionistas?
— Nem imagina, eu sou totalmente diferente dele e ele me odeia por isso.
— E sua irmã?
— Ela faz o melhor que pode em tudo.
Ela ama pintar, é tão gentil e muito agradável.
— Você escreveu bastante para ela...
— Eu a amo mais que tudo, e confio muito nela. Sabe, acho que ela seria o tipo de esposa que viajaria pelo mundo com o marido.
— Não me encha de expectativas!
Os dois rapazes riem, Daniel estava feliz em tentar ser o mediador entre as duas pessoas que ele mais confiava no mundo.

***

O porto estava cheio e barulhento, o cheiro de peixes e frutos do mar invadiam os pulmões de todos os recem-chegados.
Haviam grandes embarcações enfileiradas, pessoas subindo e descendo dos navios com mercadorias, caixas, malas e todo tipo de especiarias que as viagens maritimas poderiam oferecer.
Daniel logo avistou Hugo, um homem bem idoso que era mordono de seu pai desde que ele e Ana eram crianças.
Ele o aguardava em frente a carruagem do Conde pronto para o levar de volta a mansão da familia Monteiro.
Ao ver Daniel, Hugo sorri o reverência, e um momento após se assusta ao ver Pedro ao lado dele.
— Oh céus, o que está avendo?
— Calma tio Hugo está tudo bem. Este é Pedro de Sundra, futuro Duque de Paris.
— É um prazer conhece-lo.
*Pedro responde*
Hugo fica sem palavras e apenas o comprimenta com a cabeça, por fim apenas diz tropeçando em suas palavras:
— Po po...Podemos ir vossa graça? Seu pai o aguarda em casa.
— Claro, vamos.
Os dois rapazes entram na carruagem e Pedro tenta parecer indiferente, mas sabe que o encontro não será agradável, então pensa na senhorita Ana, ele não admitiria mas já estava ansioso para conhece-la.

***

Próximo dali, na velha casa do senhor Diaz, Helena pede sua mãe permissão para ir ao mercado, ela deseja sair um pouco de casa e respirar ar fresco, esteve trancada em seu quarto nos últimos dois dias pensando em seu futuro casamento, desde o jantar na casa do Conde, todos os seu pensamentos se resumem a isso, se ela não sair um pouco, ela poderá morrer sufocada naquela casa.
— Mamãe eu voltarei cedo, porfavor...
— Uma noiva não deve ser vista saindo sozinha, seu marido não irá gostar...
— Não farei nada de mal, irei apenas a barraca de flores ver minha amiga Rose.
— A filha do florista? Essas amizades não são para você... Ela é uma pobre...
— E nós somos o que mesmo?
— Cuidado com seu tom mocinha!
— Perdão mamãe, não quis ofender, porfavor deixe-me ao menos me despedir dela, já que logo logo não a verei mais... Porfavor mamãe!
Senhora Diaz reluta, mas por fim responde:
— Certo, volte CEDO.
— obrigada!

Helena coloca seu manto com capuz azul bem clarinho com um laço de cetim em volta do pescoço, luvas branças, e sai correndo pelos grandes portões, e caminha em direção a praça.
As ruas estavam cheias de pessoas indo e vindo. Muitos vendedores estavam em suas barracas, muitos escravos transitando levando caixas e entregando ecomendas. Helena observa tudo ao seu redor.
Era tão bom poder respirar fora dos muros daquela casa e longe dos olhares julgadores de sua mãe, a menina estava provando um pouco do sabor da liberdade, antes de se entregar a nova vida que a aguardava.
Ela vai em direção da barraca de flores de seu Costa, o velho florista que sempre fora adorado por todos por causa seu coração romantico, Rose a filha dele, tem sido muito amiga de Helena desde que elas se conheceram ainda pequenas, o senhor Diaz tinha ganhado uma grande quantidade de libras em um jogo e estava de bom humor, queria surpreender a esposa, e foi com Helena a floricultura comprar um grande buquê para ela, a menina encontrou Rose lá e depois de conversarem sobre rosas e lírios, ficaram amiguinhas, mesmo sendo de classes sociais distintas.
— Bom dia seu Costa.
— Bom dia menina Helena, sinto muito por seu pai.
— Obrigada pelas gentis palavras, a Rose está?
— Não meu bem, mas ela saiu, foi até a praça, abriu uma padaria bem em frente e ela foi comprar pão. Ela está indo comprar pão três vezes por dia agora!
*Ele exclama e começa rir como se estivesse falando algo extremamente inapropriado*
— Porque? Há algo diferente nos pães de lá? *Helena pergunta curiosa*
— Não nos pães, mas no filho do padeiro...
Helena entende o motivo e ri também, era obvio que o senhor Costa aprovaria se sua filha estivesse apaixonada, ele além de amar a ideia do amor, ainda vivia disso, jovens apaixonados eram os clientes dele.
— Ela está amando?
— Sim concerteza, e acredito que seja bom, afinal ela não aceitaria menos do que ela merece.
— Com certeza, eu estava querendo falar com ela.
— Sobre o seu casamento?
— O senhor já está sabendo? Como?
— Sua mãe foi a modista e bem, não há segredos na modista, toda a Londres já sabe das novidades.
— É claro que a mamãe não se esforçaria para ser discreta... Muito obrigada seu Costa, eu vou indo.
— Vá em paz meu bem e parabéns pelo casamento!

Ela decide ir até a padaria em frente a praça para tentar encontrar Rose lá.

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No próximo capítulo veremos Daniel ter um encontro inesperado.
Helena agir de maneira impulsiva para combater uma injustiça
e Daniel ter seus planos e recomeços frustados...

Victoria Teixeira ✍🏻

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