"Sinto muito sua falta, você está passando por um momento mais tempestuoso do que eu estou, mas ainda sinto sua falta.."
(Eleanor Roosevelt)As lágrimas escorriam do rosto da menina, enquanto o caixão era descido para a abertura no túmulo e coberto com terra.
Chovia na capital Londrina, nuvens pesadas afirmavam que o dia seria todo assim.
Quando a coroa de flores fora colocada sobre o túmulo, todos souberam que era hora de sair, voltar para suas casas e deixar que a Viúva e a filha se despedissem pela última vez.— Meus sentimentos senhora Diaz. Comprimentou o frei Francisco a viúva que olhava para o túmulo.
— Obrigada senhor, esse é um momento muito dificil para nós...
— Sei bem minha filha, apesar dos erros que foram cometidos, somos todos filhos de Deus, seu marido está em um lugar melhor.
A viúva senhora Diaz o comprimenta e leva a filha pela mão para casa.
Ao adentrar pelos portões do lindo casarão da familia Diaz, a viúva sente seu coração se partir, ela observa o lindo jardim, as janelas grandes, as tapeçarias e curtinas tecidas em fios de ouro, e o piano branco que ficava no meio da sala, o qual ela havia ensinado sua filha a tocar desde pequena, enquando seus olhos são invadidos por lágrimas amargas que lhe acompanham de um nó na garganta.Ela estava desesperada, ela e a filha estavam sozinhas agora, seu marido havia morrido e um terrível segredo viria à tona, ela sabia que o banco viria atrás delas para o pagamento das dívidas que o senhor Diaz deixou, a casa, a carruagem e até suas jóias seriam levadas.
Ele era um homem que para a sociedade poderia ser um bom marido e pai, mas somente ela sabia da verdade: Ele era um tolo, viciado em jogos, apostas, cartas e bebidas, e tudo que lhe servisse para perder dinheiro.
O que elas fariam agora? iriam ficar sem moradia, perder seus status sociais e mendigar nas ruas de Londres, que triste destino as aguardavam.
Ela sabia que não poderia aceitar isso.
— Se ao menos você tivesse morrido e nos deixado na riqueza...Senhora Diaz chorou e se lamentou, é claro que o casamento deles não havia sido fundado no amor, e sim em um acordo comercial, mas o fundamento principal desse acordo não estava sendo cumprido: Ele havia trocado a segurança da familia por prazer.
Ela o odiava mais que tudo naquele momento.— Mamãe, a senhora acha que o papai foi para o céu?
A voz doce de Helena ecoa pelo quarto, ela observa sua mãe se virar lentamente,
sua mãe olha em seus olhos e diz:
— Ele está queimando no inferno pelo que fez conosco.As palavras eram duras, e Helena sentiu as lágrimas escorrem por seu rosto.
— Não chore filha, eu vou resolver tudo isso. Nós vamos sobreviver. Juntas!
— O que nós podemos fazer?
— Você vai casar, simples.
— Mamãe eu não posso, não tenho idade para isso e não debutei ainda.
— Ninguém sabe. Filha não temos outra opção já está decidido.Helena ficou imóvel, sua mãe estava certa que um casamento seria a solução para os problemas finaceiros da familia, aquilo era aterrorizante, Helena tinha apenas 15 anos e ainda não tinha tido suas regras, a sociedade ensinara a casar as mocinhas alguns meses após suas regras descerem, realizando apresentação formal das moças a corte do Rei, realizando assim seu debute na sociedade.
Entretanto, Helena sabia que não estava pronta para nada disso, ela percebera que sua mãe pretendia mentir para todos e assim assegurar um casamento vantajoso que era o que ela tanto desejara para a filha.Helena sai da sala, sobe a escada e corre para seu quarto.
Ela deita na cama e olhando para o teto, lembrou-se de como sua infância tinha sido feliz. Claro que como filha de um comerciante, ela a vida inteira fora ensinada por sua mãe como se portar na sociedade, desde muito menina teve aulas de etiqueta, bordado, piano e dança. Ser uma boa esposa deveria ser o único objetivo da vida de uma mulher, porém Helena secretamente queria mais, ela não sabia exatamente o que, mas só de imaginar passar o resto de seus dias vivendo somente para ter filhos e agradar o marido, Helena ficava sem fôlego. Ela ansiava deseperadamente descobrir quem ela era de verdade para assim descobrir como ser feliz por completo.Ela fechando os olhos lembrou-se de uma tarde no campo, quando seu pai, o senhor Diaz, estava praticando tiro, e ela estava cavalgando pelo bosque, o viu de longe, desceu do cavalo e foi até ele.
— Muitas caças boas papai?
— Nenhuma que queira ser caçada.
— Lógico que nenhuma quer morrer papai, todos lutam para sobreviver a sua mira, na verdade não parece ser muito dificil.
— Sua engraçadinha, olhe eu vou acertar aquele pássaro ali.
Senhor Diaz se concentra, mira e dispara.
O barulho é alto e assusta o bando de passarinhos que voam para longe.
— Hahaha, matou eles de susto papai, não com sua arma.
— Você tem razão, Tente você agora.
— Eu não devo, mamãe não vai gostar.
— Ela nunca saberá, será nosso segredo...
*Senhor Diaz fala e ri*.
Ela recebe a arma de seu pai, mira e atira,
logo os dois veem o corpo do passaro caído no chão.
— Eu consegui papai!
— Eu sempre soube que conseguiria minha flor, você é mais forte o que imagina. Quer saber um segredo?
— Quero sim.
— Eu nunca errei um tiro e você também não errará.A lembrança de Helena se encerra com a imagens dos dois rindo e se abraçando.
Seu pai era um excelente caçador, mas havia errado aquele tiro para que ela acertasse o próximo.
Ele podia ter falhado em muitas coisas, mas para Helena, ele era o melhor pai de todos, por isso ela sempre se deu muito melhor com ele do que com sua mãe.
Agora, ela sentia muito a falta dele e não podia acreditar que seu pai havia morrido embriagado em cima de uma mesa de jogos, era uma tristeza sem fim.
Ela avista sua boneca com rostinho de porcelana, que havia sido o último presente que seu pai lhe deu em seu aniversário de 15 anos, acompanhado de um lindo buquê de flores, ela abraça a boneca e tenta dormi, não pensando em como o rumo de sua vida mudaria nos próximos dias.****
Na manhã seguinte:
Os sinos da igreja badalavam cedo as sete da manhã, a praça em frente a igreja estava cheia de comerciantes, que ofereciam seus produtos a todos que se aproximavam.
Senhora Diaz entra lentamente e caminha até o altar, ela usava um véu preto em sinal de luto, cobrindo todo o rosto.
— Bom Dia Frei Francisco.
— Bom Dia senhora Diaz, o que posso fazer por você minha filha?
— Preciso de sua ajuda, na verdade é mais uma orientação...
— É claro, pode falar.
—Quero casar minha filha rapidamente, precisamos da proteção de um homem para assegurar nossa vida e nossos estatus na sociedade, entende? Não posso permiti que perdamos tudo...
— Sim, eu ouvir falar das dívidas...
— Então, pode nos ajudar?
— Sabe o filho do Conde Monteiro já está na idade de casamento, que eu saiba, ele não fora prometido a ninguém ainda...
— O filho do Conde?! Não acredito! seria incrível se minha filha pudesse...
— Bem...Vamos com calma, o senhor Conde é um homem muito sério e respeitado, para que esse acordo seja feito, ele tem que verdadeiramente aprovar sua filha, e o fato de sua familia ser atrelada a dívidas não ajuda muito.
— Eu entendo...
—Bom eu dou minha palavra que falarei com a Condessa, a senhora Monteiro, mas não irei prometer que conseguirei convence-la do acordo certo?
— Estarei orando e aguardando uma resposta positiva Frei Francisco.
— Isso mesmo, se apegue com sua fé, que tudo ocorrerá bem, pelo que eu sei, o senhor Conde tem pressa em casar o filho.
— E verdade que o menino está em Paris?
— Sim, ele está concluindo os estudos e logo voltará para Londres para assumir seu papel como Conde e conselheiro do Rei.
— Minha filha seria uma Condessa, tenho certeza que ela estaria pronta para tal tarefa.
— Bem isso somente o senhor Conde poderá afirmar. Eu lhe dou minha palavra que farei o melhor que eu puder.
— Muito obrigada Frei Francisco, fico aguardando o desenrolar do nosso acordo.🖤🖤🖤🖤🖤🖤🖤🖤🖤🖤🖤🖤🖤🖤🖤
Curtindo a história? 🥰
No próximo capítulo...
O jovem Daniel tem seu coração partido em Paris e busca voltar para casa, para tentar recomeçar sua vida, mas ele não contava com um acontecimento que mudaria sua vida para sempre...Victoria Teixeira ✍🏻
📌segue no insta e no thread
@vic.tx.110🌙
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Verdade, Honra e Amor
RomanceSerá possivel escolher entre a verdade, a honra e o amor? Ambientado no séc XV, no auge da escravidão e das grandes navegações. A menina Helena se vê obrigada por sua mãe a se casar com o filho do cruel Conde Monteiro, pois sua familia está afundada...