03. Eletrizante, como um primeiro encontro ao som de Night Fever

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Gyuvin era alguém que não desistia de nada tão facilmente, se errasse uma vez, tentaria de novo, e novamente até conseguir alcançar seu objetivo. Sua insistência veio a partir de vários fatores de sua vida, onde ele aprendeu que se desistisse de tudo na primeira tentativa, ele não teria nada. Soube que se desistisse de seguir em frente após ir embora de casa, ele provavelmente não estaria vivo para contar história alguma, ou entraria numa vida tão miserável quanto de qualquer outro garoto em seus dezenove anos.

Isso fez com que ele estivesse na calçada do seu trabalho no dia seguinte. As mãos suando e o coração ansioso para adentrar o estabelecimento que antes só de olhar lhe trazia calmaria, as pessoas andando na calçada, apressadas aquela hora da manhã, nervosas por terem um jovem atrapalhando a passagem, e o garoto? Bem, ele não se importava, realmente, sua cabeça estava longe, se preparando psicologicamente para qualquer coisa que Gunwook veio a falar sobre si para seu pai. O Park mais jovem pode transparecer ser alguém doce e calmo, mas ele sempre tinha algo na ponta da língua para prejudicar Gyuvin, essa não é a primeira vez que comete um erro e levará um severo sermão de um esquentadinho.

Gunwook gostava de fazer Gyuvin entrar pelo cano, isso é um fato verídico.

O garoto moreno olhou para cima, vendo a porta da sacada fechada. Seria mentira dizer que Kim não ponderou por horas sobre quem era o garoto vivendo em cima de seu trabalho, e que nunca o viu ou ouviu falar dele. Já se perguntará algumas vezes que o senhor Park, mas esse sempre dizia que era um depósito de aparelhos não usados ou quebrados da padaria. Sua maior curiosidade era saber porquê esconder que alguém morava no andar de cima, e definitivamente, gostaria de saber quem é o garoto bonito que virá no dia seguinte.

Subiu os pequenos degraus que dava para a entrada da padaria, e como de praxe, o cheiro de pão fresco e doces recém-saídos do forno invadiram as narinas de Gyuvin e o trouxe uma sensação breve de nostalgia. Sempre que entrava por aquela porta um sentimento doloroso, porém aconchegante, lhe atingia, como se estivesse em casa novamente.

O local não havia muitas pessoas, geralmente era bem vazio nesse horário da manhã, onde todos já estavam em seus respectivos trabalhos e escolas, por este motivo preferiu vir em um momento mais tranquilo, para conversar calmamente com o senhor Park e tentar lhe explicar da forma mais pacífica do mundo que o seu filho era um grande chato de galocha.

Passou pela porta que dava acesso a cozinha, sem se importar se o pentelho fosse lhe xingar de todas as formas quando o visse.

Dito e feito. Gunwook olhou para quem atravessava a porta e seu olhar tranquilo de quem adora moer grãos de café logo desapareceu, dando espaço para um posse defensora e superior.

— Eu lembro muito bem de ter o chutado ontem, Kim. — Sua fala soa com tanto amargor, como se realmente não gostasse de Kim.

— E eu lembro que você não é meu chefe. — Seu tom era diferente, suave e calmo, assim como tudo o que Gyuvin falava.

Raramente sua voz era levantada por algo, nem mesmo o loiro insuportável conseguia fazê-lo sair de seu estado normal.

— Mas eu sou o filho dele, e logo eu mando em você, seu pentelho!

Assim que sua fala se concluiu, um pigarrear chamou atenção dos dois jovens, e o coração ansioso de Gyuvin se fez presente novamente ao ver o senhor Park os olhando com desaprovação. Gunwook arregalou os olhos e voltou a moer seus grãos como se nada estivesse acontecendo.

— Aconteceu algo, Gyuvin?!

Diferente do filho, Park Doyoung era provedor de um coração tão doce quanto o mais forte dos açúcares, mas também protege seu único filho com todas as garras que tem, e isso acaba deixando Gyuvin nervoso, afinal, para Doyoung a palavra de seu filho sempre valia muito.

1982 AnalogiasOnde histórias criam vida. Descubra agora