19_ morar.

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Enquanto ouvia a gritaria eu tirava meu sapato, que já estava me incomodando, o chão de madeira fria sob meus pés descalços, fazia eu me arrepiar toda

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Enquanto ouvia a gritaria eu tirava meu sapato, que já estava me incomodando, o chão de madeira fria sob meus pés descalços, fazia eu me arrepiar toda.

A luz fraca da lâmpada pendurada no teto parecia amplificar a sombra que se estendia pela sala, transformando-a em um palco de um drama silencioso e doloroso.

Eu não consigo odiar meu pai..

Eu não consigo odia-lo..

*Flashback on*

*7 anos*

Eu corria pelo quintal, rindo, enquanto papai me perseguia.

-Vamos aprender a andar logo de bicicleta.— Ele finalmente para de me seguir.

Me aproximo da bicicleta, sem entender como que isso vai me levar a algum lugar.

Meu pai segura a bicicleta.

Ele havia tirado as rodinhas, e eu estava com muito medo.

Sento no banco, e respiro, colocando meus pés na bicicleta.

-Ta pronta? Se você cair, eu prometo que estarei aqui para te segurar.— Papai fala, e eu sorrio.

Eu falei que ele era bonzinho.

Papai gosta de mim, ele me ama como sua filha, as vezes ele fica estressado e é normal.

Começo a pedalar, enquanto rio com as piadas de papai.

Ele segurava a bicicleta, pra mim não cair.

Até, o momento que eu reparo que ele largou a bicicleta.

Eu estava andando.

Eu estava andando sozinha!!

-Parabens filha! Estou orgulhoso de você.— Papai fala.

Eu amo ele.

*Flashback off*

Ele é bonzinho... Ele só está estressado.

A voz do meu pai, rouca e cortante, atravessava a espessura das paredes como uma lâmina afiada, suas palavras se misturando com o odor forte de bebida e frustração.

-Você não entende nada! Nunca entende!—ele gritou, cada palavra impregnada com o peso do álcool.

Abaixo meus olhos, tentando lembrar de que ainda há humanidade dentro dele.

Ele ainda é meu pai, certo?

com os olhos baixos, sentia a pressão do som, quase como se as ondas de minha raiva pudessem esmagar o espaço ao meu redor. Eu não me movia, apenas ouvia, enquanto o eco do confronto preenchia a sala com um vazio tão opressivo quanto as palavras que a atingiam.

As palavras dele eram cruéis, e estavam me quebrando ao meio, a cada gritaria, a cada garrafa quebrada na minha cabeça.

Mas ainda sim, eu não odiava ele.

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