𝐃𝐞𝐬𝐞𝐣𝐨 𝐎𝐜𝐮𝐥𝐭𝐨

𝐂𝐚𝐩𝐢𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟐𝟐

Elisa Clifford

Enquanto eu estava nos braços de Lorenzo,
senti uma sensação de segurança e proteção que eu não experimentava há muito tempo. Seus braços ao meu redor eram como um escudo contra todo o caos que havia nos cercado.

Lentamente, fui me acalmando, o choro cessando aos poucos. Levantei a cabeça para olhar para ele, seus olhos estavam cheios de uma ternura que me surpreendeu. Lorenzo, o homem sempre tão frio, estava ali, mostrando um lado que fazia anos que não via.

Quando estou com você, sou a melhor versão de mim. Você me faz querer ser melhor, para você, para nós. —Lorenzo sussurrou

Eu me afastei um pouco para olhar em seus olhos, surpresa pela confissão. Era raro ouvir Lorenzo falar de suas emoções assim, tão abertamente.

Ele sorriu levemente, um sorriso que não escondia sua intensidade.

Meu coração disparou, e, por um momento, as palavras ficaram presas na minha garganta. Eu queria dizer algo, queria retribuir o que ele estava me oferecendo, mas o medo me segurava. Eu sempre tive medo de me entregar, de me abrir para alguém e depois ser machucada. Mas com Lorenzo... tudo parecia diferente, como se estivesse prestes a dar um salto no escuro, mas sabendo que ele estaria lá para me segurar.

Lorenzo, eu... —comecei, hesitando, meu olhar desviando para o chão por um momento.
— Você me assusta às vezes. Não pelo que você faz, mas pelo que me faz sentir. Porque eu... nunca quis tanto alguém como quero você. Mas, ao mesmo tempo, isso me apavora. Porque não sei o que fazer com tudo isso, com esse desejo, com essa... necessidade.

Minha voz falhou, mas continuei, finalmente olhando para ele de novo.— Eu tento resistir, tento manter algum controle, mas você faz com que eu queira me entregar completamente. E isso me assusta, Lorenzo. Eu não sei como ser vulnerável, como confiar, mas eu quero... eu quero tentar. Por você. Por nós.

Lorenzo me observou em silêncio por alguns segundos, seus olhos analisando cada detalhe do meu rosto, como se quisesse memorizar minhas palavras. Ele então ergueu uma mão e acariciou minha bochecha com o polegar, seu toque era suave, mas havia uma força tranquilizadora por trás disso.

Elisa, você não precisa ter medo de mim —ele disse, sua voz baixa e carregada de sinceridade. — Eu sei que não sou o homem mais fácil de se lidar, e que há coisas sobre mim que você talvez nunca entenda completamente. Mas uma coisa é certa: eu nunca faria nada para te machucar. Eu sei que não posso mudar o passado, mas estou disposto a fazer tudo o que puder para construir um futuro melhor... com você.

A proximidade entre nós era quase sufocante, mas de uma maneira que me fazia sentir segura. Suas palavras tinham uma profundidade que eu nunca havia experimentado antes. Ele estava abrindo seu coração para mim, de um jeito que eu sabia que era raro, e isso significava mais do que eu podia expressar.

Ainda hesitante, mas com uma coragem que eu não sabia que tinha, me inclinei para ele, minha testa tocando seu peito.— Eu quero tentar, Lorenzo —murmurei, quase em um sussurro.— Quero tentar ser essa versão de mim que só você consegue ver. Eu... também quero esse futuro, mas... preciso que você tenha paciência comigo. Eu nunca fiz isso antes.

Lorenzo sorriu, um sorriso genuíno que iluminou seus olhos.— Eu tenho todo o tempo do mundo pra você, mi amor —ele sussurrou de volta, sua mão deslizando para a base do meu pescoço.— Não precisamos apressar nada. Vamos seguir no nosso próprio ritmo, e eu vou estar aqui, ao seu lado, a cada passo do caminho.

Eu senti uma onda de emoção me invadir. Pela primeira vez em muito tempo, me permiti acreditar que talvez, apenas talvez, eu pudesse ser feliz ao lado de alguém. Que eu poderia construir algo real, algo duradouro, com Lorenzo. E, naquele momento, percebi que o medo de me entregar a ele estava começando a desaparecer, substituído por uma sensação de esperança.

Ele inclinou a cabeça para me beijar suavemente, um gesto cheio de promessas silenciosas.

Lorenzo se afastou um pouco, pegando o prato de frutas que ele havia trazido.

Coma um pouco — disse ele, com uma gentileza que contrastava com o homem intenso que todos conheciam.— Preciso que esteja forte para lidar comigo.

Eu ri, balançando a cabeça enquanto aceitava uma fatia de maçã.

— Eu já estou lidando com você há muito tempo, Lorenzo. Acho que posso aguentar mais um pouco.

Ele sorriu, observando enquanto eu comia, e naquele momento, percebi que, apesar de todas as incertezas, eu estava onde deveria estar. E isso era tudo que importava.

Depois que terminei de comer as frutas, coloquei o prato ao lado da cama, enquanto Lorenzo ainda estava concentrado no celular, terminando algumas coisas. Eu o observava em silêncio, percebendo o foco em seu olhar, mas, ao mesmo tempo, sentia uma sensação de conforto e paz ao estar ali com ele. Nunca foi comum para mim me sentir tão à vontade ao lado de alguém, mas com Lorenzo, isso parecia natural.

Quando ele finalmente terminou, desligou a tela e colocou o celular de lado. Ele se moveu até mim, deitando-se ao meu lado na cama, e me puxou para mais perto, envolvendo-me em seus braços como se quisesse garantir que eu permanecesse ali, bem junto a ele.

Lorenzo se aproximou devagar, e eu senti seu rosto perto do meu pescoço. Meu coração começou a bater mais rápido, antecipando o que ele faria. Ele inspirou profundamente, como se quisesse gravar meu cheiro na memória.

Morango... — ele murmurou, sua voz baixa e rouca. — O meu preferido.

Um arrepio percorreu minha pele ao ouvir suas palavras. Saber que ele gostava tanto de algo tão simples em mim me fez sentir uma conexão ainda mais profunda. Eu fechei os olhos, me permitindo relaxar completamente em seus braços enquanto ele continuava a respirar meu cheiro, seus lábios roçando levemente a pele do meu pescoço.

Você tem o cheiro perfeito, amor —ele sussurrou, sua voz agora suave e carregada de carinho.— Não existe nada que eu goste mais.

Aquele momento parecia congelado no tempo. Era como se o mundo lá fora não importasse, e tudo que existisse fosse nós dois, juntos.