𝒸𝒶𝓅𝒾𝓉𝓊𝓁𝑜 4

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Me espreguicei na cama, esticando os braços em busca do John, mas tudo que encontrei foram lençóis vazios, pisquei os olhos repetidamente e me sentei, quando olhei para a cômoda havia um bolo de dinheiro enrolado.

O sangue ferveu em minhas veias, me levantei e saí pisando duro com aquele dinheiro em mãos até a varanda, assim que abri a cortina vi John fumando seu charuto matinal na varanda, então eu gritei:

-EU NÃO SOU UMA PUTA! - eu de fato era, mas ele não precisava saber.

Comecei a arremessar todas aquelas notas de cem dólares no ar, que foram rodopiando vários andares para baixo sob a brisa suave da manhã.

John franziu o cenho, deu mais dois tragos e soltou a fumaça dando de ombros, depois se levantou e entrou para o lado de dentro, fechando a cortina preta atrás de si.

Aquilo me enfureceu, eu estava tomada de ódio, como ele ousava pensar que eu tinha me vendido pra ele? Eu tinha me entregado de corpo e alma por uma noite inteira, eu queria conhecê-lo melhor, queria que me admirasse e quisesse me conhecer melhor, de onde aquele maldito filho da puta tinha tirado que eu estava fazendo a porra de um programa?!

Cravei as unhas em meu próprio rosto e comecei a puxar os cabelos enquanto gritava desesperadamente andando em círculos pela sala, uma taça de vinho foi a primeira coisa que vi e arremessei na parede:
-POR QUE SEMPRE TEM QUE SER ASSIM?!

Caí de joelhos, comecei a bater a testa no chão e amaldiçoar a vida, eu era uma bagunça, condenada a ser sempre um objeto sexual, mas eu só queria ser amada, queria ser vista e valorizada, John precisava enxergar a mulher incrível que eu era, ele tinha que entender que ao lado dele eu me tornaria completa, ele precisava se sentir como eu me sentia a respeito de nós dois, e eu o obrigaria a fazer!

Passei o restante do dia chorando em posição fetal no tapete felpudo da sala, e só quando anoiteceu foi que eu criei coragem pra tomar atitude.

Me levantei, peguei o vinho na geladeira e bebi tudo em uma golada só, deixando o líquido vermelho escorrer em meu decote, depois fui para o banheiro e tomei um banho fervente, esfregando a pele até ficar vermelha.

Me sentei na penteadeira e fiz um penteado vintage perfeito, uma maquiagem pesada, coloquei minhas jóias favoritas e um vestido preto com uma fenda até a coxa, por cima um casaco de pele.

Andei até o prédio ao lado e me deparei com o porteiro, de queixo em pé com meu nariz de boneca eu o olhei com desdém:
-Avisa ao sr. Copolla que estou subindo.

O homem, com indiferença, discou no telefone e esperou, depois tapou o fone e disse:
-Ele perguntou o que você quer?

Revirei os olhos, e respondi:
-Diz pra ele que estou muito ofendida, e ele me deve um pedido de desculpas.

O porteiro falou, depois virou pra mim:
-Ele disse que vai descer, espera sentada ali naquele sofá.

-Obrigada, senhor porteiro - falei, dando as costas e indo me sentar.
.:.

Quando a porta do elevador se abriu, agarrei o estofado do sofá com as unhas e me endireitei, John estava tão charmoso naquela camisa cinza, a calça social e o sapato importado, o cabelo perfeitamente alinhado com as duas faixas acinzentadas:
-Boa noite Lana - ele me estendeu a mão - Posso te oferecer um jantar?

-É claro - respondi, sorridente - segurando na mão dele e seguindo para fora do hall, aonde um carro nos aguardava.

O caminho até o restaurante foi desconfortável, ele ficou em uma ligação com algum sócio ou algo do tipo, falando sobre negócios e resolvendo problemas de homens importantes.

Eu aproveitei pra tomar a champanhe que estava lá e apreciar a paisagem do upper east side, até que chegamos ao restaurante francês mais caro da região.

Imediatamente o maître encontrou uma mesa pra gente nos fundos, um lugar reservado com luz baixa, e lá nos sentamos.

-Eu realmente te devo desculpas - começou John, me olhando nos olhos - Não estou acostumado com as mulheres daqui de Nova York, acabei confundindo as coisas...

-Tudo bem - respondi, dando um gole demorado no espumante - Eu admito que fui um pouco pervertida com você, mas é que pensei que já tivéssemos uma conexão pelo que fizemos na varanda, sabe?

-Entendo Lana - ele deslizou a mão até a minha encima da mesa - Eu realmente gostei muito da noite que passamos juntos, foi algo que eu não realizava há muitos anos, por isso quis te recompensar de alguma maneira.

-E recompensou errado - falei com uma expressão séria, depois sorri - Mas agora está corrigindo, estar aqui essa noite demonstra isso, que você é um cavalheiro, e um safado também.

John sorriu de canto, mostrando um covinha charmosa no rosto másculo:
-E você é uma dama, com esse rostinho angelical e uma mente diabólica - ele baixou o tom de voz e olhou ao redor - A minha vontade era de te arrastar pro banheiro e foder o seu cu até você gritar.

Escutar aquilo me fez suar de tesão, eu cruzei as pernas pra pressionar minha buceta e me inclinei na mesa pra deixar os peitos maiores:
-Quero que você me puna mais uma vez, todas as noites se possível, quero sua mão tatuada no meu rosto com os tapas violentos.

-Desse jeito eu apaixono, sua cadela - John segurou meu queixo com o dedo indicador e o dedão, e me deu um beijo lente e sútil.

Suspirando, dei outro gole no champanhe e perguntei:
-Só por curiosidade, John qual é o seu signo?!

-Áries, e o seu?

Eu odiava arianos, sempre tão racionais e cruéis, calculistas e frios, mas tudo bem, eu ensinaria John a ser um homem dedicado e obcecado por mim, era apenas questão de tempo em nosso relacionamento que estava apenas começando
... E com um sorriso sínico no rosto, jogando o cabelo pro lado e olhando por cima dos olhos, respondi:

-Eu sou de peixes, é claro.

𝐌𝐢𝐬𝐬 𝐕𝐢𝐜𝐢𝐨𝐮𝐬Onde histórias criam vida. Descubra agora