𝒸𝒶𝓅𝒾𝓉𝓊𝓁𝑜 26

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Já era minha décima taça de vinho, encostada na ilha da cozinha eu olhava fixamente pro vazio, como se estivesse cega mesmo com os olhos abertos, as únicas imagens eram as que o meu cérebro passava em flashes assustadores, eu não me sentia segura dentro daquela casa, que eu ainda não conseguia chamar de minha.

Fui puxada de volta pra realidade com o tilintar do forno avisando que o assado estava pronto, tomei um susto, e com a mão no coração fui tirar lá de dentro, e enquanto isso John chegou em casa, veio até a cozinha e me deu um beijo como estava virando costume:
-Que cheiro bom minha Lana - disse, e então se virou de costas - Tira meu paletó, e vem comigo até a sala.

Apenas obedeci, quase como um zumbi, seguindo ordens, então me ajoelhei no carpete e tirei seus sapatos, depois fui até a cozinha buscar uma cerveja pra ele... Ele estava me treinando pra ser uma boa esposa, era o que dizia, e eu tinha minhas dúvidas, mas ao mesmo tempo ele podia estar certo, talvez a submissão completa fosse a receita para um casamento feliz... E como eu saberia? Se não tinha nenhuma referência pra me basear.

Já estava terminando de montar a mesa de jantar quando Dylan apareceu encostado no batente da porta, com um pé apoiado na outra perna e um sorriso bobo no rosto, ele estava com um avental todo sujo de tinta, pois pintava seus quadros lá em cima, assim como Annelise o havia ensinado.
-Queria sentar do seu lado pra jantar - disse ele, com a cabeça meio baixa - Posso?

-Sim - respondi - Fico entre você e o seu pai.

O jantar foi estranho e desconfortável, John colocou uma música instrumental pra tocar em uma vitrola e nos sentamos os três lado a lado, os dois colocaram as mãos um em cada uma das minhas coxas e eu comi em silêncio, enquanto eles começaram a conversar sobre os planos pra se estabelecer na nova cidade, Dylan iria procurar um emprego naquela semana e John estava querendo investir um dinheiro ilegal que ele mantinha em abrir um negócio, os dois não estavam acostumados a viver com pouco e precisavam voltar a ter vidas luxuosas.

Foi então, que em um rompante de coragem e falta de noção eu perguntei algo que estava me corroendo por dentro há dias:
-Você vai me trair? - olhei para John - Assim como fazia com ela?!

John franziu o cenho, e apertou a minha coxa:
-Não existe mais ''ela'', já te mandei parar de falar sobre isso - ele deu um gole no vinho - E não, não vou te trair, porque diferente dela você sabe me satisfazer e é uma boa esposa.

Também dei um gole do vinho, que começava a se misturar ao xanax que eu tinha tomado, além de todas as taças anteriores:
-Então eu quero me casar com você, no papel passado, com alianças, como eu sempre sonhei.

Dylan tirou a mão da minha perna e afastou um pouco a cadeira, decepcionado:
-É uma péssima idéia.

John curvou a boca pra baixo, pensativo, depois colocou os punhos na mesa:
-Eu me caso então, do jeito que você quiser, e você merece um casamento de princesa, vai ficar tão linda de noiva com esse rosto angelical.

A cadeira de Dylan foi violentamente empurrada pra trás, e ele se levantou, com uma expressão de choro:
-Perdi a fome.

Eu evitava olhar pra ele, na verdade para os dois, falava apenas encarando a comida no prato.

John protestou:
-Senta aí e termina de jantar! - a voz dele era firme e agressiva - Se quer ficar nessa casa, agiremos como uma família normal!

...

Já no quarto, eu vestia minha camisola me olhando no espelho, enquanto John lia um livro deitado na cama, ele o dobrou encima do peito e perguntou:
-Sou um pai ruim?

-Não sei dizer, tudo ainda é muito novo pra mim.

Ele respirou fundo e apertou a ruga que se formou entre as sobrancelhas:
-Sou o primeiro homem que te assume?!

Mordi o lábio inferior, e o olhei através do espelho, era estranho como eu estava vivendo tudo aquilo que sonhei, tudo que planejei nos últimos meses, eu tinha vencido, mas não me sentia feliz, e tudo me engatilhava:
-O primeiro homem de verdade, sim.

Ele assentiu, voltando a ler:
-E serei o último.

Aquela frase me arrepiou, pois agora tudo soava estranho, minha vida tinha se tornado uma roleta russa em que eu sentia que a qualquer passo em falso meu cérebro seria explodido por um bala:
-Assim espero...

Me deitei ao lado dele, e me virei pro lado oposto, em posição fetal, John apagou o abajur dele e sussurrou em meu ouvido:
-Vai chamar o Dylan.
-Pra que?!
-Dormir com a gente, sei que vai alegrar ele.

Eu não ousaria a contrariar John, então fui até o quarto de hóspedes e fiz o que tinha que ser feito.

Fiquei deitada na cama entre os dois, meio imóvel, com medo do que fosse acontecer, e praticamente ao mesmo tempo eles se viraram pra mim e começaram a beijar meu pescoço, fiquei tão apavorada que não tive reação alguma, apenas engoli em seco e fechei os olhos.

John beijou minha boca, tinha hálito fresco de menta, seus lábios sempre macios e úmidos, e enquanto isso senti uma alça da minha camisola ser puxada pra baixo, e em seguida, Dylan colocou os lábios redor do meu mamilo e começou a sugar de leve, como se fosse um bebê sendo amamentado.

E então, John entrou entre as minhas pernas e começou a me foder, enquanto seu filho sugava meus peitos faminto de tesão e afeto...

Os dois me usaram pra se satisfazer, Dylan gozou na punheta apenas brincando com meus peitos, já John gozou dentro de mim, da minha buceta, como se quisesse me engravidar em um tipo de ritual bizarro e familiar, que agora eu fazia parte.

-Boa noite, meu amor - disse John, me dando um beijo e se deitando.

-Boa noite, Lana - Dylan me deu um selinho e me abraçou.

Minutos depois, ambos caíram no sono, com a mesma respiração pesada, e estranhamente eu os entendi como se fossem duas versões da mesma pessoa, como se no fim de tudo, eles se amassem mais do que tudo, como se tivessem algum tipo de pacto sanguíneo... E aos poucos, eles estivessem me incluindo nessa seita secreta que eram os Copolla.

𝐌𝐢𝐬𝐬 𝐕𝐢𝐜𝐢𝐨𝐮𝐬Onde histórias criam vida. Descubra agora