Capítulo 16 - Nas Sombras do Tempo

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Orm acordou no dia seguinte com uma sensação de urgência que não conseguia ignorar. O que tinha visto na noite anterior - a figura mascarada do lado de fora da janela, segurando um machado - era um lembrete de que o tempo estava se esgotando. Ela sabia que o assassino estava lá fora, esperando, observando, e o pensamento de que ele poderia agir a qualquer momento fazia seu coração bater mais rápido. Ela se levantou da cama, mas o mundo ao seu redor parecia ligeiramente deslocado, como se algo tivesse mudado sutilmente, sua cabeça doeu novamente e acabou se sentando. Era como se estivesse em uma versão ligeiramente diferente da realidade, onde tudo parecia familiar, mas ao mesmo tempo, fora do lugar. Era uma sensação inquietante que não conseguia sacudir.

-Agora não...

Balançou a cabeça e tomou um remédio se levantando logo em seguida. Havia perguntas que precisavam de respostas, e antes de qualquer coisa, ela precisava eliminar um suspeito de sua lista: Kevin. Desde o começo, ele tinha sido uma figura em sua mente, uma peça que não se encaixava perfeitamente. 

A primeira coisa que decidiu fazer foi comparar o modo de operação do assassino com o comportamento de Kevin. Ela sabia que assassinos em série tinham padrões, modos de operação que seguiam quase religiosamente. Se Kevin fosse o assassino, esses padrões precisariam ser evidentes em algum lugar de seu comportamento. Orm passou a manhã inteira pesquisando sobre perfis criminais, documentários e livros sobre assassinos em série. Ela queria entender a mente do assassino e, para isso, mergulhou em um mundo sombrio de padrões e comportamentos que a fizeram se arrepiar. Alguns matavam por prazer, outros por necessidade, mas todos tinham uma coisa em comum: o controle. Eles controlavam suas vítimas, controlavam o ambiente, e mais importante, controlavam o tempo.

Ele agiria em seu tempo, depois de brincar com sua cobaia.

Com essa nova perspectiva, Orm decidiu revisar os vídeos e gravações que tinha de Kevin. Ela passou horas assistindo aos vídeos de família, gravações casuais e até mesmo aqueles onde ele estava sozinho. Seu objetivo era procurar por qualquer coisa que pudesse sugerir um comportamento anormal - um olhar prolongado, um gesto nervoso, qualquer coisa que pudesse se alinhar com o perfil de um assassino. Mas, por mais que assistisse, não conseguia encontrar nada que a convencesse. Kevin parecia normal, até mesmo entediante. Ele era afetuoso com a família, cortês com os amigos, e nos momentos em que estava sozinho, não demonstrava nenhum sinal de violência ou obsessão. Com as suspeitas sobre Kevin enfraquecidas, decidiu que era hora de segui-lo. Se havia algo de errado com ele, talvez estivesse escondido em seus hábitos diários, nos lugares que frequentava e nas pessoas com quem se encontrava.

Ela saiu de sua casa cedo, mal comendo. Enviou uma mensagem a Ling, perguntando como estava e descobriu que a mesma iria passar a tarde gravando. As filmagens estavam na reta final, nesse caso Orm só teria que voltar no outro dia, hoje Ling que passaria pelo stress das gravações, sua personagem teria uma briga feia com a mãe.

Depois de se despedir de Ling, ela começou sua jornada. Ficou escondida perto da empresa de kevin até vê-lo e segui-lo discretamente, observando seus movimentos. Kevin tinha uma rotina relativamente comum: trabalho, academia, e ocasionalmente, uma saída com amigos. Mas nada em sua rotina parecia suspeito, nada gritava "assassino" ou "Psicopata".

Durante essas observações, Orm aproveitou para se aproximar das pessoas com quem ele interagia. Em uma dessas ocasiões, fingiu esbarrar em um colega de trabalho de Kevin em um café. Com sua simpatia natural e charme, ela iniciou uma conversa casual, e em certo momento direcionando-a habilmente para Kevin, como se o conhecesse da faculdade.

-Ah, Kevin? - respondeu o colega, um homem de meia-idade com óculos grossos. - Ele é um cara tranquilo. Sempre educado e muito reservado. Não se mete em confusão, sabe? Acho que até pode ser um pouco introvertido.

O tempo entre nós - LINGORMOnde histórias criam vida. Descubra agora