Capítulo 4

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Jungkook

No dia seguinte, amanheceu nublado, e a chuva caía sem parar. Essa cidade chovia demais. Me levantei, vesti uma bermuda e desci as escadas sem me preocupar em colocar uma camisa.

Ao chegar na cozinha, notei um bilhete pregado na geladeira. Era de Gabriel. Ele tinha saído cedo e avisado que voltaria em dois dias. Como sempre, o recado terminava com um lembrete: "Se comporte na minha ausência."

Eu ri de leve, tirando o bilhete da geladeira e jogando na mesa.

— Tá bom, maninho... vou me comportar — murmurei pra mim mesmo, enquanto abria a geladeira à procura de algo pra comer. Mas uma parte de mim sabia que, com aquela chuva e tudo tão quieto, a tentação estava só esperando a primeira oportunidade para bater na porta.

Peguei algo rápido para comer e me joguei no sofá, ouvindo o barulho constante da chuva lá fora. A cidade parecia um deserto. Nenhuma alma viva ousava sair com aquele tempo, e a quietude só fazia o tédio aumentar.

— Dois dias sozinho... o que pode dar errado? — murmurei, tentando me convencer de que seria fácil me manter fora de encrenca.

Mas no fundo, eu sabia. Aquela "santa" do outro lado da rua não ia me deixar em paz por muito tempo. Olhei para a janela, como se pudesse sentir que algo estava prestes a acontecer.

De repente, ouvi uma batida leve na porta. Meu corpo inteiro ficou alerta.

— Não... só pode ser coisa da minha cabeça — falei, mas o som se repetiu.

Levantei do sofá, hesitante. Quem viria até aqui com essa chuva?

Quando abri a porta, lá estava ela. A "santa" da janela, molhada, o vestido colado a cada centímetro do seu corpo, destacando suas curvas de uma maneira que tornava impossível não olhar. Aquele sorriso, que beirava o proibido, fazia qualquer um esquecer o que era certo ou errado.

— Você está sozinho? — ela perguntou, com uma voz suave, mas carregada de segundas intenções.

Tentei manter a compostura, mas era como se a própria tentação tivesse batido à minha porta. Suspirei, já sabendo que as próximas 48 horas iam ser muito mais complicadas do que eu tinha imaginado.

— Nossa, para um padre, você tem muitas tatuagens — ela disse, com um sorriso malicioso.

Só assim me lembrei que estava sem camisa. Instintivamente, cruzei os braços sobre o peito, tentando disfarçar.

— O que posso te ajudar? — perguntei, tentando soar indiferente, mesmo com meu coração batendo acelerado. Cruzei os braços, fingindo que era apenas um gesto casual, mas na verdade era para evitar olhar diretamente para ela. Eu tentava não mostrar como ela estava sexy, molhada da chuva, com o vestido colado ao corpo.

Ela deu um sorriso de canto, percebendo que eu estava tentando manter a compostura.

— Só queria ver se você estava bem... — disse, com uma voz inocente, mas o olhar sugeria qualquer coisa, menos inocência. Ela se aproximou, o cheiro de chuva e perfume tomando conta do ar.

— Estou ótimo, obrigado... — menti, desviando o olhar para a janela, como se o tempo lá fora fosse mais interessante do que a situação bem na minha frente.

Ela não parecia convencida. E, honestamente, nem eu estava.

— Desculpa, padre... — ela começou, mordendo o lábio, tentando parecer arrependida. — Meus pais acompanharam o padre Gabriel até a cidade vizinha. Eu estava na casa do meu namorado... quer dizer, ex-namorado agora — ela acrescentou, tentando soar triste. — E meus pais não deixaram a chave da casa. Agora, estou do lado de fora e não tenho pra onde ir. Só pensei em vir pra cá, já que você tá morando com o padre Gabriel. Então, você é meu vizinho... e eu vim pedir ajuda.

"Máscara de Santidade"Where stories live. Discover now