Capítulo 25

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Jungkook

— Você escutou o que eu falei? — A voz de Gabriel corta meus pensamentos, me puxando de volta para a realidade. Eu estava tão perdido nas preocupações.

Olho para ele, ainda tentando focar no que está acontecendo ao meu redor. — O que você perguntou?

Gabriel solta um suspiro impaciente, cruzando os braços enquanto me encara com seriedade. — Eu disse pra você ficar longe da Ângel, JK. Você não deve vê-la mais. Isso está saindo de controle.

As palavras dele me atingem como um soco no estômago. Eu sei que ele está tentando me proteger, mas o peso da situação é maior do que eu posso suportar agora. Aperto os olhos, sentindo o cansaço pesar em meus ombros, e tento manter a calma.

— Como posso fazer isso, Gabriel? — A minha voz sai quebrada, carregada de frustração e desespero. — Como você espera que eu fique longe dela, com tudo o que está acontecendo?

Gabriel balança a cabeça e senta ao meu lado, sua expressão suavizando um pouco. — Eu entendo que você está preocupado, irmão. Mas você tem que ser realista. Quanto mais você se envolve, pior vai ficar pra ela... e pra você também.

Eu abaixo a cabeça, sentindo a pressão crescer dentro de mim. Tudo o que eu queria era proteger Ângel, mas Gabriel tem razão em parte. O perigo é real, e eu estou arrastando ela para um problema que talvez nem consiga resolver.

— Eu sei que você está tentando me proteger, mas agora eu preciso de você de outro jeito, Gabriel — falo, olhando para ele com os olhos cheios de lágrimas, a voz trêmula. — Eu preciso de um irmão mais velho, alguém que me ajude a pensar numa saída. Eu não quero perder a Ângel... não posso perdê-la. Por favor, eu não sei como sobreviveria sem ela. Eu a amo, Gabriel. Amo como nunca amei ninguém.

Gabriel me encara em silêncio, e eu sinto um nó se formando na minha garganta, as palavras saindo com dificuldade, como se cada uma me arrancasse um pedaço da alma.

— Eu sei que estou sendo egoísta — admito, minha voz falhando. — Ela merece ser feliz, merece alguém que possa dar a ela uma vida estável, um futuro. E o que eu tenho a oferecer? Eu sou um procurado, Gabriel. Que tipo de vida eu poderia dar a ela? Que futuro ela teria ao meu lado?

Sinto as lágrimas queimando meu rosto enquanto falo, incapaz de segurar a dor que há dias venho tentando sufocar. — Mas mesmo sabendo disso... eu não consigo. Eu não quero deixá-la ir. Não posso. Eu sei que talvez a decisão mais certa seria deixá-la, mas... eu simplesmente não consigo. Por mais que isso me destrua por dentro, a ideia de vê-la longe de mim, de vê-la nos braços de outro, me rasga por dentro.

Respiro fundo, tentando controlar a angústia que ameaça me engolir, mas sei que meu desespero é evidente. Gabriel me observa, e, por um momento, vejo a resistência dele balançar. Ele nunca me viu assim antes, tão vulnerável, tão desesperado. E eu sei que ele entende o que estou passando, mesmo que ele ache que a melhor saída seja outra.

— Eu só preciso de um jeito... de uma chance. E eu preciso de você pra me ajudar a encontrar isso — digo, segurando o olhar de Gabriel, mesmo com as lágrimas turvando minha visão.

— Mas se eu a amo, o melhor a fazer é... — minha voz falha, e sinto um soluço preso na garganta enquanto as lágrimas escorrem pelo meu rosto. — Fugir sem dizer adeus. Deixar ela aqui, construir a vida dela com alguém que possa dar um futuro de verdade pra ela.

As palavras saem rasgando meu peito, cada uma carregada de uma dor que eu nunca pensei que sentiria. Minhas mãos tremem, e eu cubro o rosto, tentando segurar o choro, mas é impossível. A ideia de me afastar, de desaparecer da vida dela sem nem poder dizer adeus, é como arrancar um pedaço de mim mesmo. E ao mesmo tempo, sinto que talvez seja a única forma de protegê-la, de dar a ela uma chance de ter a felicidade que merece, longe do caos em que minha vida se tornou.

"Máscara de Santidade"Where stories live. Discover now