Capítulo 10

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Jungkook

Acordei ainda atordoado, sem acreditar no que aconteceu. Como me deixei ser tão fraco? Mas não posso negar que foi bom, na verdade, foi o melhor sexo da minha vida. Passo a mão pela cama, procurando por ela, mas não a encontro.
Passo a mão pela cama. O lençol ainda está quente do lado dela, e o cheiro suave do perfume flutua no ar. O silêncio no quarto é denso, como se o momento tivesse sido engolido por uma realidade repentina. Me sento, esfregando o rosto, tentando organizar os pensamentos.

Ela foi embora, sem dizer uma palavra. Uma sensação estranha se arrasta pelo meu peito. Parte de mim quer acreditar que foi só um sonho, mas o corpo cansado e os detalhes ainda vivos na minha mente me dizem o contrário.

Aquela diaba conseguiu o que queria. Pior, deixou uma marca em mim, como uma tatuagem gravada na alma. Uma maldição. Maldita diaba.

Passo a mão pelo pescoço, onde ainda sinto o calor do toque dela, quase como se estivesse queimando. A lembrança dela é como um veneno que se espalha lentamente, me deixando confuso, preso entre o desejo e o arrependimento. Como fui tão idiota? Ela sabia exatamente o que estava fazendo, jogando comigo, me manipulando. E eu, cego de vontade, caí como um rato numa armadilha.

Olho de novo ao redor, procurando algum sinal, qualquer coisa que prove que ela realmente esteve aqui. Mas não há nada, nem um vestígio. Só a memória, essa maldita sensação que não me larga.

Talvez fosse mais que apenas uma noite de prazer. Talvez houvesse algo mais por trás daquele olhar intenso, daquele sorriso misterioso. Como se tivesse me marcado, não só por fora, mas por dentro também.

Me deito, tentando afastar os pensamentos, mas é impossível. Cada momento daquela noite volta à mente com uma intensidade que me faz estremecer. A sensação é diferente de tudo que já vivi com qualquer outra mulher. O jeito que ela se movia, o toque dela, o olhar profundo que parecia ver dentro de mim...

Era a primeira vez dela. Mas, mesmo assim, ela sabia exatamente como me dominar, como me controlar de uma forma que nenhuma outra jamais conseguiu. Não era só sobre o corpo, era como se ela soubesse mexer com minha mente, me puxar para um lugar onde eu não tinha controle, onde eu era só dela.

Cada beijo, cada toque, parecia planejado, com uma precisão quase cruel. E eu, rendido, incapaz de resistir. Agora, deitado aqui, sinto como se ainda estivesse preso naquele momento, como se a marca dela estivesse gravada em mim de uma forma que eu não consigo apagar.

Eu deveria me sentir livre, aliviado, mas em vez disso, me sinto vazio, como se ela tivesse levado algo de mim.

No calor do momento, tudo foi rápido demais. Agora, deitado aqui, a realidade me atinge: nas outras duas vezes, não usamos camisinha. Como pude ser tão irresponsável? Preciso arrumar uma pílula do dia seguinte para ela, mas como vou fazer isso sem chamar atenção?

As pessoas me conhecem, acham que sou um padre de verdade. Não posso me arriscar a ser visto comprando uma pílula do dia seguinte.

Eles me enxergam como uma figura de autoridade religiosa, e o que iriam pensar se me vissem numa farmácia, comprando algo assim para uma mulher? Seria o fim da farsa.

E se ela fosse comprar? Não quero que isso recaia sobre ela, não seria justo. Não posso deixar que a minha irresponsabilidade manche a imagem dela também. Ela já tem bastante com que lidar, e eu, supostamente, deveria ser o responsável.

Me levanto decidido, apesar da cabeça ainda estar uma bagunça. Visto uma calça preta, uma jaqueta da mesma cor, e coloco um boné bem baixo para cobrir o rosto. Puxo uma máscara do bolso e a coloco, cobrindo o restante do que o boné não esconde. Estou irreconhecível, ou pelo menos é o que espero.

Olho no espelho por um segundo. Não sou mais o mesmo cara de algumas horas atrás. Algo mudou. O peso da noite ainda está em mim, mas agora, o foco é outro: resolver o problema. Não posso ser visto. Ninguém pode suspeitar de nada. O disfarce vai ter que ser suficiente.

Saio pela porta, o coração batendo mais rápido que o normal.

Avisto a farmácia mais próxima. Sorte que as ruas estão vazias; isso me dá uma sensação estranha de alívio. Com passos firmes, mas tentando não chamar atenção, entro no local. O som suave da porta automática se abrindo faz meu coração acelerar um pouco.

Vou até a atendente. Ela está de costas, ela parece família, com cabelos longos e escuros. Quando ela se vira, vejo a "Diaba com nome de anjo" me olhando com um sorriso nos lábios.

— Você pode até tentar disfarçar, mas esses olhos de jabuticaba não têm como não reconhecer — diz ela.

— O que você faz aqui, Diaba? — pergunto, tentando disfarçar a tensão na voz.

Diaba ergue uma sobrancelha, um sorriso divertido nos lábios.

— Se você continuar me chamando assim, vou ter que te arrastar para trás do balcão — diz ela, com um tom meio brincalhão, meio sério. — E eu não sei se você está pronto para isso.

Sinto um frio na espinha, mas mantenho a calma.

"Máscara de Santidade"Where stories live. Discover now