Capítulo 22

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Com sua recém descoberta, Ava não tinha forças para encontrar Elizabeth e Edgar em algum lugar da casa. Então, após o ocorrido, preferiu se manter distante, pensando em tudo o que acabara de descobrir sobre si mesma e no quanto aquilo era aterrorizante.

O dia se passou e tudo que ela conseguiu ouvir do outro lado da porta foram os passos próximos de seu quarto e sussuros dos Feyler mais velhos, mas em momento algum eles tentaram entrar ou conversar com ela. Ava achou aquilo muito bom; precisava mesmo de um momento sozinha.

Tentou rezar inúmeras vezes, mas não conseguia pensar nas palavras, então optou por apenas deitar-se em sua cama e deixar as lágrimas rolarem.

Sequer percebeu quando adormeceu, mas quando acordou pôde ver que já havia amanhecido. Estava confusa sobre como tinha ido dormir, mas logo as lembranças voltaram. Era quase hora de voltar para o convento, mas ela ainda tinha coisas a resolver.

Lavou-se e trocou as roupas casuais pelo hábito branco. Abotoou os pequenos botões perto da nuca antes de enrolar o cabelo longo em um coque e prender com alguns grampos para cobrir com o véu.

Colocou o terço católico em volta do pescoço e voltou a arrumar suas coisas. Quando acabou, segurou as duas alças da bolsa e se dirigiu a saída do quarto. Respirou fundo antes de abrir a porta e sair, dando de cara com seus pais.

Ao contrário do dia anterior, suas feições pareciam tristes e seus olhos vermelhos; provavelmente andaram chorando, assim como Ava.

Elizabeth abriu um sorriso caloroso e orgulhos ao olhar para a filha enquanto Edgar observava cada detalhe com curiosidade.

- você... - Beth quebrou o silêncio entre eles - está tão linda vestida assim, minha filha. Devo confessar que estava ansiosa para ver como lhe caía o hábito.

- Ainda é difícil ver o quanto você cresceu, Moranguinho.

Ava tentou se conter, mas ao ouvi-los falar daquela maneira fez seu coração se partir. Ela não podia acreditar no que aquela carta dizia, mesmo sabendo que era verdade. Aquelas duas pessoas paradas na sua frente eram seus pais, fosse verdade ou não.

Ela viu os olhos da mãe encherem-se de lágrimas e não conseguiu conter a enorme vontade de abraça-los. Então andou até lá e puxou sua mãe para o abraço mais verdadeiro e puro; Edgar, com seus braços grandes, cercou as duas para um abraço familiar demorado.

- eu amo vocês, mas preciso saber mais.

a voz abafada de a Ava proferindo aquelas palavras assustou os mais velhos que a afastaram sem deixar de tocá-la.

- o que quer dizer com isso, querida?

- eu vou procurar aquela pessoa que enviou a carta e esclarecer tudo - Ava os guiou para que sentassem e ficou de frente para eles. Seus olhares assustados de encontro com o olhar triste, porém determinado da filha - eu amo vocês e nada nem ninguém vai mudar o fato de que vocês são meus pais; os que me criaram, amaram e educaram. Mas espero que entendam que há alguém por aí que sabe de onde eu vim e quem me deixou naquela porta e eu preciso saber.

- e se for alguém querendo fazer mal a você, minha filha? o mundo é perigoso e são as pessoas que tornam o mundo tão ruim, ainda mais para uma mulher jovem e ingênua como você. - Edgar tentava pôr algum juízo na filha.

- eu sei, papai, mas eu preciso tentar. Noite passada eu tive um sonho estranho, mas diferente do habitual. Eu encontrava o remetente da carta e ele me contava algo sobre os meus... bom, as pessoas que me trouxeram ao mundo.

- minha filha, é arriscado demais! você vive naquele convento cercada por freiras e, se o que você disse sobre Abigail for verdade, não há maneira de sair de lá - disse Beth - foram três anos para que ela deixasse você vir nos visitar e ainda assim por apenas um dia, Ava! você não pode simplesmente sair por aí para procurar uma pessoa que ninguém conhece.

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⏰ Última atualização: 3 days ago ⏰

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