O cheiro do vestiário ainda estava impregnado em mim, uma mistura de suor e desinfetante. O jogo contra o Japão havia sido uma batalha épica, mas o que mais me marcava não era apenas a vitória; era a conexão que eu sentia com Carolana.
Enquanto as outras jogadoras se dispersavam, rindo e celebrando, eu permaneci um pouco mais, perdida em meus pensamentos. A adrenalina do jogo começava a se dissipar, mas a sensação dela ao meu lado ainda estava fresca. Era como se estivéssemos em uma dança perfeita, cada movimento nosso se encaixando de maneira harmoniosa.
Lembrei-me do momento em que nos olhamos durante aquele ponto decisivo. O mundo ao nosso redor parecia desaparecer e tudo que importava era nós duas. Eu sentia que havia algo especial naquela sintonia, algo que ia além do vôlei.
"Priscila!" A voz de Carolana me trouxe de volta à realidade. Ela estava se aproximando, seu sorriso iluminando o ambiente. "Você foi incrível hoje! Aquela defesa no terceiro set foi sensacional!"
"Obrigada! Mas você também foi espetacular! Seu ataque no final... Uau!" Respondi, tentando esconder minha vulnerabilidade. Eu queria mais do que elogios; queria estar perto dela, sentir aquela conexão novamente.
"Vamos comemorar?" Ela sugeriu, seus olhos brilhando com entusiasmo.
"Claro! Estou dentro!" disse eu, tentando parecer mais animada do que realmente estava. O que eu realmente queria era ter um momento só nosso, longe da agitação da equipe.
Enquanto caminhávamos juntas para o bar onde a equipe havia decidido se reunir, não pude evitar de sentir uma pontada de saudade. Saudades dos momentos em que éramos apenas nós duas, rindo e conversando sobre tudo e nada ao mesmo tempo. Lembrei-me das tardes depois dos treinos, quando ficávamos jogando conversa fora até o sol se pôr.
"Você está pensativa," Carolana comentou, quebrando meu devaneio.
"É... só estou lembrando de como sempre nos divertimos juntas," confessei. "Sinto falta disso."
Ela parou por um instante e me olhou nos olhos. "Eu também sinto falta. Às vezes parece que estamos tão focadas nos jogos que esquecemos de aproveitar esses momentos."
Aquelas palavras ressoaram em mim como uma melodia familiar. Era verdade; no meio da pressão e das expectativas, havíamos perdido um pouco da leveza da nossa amizade.
"Que tal fazermos algo diferente depois dos jogos? Apenas nós duas?" Eu sugeri, sentindo meu coração acelerar com a ideia.
"Adoraria!" Ela respondeu com um sorriso genuíno. "Podemos ir a um café ou fazer algo divertido."
Enquanto continuávamos a caminhar em direção à festa, percebi que aquele momento não era apenas sobre a vitória ou o jogo; era sobre relembrar o quanto éramos fortes juntas — tanto dentro quanto fora da quadra. E aquela conexão? Eu sabia que era algo especial que merecia ser cultivado.
A noite prometia ser cheia de risadas e celebrações, mas eu estava mais animada com o que viria depois: reencontrar nossa amizade e redescobrir aquela sintonia única entre nós.
