Capítulo 23

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Elisa

Depois de um almoço e uma tarde muito agradável, eu e Malee deixamos Tor em sua casa e os gêmeos no dormitório. Agora estamos no carro, seguindo de volta para o apartamento, envoltas em uma atmosfera tranquila, mas carregada de uma tensão suave, quase palpável.

Eu observava Malee dirigir pelo curto trajeto, admirando a forma como seus traços suaves se destacavam na luz do entardecer que invadia o carro. Seu rosto, mesmo sereno, mostrava sinais sutis de cansaço, o que me fazia pensar na sua rotina exaustiva de filmagens. Ela sempre mantinha uma aura de calma, como se o peso do mundo não a tocasse, mas eu sabia o quanto ela se dedicava a tudo o que fazia. E, naquele momento, não pude evitar o desejo de querer cuidar dela também, de ser a tranquilidade no meio da sua tempestade.

Malee pareceu perceber que eu a estava observando pela visão periférica e, com um movimento leve, olhou brevemente para mim antes de voltar sua atenção para o trânsito.

- Por que está me olhando assim? - ela perguntou com aquele sorriso irresistível, o mesmo que fazia meu coração acelerar toda vez, como se fosse a primeira.

Eu demorei um segundo para responder, ainda hipnotizada pela simplicidade daquele gesto.

- É impossível não olhar para você. A culpa é sua por ser tão linda. - falei, realmente indignada. Como era possível ela ficar cada vez mais bonita? Às vezes, ela parecia mais um sonho do que alguém real.

Malee soltou uma risada suave, que soava como música para meus ouvidos. Sem desviar o olhar da estrada por muito tempo, ela estendeu a mão, pegou a minha com delicadeza e a levou aos seus lábios. Seu beijo foi demorado, íntimo, o suficiente para me causar arrepios por todo o corpo. Eu quase podia sentir a eletricidade passar pela minha pele, deixando meus pensamentos embaralhados.

Fiquei em silêncio por um instante, tentando absorver o significado daquele toque, daquela conexão que parecia se fortalecer a cada pequeno gesto. Eu sabia que momentos como esse, em que o mundo lá fora se tornava secundário e só nós duas importávamos, eram raros, preciosos.

- Obrigada por hoje, Malee, - eu sussurrei, finalmente quebrando o silêncio com palavras sinceras, meu coração pulsando com gratidão e algo mais profundo que eu ainda estava descobrindo.

Ela olhou rapidamente para mim mais uma vez, o sorriso ainda dançando em seus lábios.

- Eu deveria ser a agradecida, Elisa. - Sua voz era suave, mas firme. - Cada segundo com você vale mais do que qualquer coisa.

Essas palavras me atingiram de uma maneira que eu não esperava, e enquanto o carro seguia seu caminho pelas ruas de Bangkok, o clima entre nós parecia se aquecer ainda mais, como se o simples ato de estarmos juntas carregasse consigo uma promessa silenciosa de tudo o que poderia vir a ser.

- Você parece cansada... - comentei, minha preocupação era genuína. Havia algo na forma como seus ombros caíam levemente, no olhar mais suave, que me fazia querer cuidar dela.

- E eu estou - Malee admitiu, sem rodeios. - Mas o bom é que terei dois dias de folga.

A ideia me iluminou quase imediatamente. Malee raramente tinha tempo livre, e eu queria aproveitar cada segundo ao lado dela.

- Eu tenho uma ideia... - comecei, com um sorriso que já antecipava sua reação. - Que tal termos um dia de preguiça juntas amanhã? Podemos ficar em casa o dia todo, assistindo filmes, juntinhas...

Malee virou o rosto para mim com aquele brilho malicioso nos olhos, e eu sabia que tinha sua atenção.

- Acho uma excelente ideia. - Ela fez uma breve pausa, como se ponderasse algo com diversão. - Na minha casa ou na sua?

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