Prólogo

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A festa oferecida à nossa equipe "Os Corvos do Rei", está em seu ápice. Os convidados se encontram mais desembaraçados, o álcool já fala por eles, e algumas das mulheres dos grandes empresários começam a se exibir para alguns dos atletas do time.

Ashley Carter, a minha namorada da vez, bebe seu champanhe e com seu olhar superior não deixa que nada escape.

— Essas mulheres não se dão ao respeito, será que não percebem como são ridículas? — comenta ao meu lado.

Eu olho na mesma direção que ela, vejo a esposa do sr. Lewis, Emma Lewis, flertar com Michael, o defensor do nosso time, que além de casado, tem uma amante fixa na suíça, onde costuma passar as férias.

É notável como a sra. Lewis, uma mulher 40 anos mais jovem que o marido, está próxima demais ao Michael, que tem um sorriso sacana e parece gostar de jogar com o perigo, afinal o marido da referida mulher é um dos patrocinadores dos "Corvos do Rei". Eu gosto do Michael, e como jogador de polo, é um dos melhores defensores, no entanto, vive se enfiando em encrencas por causa de alguma mulher.

Volto a degustar meu Whisky e olho para Ashley, seu olhar é mortal em direção a Michael e a sra. Lewis. Não sei o que a afeta tanto. Então me lembro do que aconteceu mais cedo, durante o café da manhã no hotel: Ashley chegou a mesa do café bastante afobada e com a as bochechas vermelhas. Recordo que, no momento seguinte, Michael entrou no salão, e ele arrumava as calças.

Como não percebi isso antes?

Algo acontecia entre eles, pois antes de entrar em campo, já montados em nossos cavalos, Michael parou ao meu lado e tocou meu ombro, ele me olhava de maneira arrependida.

— Eu gosto muito de você, só espero que um dia possa me perdoar por alguma coisa.

Eu ri, e o encarei.

— Você sabe que não pode beber antes do jogo? Você fala coisa com coisa, cara.

Michael olhou para frente e forçou um sorriso.

— Vamos lá vencer esses idiotas — disse e cavalgou para longe de mim.

Agora entendo sua atitude de hoje cedo. Eu rio, sacudindo a cabeça.

— Vocês são inacreditáveis — solto e encaro Ashley, que volta o seu olhar para mim.

— Do que está falando? — pergunta.

— Como não percebi sobre vocês? — indago mais para mim mesmo do que para Ashley.

— Seja Claro, Javier. Não entendo o que diz — responde, na defensiva.

Nós estamos de pé, próximos ao balcão onde os garçons arrumam as bebidas. Eu seguro o seu queixo e não deixo que ela evite o meu olhar.

Eu dou um sorriso, cínico.

— Você sabe, Ashley, e só não reparei antes, porque estava concentrado na final do campeonato. — Eu suspiro, com o olhar cravado ao seu. Ela está nervosa. — Você não tem moral para falar de qualquer mulher daqui.

Ashley me olha com raiva.

— Não é porque você é o todo poderoso Javier Martinez que pode falar assim comigo — protesta.

Dou um riso de escarnio.

— Até onde eu sei, o Michael é um homem casado, o que faz você pensar que é melhor do que qualquer um, e criticar alguém? — jogo em sua cara, não me importando com a malícia em suas palavras.

Ela faz uma expressão prepotente.

— Se for para expor nossos pecados, você não fica de fora, Javier... ou pensa que não sei sobre as variadas mulheres que passam em sua cama?

Há algum tempo reparei que Ashley é o tipo que não assume seus erros, e para isso ela procura um modo de expor os erros dos outros.

— Eu não nego. Porém não saio por aí fodendo mulheres casadas, e eu não engano nenhuma mulher, sou franco com todas, inclusive você — rebato.

Tenho ciência de que não sou santo, eu não sou o tipo de se apegar a uma única mulher, não por muito tempo. Eu gosto do meu espaço e além do mais, já vi muita coisa. Eu não confio em ninguém, em especial as mulheres. Já senti na pele como elas podem ser interesseiras.

Não estou dizendo que todas são maldosas, porém, prefiro continuar desta maneira. Sem envolvimento, sem sofrimento, esse é o meu lema.

Ashley se afasta de mim e coloca sua taça em cima do balcão. Ela é uma ruiva muito bonita, pena que é soberba e trata a maioria como lixo, e nós só tivemos um relacionamento curto, com um bom sexo e nada mais. Eu já pensava em conversar com ela, e terminar tudo. Mas com essa conversa, sei que ficaremos por aqui.

Ela me olha.

— Eu gostei de ficar com você Javier, mas para mim chega, não quero mais ver você — diz empinando o nariz.

Eu tenho vontade de rir, mas não quero causar transtorno. Deixe que ela pense que está acabando tudo. Nunca me importei com essa merda de quem termina ou não um namoro, se isso de estarmos saindo há um pouco mais de um mês pode ser considerado namoro.

Um garçom sai detrás do balcão, e pego um copo de água da bandeja, eu bebo e olho para Ashley.

— Tudo bem — digo com calma.

— Você não se importa comigo? — Ela parece incomodada com minha reação.

— Ashley, somos adultos, e sabemos que hoje pela manhã você estava com o Michael, meu colega de equipe, em algum canto deste hotel. Vamos nos poupar dessa conversa fiada.

Ashley bufa, com raiva, e passa por mim se esbarrando em meu ombro, propositalmente. Só não sei se sua raiva é por mim, ou por Michael, que ainda conversa com a esposa do sr. Lewis.

Eu rio, ponho o copo vazio sobre o balcão e decido dar uma volta pela festa, desta forma, vejo Marco Dixon, um grande empreendedor, ele tem negócios por toda a Europa e me propôs um grande investimento. Ele sabe que, além de jogador de polo, sou empresário e proprietário de uma grande marca de produtos esportivos. E como estou perto de me aposentar do polo, penso em me dedicar aos negócios.

Talvez esse seja um bom momento para investir no ramo hoteleiro, numa ilha paradisíaca no México. Nada melhor que arriscar, e isso é um dos privilégios de não se envolver seriamente com nenhuma mulher: A liberdade de se aventurar.

A minha vida é muito perfeita para que eu me deixe levar por sentimentalismo.

Grávida do Magnata EspanholOnde histórias criam vida. Descubra agora