Capítulo 08

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Desde cedo, meu dia parece amaldiçoado – mais uma vez. O despertador não toca, tropeço no tapete, derrubo o café, tranco-me fora de casa... e tudo isso antes das oito da manhã. Na loja da dona Rosa, continuo tentando afastar os pensamentos sobre o homem arrogante da faculdade. Mas seu rosto e sua presunção continuam a me perseguir.

Decido que preciso de uma pausa. Ligo para minha amiga, Lucía Chavez, e combinamos de nos encontrar no bar à beira da praia. Ela está grávida de cinco meses e sempre tem uma palavra de conforto.

Quando chego ao bar, vejo Lucía acenando para mim. Seu rosto está radiante, e a gravidez lhe cai bem.

— Ayla! Aqui! — ela chama.

Eu me aproximo, dando um sorriso.

— Oi, Lucía! Como você está? — pergunto, abraçando-a cuidadosamente.

— Estou ótima! E você, como está? Parece cansada — ela observa, preocupada.

— É, para falar a verdade, meus dias têm sido um desastre após o outro... Mas você está linda! A gravidez está te fazendo muito bem — respondo, me sentando ao seu lado.

— Obrigada! Paulo também está animado. Ele está na loja, cuidando de tudo. É incrível como ele está dedicado — diz Lucía, com um brilho nos olhos.

Ela é uma morena muito bonita, com olhos escuros e cabelos castanhos que vão até seus ombros, e está mais linda com a gravidez.

— Paulo sempre foi assim. Desde que você o conheceu, ele se mostrou um homem responsável e amoroso. Tenho certeza de que será um pai maravilhoso — acentuo com sinceridade.

— Nós dois sabemos que você teve um papel fundamental nisso. Foi você quem nos apresentou, lembra? — comenta ela dando uma risada.

Eu também rio.

— Sim, lembro. Foi numa das minhas festas improvisadas — respondo, feliz pelos meus dois amigos. — E eu sabia que vocês seriam perfeitos juntos — cochicho e ela suspira.

O garçom chega para anotar nossos pedidos, e pedimos dois sucos de frutas. Enquanto esperamos, aproveitamos para colocar a conversa em dia.

— E como estão as coisas em casa? — indaga Lucía, com um olhar compreensivo. Ela sabe das dificuldades com Esmeralda.

Deixo escapar um suspiro, desanimado.

— Ah, Lucía... A situação não melhora. Esmeralda continua me provocando. Anteontem, foi a uma festa na casa do Ignácio e fez questão de me contar. Você acredita? — desabafo.

— E como você se sentiu? Ainda gosta dele? — pergunta Lucía, tocando levemente minha mão.

— Não, não gosto mais dele. Mas a traição ainda dói. Principalmente por parte da Esmeralda. É difícil esquecer como ela me apunhalou pelas costas — confesso, olhando para o horizonte.

— Você é forte, Ayla. Já superou tanto. Esmeralda só quer te provocar. Ela sabe que Ignácio não significa mais nada para você, mas quer mexer nas suas feridas — Lucía diz, tentando me confortar. — Mas sempre achei sua irmã muito maquiavélica — diz em tom baixo.

Eu balanço a cabeça, não posso tirar sua razão. Esmeralda sempre foi assim, ela tem um instinto de maldade que chega me dá medo, só fico com pena da minha mãe, eu sei o quanto ela já chorou por causa da Esmeralda.

— Eu sei. Tento ignorar, mas às vezes é difícil. Principalmente quando vejo que ela está sempre competindo comigo. Parece que quer provar que é melhor, de alguma forma — respondo, suspirando.

Grávida do Magnata EspanholOnde histórias criam vida. Descubra agora