CAPÍTULO 9

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Jake despertou com o som insistente de um passarinho bicando o vidro da janela. A claridade da manhã preenchia o quarto, mesmo com a janela fechada, deixando-o mais claro do que o habitual. Ele sentiu o sol diretamente em seus olhos e percebeu que algo estava errado, pois o quarto estava imerso em uma luz que indicava que já era tarde. Normalmente, ele gostava de acordar cedo, exceto aos domingos, quando permitia-se dormir um pouco mais. Contudo, essa manhã parecia ser diferente, e a dor de cabeça que começou a pulsar em sua testa apenas reforçava essa sensação.

Jake tentou se ajustar à luz que invadia o quarto e se virou lentamente para o lado. Foi então que seus olhos encontraram Théo, deitado ao seu lado, observando-o com os olhos arregalados.

A surpresa foi tão grande que Jake soltou um grito involuntário. O choque do encontro inesperado, combinado com a confusão causada pela dor de cabeça, fez com que ele perdesse o equilíbrio e caísse da cama com um estrondo, aterrissando abruptamente no chão frio.

Enquanto se recompunha, atordoado pela queda, Jake olhou para Théo, ainda deitado na cama e aparentemente despreocupado. A mente de Jake girava tentando entender como ele tinha chegado ali.

— O que você está fazendo no meu quarto? — Jake perguntou, a voz ainda um pouco embargada pela surpresa e pela dor. — E como você entrou aqui?

— Para a minha defesa, o quarto não estava trancado. Então, eu entrei.—Théo, mantendo uma expressão relaxada, levantou um pouco a cabeça do travesseiro e respondeu com um tom casual.

A simplicidade da resposta e a tranquilidade de Théo contrastavam com o caos interno de Jake. Ele estava tentando controlar a raiva e a confusão, balançando a cabeça, incomodado pela falta de consideração do amigo.

Porém, para Théo, não havia nada de errado. Ele havia chegado pontualmente, respeitando a rígida política de Jake sobre horários, um princípio que ele sempre sublinhava com a frase: "Nem um minuto a mais."

Théo, que conhecia bem a importância que  amigo atribuía à pontualidade, achou particularmente estranho quando Marjorie lhe informou assim que chegou que Jake ainda estava dormindo. Normalmente, ele estaria ativo e na cozinha bem cedo, quando ela se levantava.

Marjorie, surpresa com o atraso de Jake, sugeriu a Théo que verificasse se seu filho já estava de pé.

Théo, com sua mente curiosa e espontânea, não hesitou. Ao chegar ao quarto, encontrou a porta aberta — um sinal claro de que não estava trancada. Para Théo, isso era suficiente para supor que Jake já estava acordado ou, pelo menos, que sua privacidade não seria comprometida.

Movido por uma curiosidade quase infantil, Théo entrou no quarto sem pensar muito nas consequências. Para ele, o ato de verificar se Jake estava realmente acordado não parecia invasivo, mas sim uma forma de garantir que o amigo estava bem. Seu comportamento, muitas vezes desafiador das normas sociais, refletia uma abordagem despretensiosa e impulsiva, típica de alguém que age mais por impulso do que por consideração cuidadosa.

Quando Théo deu de cara com Jake ainda adormecido, ele não percebeu a gravidade da situação. A ideia de vigiar o sono do amigo, embora inusitada, não era para Théo uma transgressão, mas sim um gesto de preocupação genuína.

— Você está com cara de ressaca — comentou Théo, observando Jake com um leve sorriso.

Jake, ainda confuso e com os olhos semicerrados devido ao desconforto, não conseguiu responder imediatamente. Em vez disso, começou a coçar o rosto e a procurar os óculos que haviam caído em algum lugar na cama. Com um gesto apressado e um leve resmungo, ele vasculhava os lençóis enquanto Théo o observava, com um olhar atento.

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