RIDE OR DIE

CAPÍTULO 11

Jake estava sendo consumido por uma onda avassaladora de emoções: medo, confusão e uma insegurança que o fazia questionar tudo ao seu redor. 

Suas mãos estavam frias e úmidas de suor, e seu coração ainda martelava com força no peito. 

A imagem do homem que Jake encontrara no quarto de Kyoko estava gravada em sua mente como uma cicatriz impossível de apagar. O olhar frio e ameaçador que o sujeito lhe lançara, como se estivesse pronto para acabar com sua vida ali mesmo, fazia o corpo de Jake tremer sempre que revivia a cena.

Ele tinha muitas perguntas girando em espiral na sua cabeça, mas a que mais o torturava era: por que Kyoko precisava de um guarda-costas? Ele sabia que ela provavelmente vinha de uma família rica; isso era evidente não só pelo comportamento refinado e pela maneira elegante como se portava, mas também pelo colar que ela havia perdido — uma joia antiga, valiosa e com um ar de herança familiar. Contudo, a presença de um segurança daquele porte sugeria algo mais. Jake não conseguia aceitar que fosse apenas por ser rica.

É claro, pessoas com dinheiro costumam se cercar de seguranças, muitas vezes acreditando que são imunes às ameaças do mundo ao seu redor se puderem pagar por proteção.

 Mas nem todos os ricos pensavam assim. Algumas pessoas, mesmo tendo grandes fortunas, preferiam viver de maneira mais simples, sem ostentar ou se isolar atrás de camadas de proteção. Ele conhecia histórias de famílias que, apesar da riqueza, se moviam entre os outros como qualquer um, sem a necessidade de um séquito de seguranças para marcar presença.

No entanto, Kyoko não parecia ser o tipo de pessoa que se veria como superior a alguém ou que precisaria ostentar sua fortuna para se sentir segura. Ela havia falado com ele de igual para igual, sem traço algum de esnobismo ou arrogância. Pelo contrário, havia uma sinceridade na maneira como ela se comunicava, algo natural e despretensioso. Ela não exalava aquela superioridade característica de quem acha que o dinheiro coloca uma barreira entre si e o resto do mundo.

E isso o incomodava ainda mais. Se não era apenas a riqueza que justificava a presença daquele guarda-costas intimidador, então o que era? Havia algo mais por trás daquela situação. Jake se sentia estúpido por, em um primeiro momento, ter pensado que o homem fosse o marido de Kyoko. Existiam tantas outras explicações — ela não usava aliança, não havia nada que indicasse um relacionamento sério, e ainda assim, ele não soubera ler melhor a situação. Agora, o desconforto com a ideia de que ela pudesse ter um marido não saía de sua mente, e ele se recriminava por não ter reparado nos detalhes antes de tirar conclusões precipitadas.

Antes que pudesse afundar nesses pensamentos, foi bruscamente trazido de volta à realidade por um estalar de dedos diante de seu rosto. Ele piscou, confuso, tentando se orientar, e seus olhos encontraram Andy à sua frente, a testa franzida de preocupação e os braços cruzados em um gesto de impaciência.

— Jake, estou falando com você — disse ela, a voz carregada de uma mistura de frustração e preocupação, esperando por uma resposta que ele não estava preparado para dar.

Jake ficou parado por um momento, o cérebro ainda se ajustando à realidade depois de vagar por territórios sombrios.

 Ele sabia que precisaria pensar rápido. A verdade é que ele nem sabia que Andy estaria por ali, tampouco que ela estava o observando. Para ser honesto, ele pensou que ela havia ido para a casa de Jasper depois do acontecido ou talvez ja estivesse até retornado a Paris. Agora, ele se via forçado a improvisar uma desculpa que explicasse sua presença ali, diante dela.

— Eu… eu estava andando por aqui e lembrei de uma conversa que você e a minha mãe tiveram sobre Louise estar hospedada numa pensão — começou ele, a voz saindo hesitante, sem a confiança que ele normalmente exibia. — Achei que você poderia estar por perto e decidi ver como você estava.