Speaking of Swans

The engagement

Eu não vou falar.

Ninguém consegue me convencer.

Ninguém pode me assustar.

Ninguém pode me persuadir.

Um voto de silêncio é tudo o que resta em minha língua.

Minha garganta está mais seca que pó e não pode ser saciada.

Não há riso em mim.

Vejo o jeito como os cortesãos olham para mim quando estou tricotando.

Alguns tremem e parecem murmurar uma prece em voz baixa;

eles devem suspeitar que eu sou algo profano ou então fui amaldiçoado por algum ser vil que eles não querem que venha atrás deles.

Eu os desprezo por isso.

Que direito eles têm de julgar?

Eles não me conhecem.

Que mal eu já lhes fiz?

O fato de eu não falar nem rir é realmente motivo para tanto alarme?

Nenhuma dessas pessoas tem problemas reais para lidar na vida?

Talvez não, ou se o fizerem, preferem ignorá-los e se concentrar em mim.

Aqueles que não me odeiam parecem me admirar, embora eu ache seus olhares intermináveis ​​um pouco enervantes às vezes.

As crianças do castelo são de dois tipos: muito amigáveis ​​e muito tímidas.

Os tímidos me olham curiosamente por trás dos pilares e decido que gosto deles porque são quietos, assim como eu, mesmo que não estejam sob voto de silêncio.

Por outro lado, também gosto da companhia dos simpáticos, porque eles me lembram a pequena Lucy: tão gentil, tão ansiosa para agradar, tão impressionada com qualquer coisa que possa brilhar sob o sol.

Eles se aglomeram ao meu redor para perguntar o que estou "costurando".

Tricô, eu acho, significa "O que você está tricotando?" Costurar é diferente.

Percebo que Caspian me observa enquanto sorrio para as crianças e suporto suas perguntas até que elas se cansam ou se distraem com um objeto brilhante e me deixam.

Não posso deixar de me perguntar o que ele pensa de mim.

Acho que ele gosta de mim; ele não perderia tanto tempo tentando constantemente me fazer falar com ele se não gostasse.

Ele não deve pensar que eu sou louco ou profano, ele não levaria alguém assim para sua casa, levaria?

O que mais me surpreende nele é que estou começando a perceber que talvez ele goste de mim pelo que sou e não apenas porque sou narniana.

Que ele pode simplesmente gostar da minha companhia.

O que quer que tenha atraído ele em mim no início, pode não ser necessariamente o que ele vê em mim agora.

Estou aqui em Telmar, neste castelo, há mais de um mês.

Agora, mesmo que eu nunca diga uma palavra, ele consegue dizer quando estou chateada ou quando estou (ou não) com vontade de brincar.

Ele sabe quando eu só quero que alguém fique sentado ao meu lado com a boca bem fechada para que eu não me sinta tão excluída e estranha.

E ele faz isso.