Give up?

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Não posso falar; não posso me defender.

As masmorras são escuras, não consigo deixar de pensar, muito escuras.

Já ouvi falar de lugares assim, mas esta é a primeira vez que vejo um pessoalmente.

Imagino que deva haver uma masmorra em Cair Paravel, mas nunca estive nela; na verdade, nunca cheguei nem perto dela.

Embora esteja bem seco, as pedras que revestem as formas semelhantes a muros que mal consigo distinguir nessa iluminação ruim parecem molhadas.

Escuro demais; liso demais, uniforme, para parecer tão seco ao toque.

A cela em que me colocaram tem um beliche pequeno que cheira como o quarto de Edmund no ano em que ele pegou gripe e vomitou tudo o que conseguiu engolir.

Inclinando meu rosto em direção à única luz semi-alcançável, uma pequena janela escura forrada com fortes barras de ferro, enrolo-me no cobertor de lã áspera que encontro no beliche.

Lágrimas escorrem pelo meu rosto.

Preciso falar.

Se eu não falar, apodrecerei aqui, sem ninguém para confortar meus lamentos abafados.

Ou, o mais provável é que me matem.

Serei enforcada como devoradora de homens ou queimada como bruxa.

Mas se eu falar, não é só Peter e Lucy sendo cisnes para sempre que devo enfrentar.

Edmundo vai morrer.

Resumindo:

Minha própria vida vale mais que a vida do meu irmão mais novo?

Não, decido, mordendo meu lábio inferior com muita força até sentir o gosto do meu próprio sangue. Prefiro ser morto do que causar conscientemente sua morte.

Eu me pergunto o que acontece quando uma pessoa morre.

Eles se foram para sempre?

Os narnianos são muito vagos sobre esse tipo de coisa.

Não nos preocupamos tanto com isso quanto outras culturas.

Estremeço violentamente ao lembrar do arcebispo de Telmar fazendo um discurso certa vez sobre uma fogueira que ele chamava de "Inferno".

Ele já veio me "visitar" e me dizer que era para lá que eu estava indo.

Que homem adorável, não é mesmo?

Eu não acredito nisso, é um absurdo.

Se Peter estivesse aqui, aposto que ele também diria que isso é um absurdo e que, mesmo que existisse um lugar assim, eu certamente não iria para lá.

Um soluço escapa dos meus lábios cerrados.

Não me importa se vou para o Inferno ou se vou simplesmente desaparecer.

Eu simplesmente não quero morrer.

Eu quero viver.

Quero falar novamente.

Quero brincar com minha irmãzinha e correr pelos campos com meus irmãos, como costumávamos fazer.

Quero ser mãe por mais do que alguns dias ou semanas até que meu bebê desapareça.

Speaking of SwansOnde histórias criam vida. Descubra agora