Speaking of Swans

A misunderstanding

Nunca quis tanto falar, tanto gritar.

"É você mesmo?", quero gritar do outro lado do jardim.

Não posso acreditar.

Mas é claro que eu quero desesperadamente acreditar nisso.

Quero acreditar nisso de todo o meu coração.

Pois a figura parada na minha frente não é uma estranha.

É meu próprio irmão, o filho mais velho da nossa família.

Ele me vê agora e pisca rapidamente, como se achasse que o luar estivesse pregando peças em seus olhos.

Agora consigo vê-lo melhor.

Um pouco mais velho do que quando o vi pela última vez.

Os encantamentos, ao que parece, não levam em conta os anos de vida de uma pessoa que estão desperdiçando.

Sua camisa branca bordada e calças marrons não são nada impressionantes;

ainda assim, para mim ele nunca pareceu mais real, mais fraternal ou mais magnífico como agora.

"Oh, Susan!" Ele suspira sem fôlego, correndo em minha direção. "É você! Graças ao Leão! Su, coloque sua mão em mim para que eu possa sentir você e saber que não estou sonhando com isso."

Lágrimas escorrem pelo meu rosto, estou tão feliz que mesmo se pudesse falar com ele, não conseguiria.

Meu irmão, meu irmão, você finalmente me encontrou!

Como tudo volta.

Toda a nossa infância feliz; as memórias maravilhosas dos meus irmãos eu tentei reprimir porque dói muito pensar nisso.

Minha mão trêmula se estende e pousa na lateral de um dos seus ombros.

Seu corpo é imediatamente tomado por soluços enquanto minha mão desliza suavemente para baixo e para longe dele.

Ele joga os braços em volta de mim e me abraça com força.

Não parece que ele tenha a intenção de me deixar ir e eu não me importo.

"Susan", Peter sussurrou, agarrando-se firmemente à irmã até que seus braços começaram a doer, como se ele tivesse medo de que, se a soltasse, ela desapareceria instantaneamente e seria como se eles nunca tivessem se encontrado novamente. "Achei que nunca mais a veria."

Eu também senti sua falta, pensou Susan enquanto Peter finalmente começou a afrouxar um pouco o aperto para que ela pudesse respirar.

"Mas, então, o que diabos você está fazendo no Castelo Telmarino?" Peter riu de repente, olhando para as roupas da irmã. "Você ganhou peso?"

Susan deu um tapa leve no braço dele. Ela realmente tinha engordado um pouco desde a última vez que o viu - por ter tido o bebê - mas ela tinha perdido a maior parte a essa altura, a depressão geral tinha cobrado seu preço dela.

"Desculpe, Su." Peter riu, radiante de alegria. "Vejo que você ainda não está falando."

Como resposta, Susan deu de ombros e assentiu, incapaz de parar de sorrir. Era a felicidade mais forte que ela sentia há muito tempo; ela não conseguia deixar de se preocupar que isso fosse apenas um sonho maravilhoso do qual ela iria acordar a qualquer momento. Se ao menos seus irmãos pudessem vir morar com ela e Caspian — ele gostaria deles, ela tinha quase certeza; se ele a amasse, certamente ele também gostaria muito da família dela — mas, claro, era impossível. Peter se transformaria novamente em um cisne assim que a noite terminasse e o sol nascesse.