Rússia, Moscou
A manhã fria abraçava Moscou com uma intensidade quase mística, típica de um inverno rigoroso. A névoa espessa pairava sobre as ruas, engolindo os edifícios monumentais e os parques austeros. A capital russa, imersa em uma atmosfera de melancolia e grandiosidade, parecia congelada no tempo, suas ruas refletindo tanto o peso de uma história milenar quanto o movimento incessante da vida moderna.
Pedestres apressados deslizavam pelas calçadas cobertas de neve, seus passos abafados pelo silêncio imponente da cidade. O som das botas pesadas sobre a camada de gelo era um lembrete constante do inverno interminável. Vestidos em casacos pesados de lã ou em longos sobretudos de cortes elegantes, os moscovitas carregavam consigo o traço de uma tradição que atravessa gerações. Luvas de couro finamente costuradas protegiam suas mãos do vento cortante, enquanto chapéus clássicos, em sua maioria de feltro ou pele, adornavam suas cabeças, criando uma imagem que evocava o charme de décadas passadas.
Por mais que o cenário pudesse lembrar a Rússia dos anos noventa, era apenas a perene estética russa, onde o pragmatismo do frio extremo se misturava ao apelo estético de uma nação que, mesmo nas condições mais duras, nunca abandonou a busca pelo refinamento. O Kremlin, imponente como sempre, vigiava a cidade com sua aura inquebrantável, enquanto a Praça Vermelha, envolta em neve, parecia mais grandiosa e impenetrável. O ritmo do dia se misturava ao pulsar silencioso das grandes catedrais e avenidas repletas de história.
A luz pálida do sol lutava para romper a névoa, banhando Moscou em um brilho suave, quase etéreo, como se o tempo tivesse desacelerado. Naquela manhã fria, a cidade parecia ressoar com um mistério insondável, uma complexa mistura de beleza, poder e solidão que definia a alma russa.
Caroline caminhava com passos firmes, envolta na jaqueta de couro Prada que a protegia do frio cortante. A calça de alfaiataria ajustava-se perfeitamente ao seu corpo, e suas botas de neve deixavam pegadas profundas na calçada coberta de gelo. Ao seu lado, Gamova mantinha o ritmo, os olhos discretamente atentos ao redor, mas sua expressão carregava uma impaciência crescente, esperando que Caroline finalmente revelasse o motivo de sua vinda à Rússia.
Gamova virou-se para Caroline, franzindo levemente as sobrancelhas.
— Você sabe que não é bem-vinda aqui. — Sua voz era direta, carregada de desconfiança.
Caroline deu um pequeno sorriso irônico, encolhendo os ombros. — Eu sei, mas desde quando me importo com isso? — respondeu, sua voz casual, mas com um brilho desafiador nos olhos.
— Fala logo, Caroline. Estou ficando sem paciência. — O tom era um aviso claro, suas mãos enfiadas nos bolsos do casaco enquanto ela mantinha a postura rígida.
— Relaxa, e manda seus homens relaxarem também. Meu problema não é com você. — disse com um tom mais baixo, mas firme.
Gamova estreitou os olhos, ligeiramente ofendida.
— Meus homens não estão aqui. — afirmou, quase indignada.
Caroline soltou uma risada seca, puxando o ar com desdém. — Besta é você se acha que eu vou cair nessa. — Ela parou, erguendo o olhar e analisando ao redor. — O 'velho' lendo o jornal ali? Aposto que embaixo do jornal tem uma Tec-nine pronta para atirar se você der o sinal. Me sinto na mira... — Caroline fez um giro lento, seus olhos buscando algo nas alturas até que ela finalmente avistou o que procurava. — E aquele cara com a sniper, espero que ele mire abaixo da cabeça... levar um tiro de sniper não é exatamente o que eu planejei pra hoje. — concluiu, com um sorriso frio.
Gamova bufou, percebendo que Caroline não estava blefando. Ela ergueu a mão, fazendo um sinal de "tudo bem". — Ok, você venceu. — Sua voz carregava uma mistura de rendição e admiração.

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Secret - Rosattaz G!P
FanfictionRosamaria, uma jovem e ambiciosa estagiária de direito, vê sua carreira ganhar um impulso quando consegue um emprego no maior e mais prestigiado escritório de advocacia de Nova York. Cheia de expectativas e determinada a se destacar, ela mal pode ac...