nove

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Merlia hudson

Sinto saudades, saudades do azul marinho do mar e do verde das tartarugas. Minhas amigas, eu amava ver elas nadando pra lá e pra cá, como se não tivesse problemas e fossem livres pra ser oque quiser.

Queria ser como elas, ser adapta a qualquer ambiente e viver por mais de oitenta anos. A única coisa que temos em comum é que somos solitárias, e elas vivem mesmo assim sem importância. Já eu sou diferente, odeio ser solitária e me sentir sozinha toda vez.

Aliás, sou assim toda vida. Queria tanto que meus pais pelo menos demonstrassem um pouco de carinho ao longo do tempo, não entendo do porque me tiveram, na verdade sim! Eu sei oque aconteceu. Eu não fui planejada como minha outra irmã mais nova.

Meu pai fala que cheguei em uma época da vida deles bem inesperada, e estraguei tudo! Como sempre em minha vida toda. Não mantenho muito contato com eles, nem com minha irmã. Eu sempre fui um fardo pra eles, desde de pequenina. Nunca entendia a porra do tratamento diferenciado, já hoje entendo.

- eu trouxe algumas comidas pra provamos. - Daniel tagarelava no meu ouvido desde da hora que chegou. Ele disse que veio ser meu babá por ordem de dominic.

- humm, tem japonesa? - pergunto olhando as sacolas no balcão.

- sim, tem de tudo. Japonesa, Coreana, brasileira, portuguesa e mexicana. - fala pegando a sacola mexicana. - minha preferida! tacos apimentados.

Rio, ele começa a devorar a comida. E eu que não sou boba nem nada como os sushi. Japonesa é minha comida preferida desde de quando provei em uma feira culinária no colégio.

- que horas ele chega? - Daniel limpa a boca com guardanapo e fala. - olha eu não sei direito, mas acho que tarde.

Suspiro, que chato!

- podemos ir no shopping, oque acha?

Penso... seria uma boa ideia. Faz tanto tempo que não vou ao shopping, Nicolas não gostava muito de ir comigo, ele dizia que eu gastava muito com besteiras. Pensando nele, até agora nenhuma mensagem ou ligação.

Assinto, e Daniel sorrir. O engraçado é que em personalidade ele não parece nada com dominic, agora em aparência até parece irmãos gêmeos. Vou em direção ao quarto trocar de roupa, estou usando a roupas que Daniel trouxe pra mim.

••••••••••••••••••••••••••

Estamos na escada rolante do shopping. Conseguimos passar em várias lojas, que dizendo Daniel ele precisava comprar umas coisa, e de vez em outra pegava roupas pra mim, mesmo eu negando.

Ao chegar no terceiro andar do shopping, fomos em direção a loja de calçados, Daniel parece mulher, gosta de esbanjar, e eu acabo rindo com algumas situações.

- olha aquela gatinha no balcão. - aponta. Acabo olhando e vejo uma morena dos olhos puxados.

- não me diga qu..

- vou ali rapidinho pega o número dela, me espera aqui. - mal da tempo de eu responder, e ele se vai.

Fico plantanda por uns cinco minutos na seção de tênis pra corrida, eu o observo puxa assunto com a moça de uma forma descontraída. Eu acabo rindo pela cena. Ao me virar pro lado, a visto um casal rindo perto do carrinho de sorvete.

Sorrio.. eu nunca mais tive esse momento com Nicolas. Acho que faz meses, ou até um ano. Nunca mais tivemos companheirismo de casal, ou desabafos sobre o dia um do outro. Era sempre trabalho e trabalho.

Acho que entendi..

Finalmente entendi.

Alguns ciclos tem que se encerrar, pra outros continuar ou comecar. O meu e o de Nicolas se encerrou a muito tempo e eu não tava conseguindo enxergar. Meu coração se aperta e sinto uma lágrima rolar, a enxugo imediatamente pra não passar vergonha.

Preciso tanto de uma consulta com a psicóloga, mas eu ligo, ligo e ela não atende. Ninguém me atende, ninguém me ouve, me sinto presa dentro de um cubículo de gelo que me sufocar cada vez mais e não tem ninguém pra me salvar.

Daniel se aproximar, e saio dos meus devaneios. Ele me mostrar um papelzinho e sorrir descarado, eu sorrio. Vejo a moça do balcão sorrir pra mim e acenar, eu aceno de volta e Olho pra Daniel.

- eu falei que você tava precisando de um sapato da nova coleção da louboutin. - eu arregalo os olhos, e ele sorrir de lado.

- Daniel seu mentiroso.

- calma! Falei que você era minha irmã. Inventei uma forma qualquer de sapato alto e lógico que ela estranhou. Aí eu falei que não deve te chegado, e mandei ela passar o número dela pra perguntar se acaso chegasse né. - piscou pra mim.

- você é um desvairado da cabeça. - dou um pitoque em sua testa.

- mas deu certo. - me mostrar o número. - agora deixa com o papai, que ele sabe oque fazer. - se gabar.

Nos rimos juntos e fomos em direção ao uma lanchonete comer alguma coisa, porque dizendo ele as variadas comidas não encheu muito.

•••••••••••••••

Em casa, me sento no balcão e observo a sala solitária. Daniel já foi, ele disse que dominic não demoraria a chegar. Então decidir esperar por ele aqui na sala, trouxe lanches caso ele esteja com fome.

Deito a cabeça na mesa um pouco cansada, andei muito hoje, me desgastei demais. Me bateria social acabou. Me permito fechar os olhos por alguns segundos.

Sinto alguém tocando meu rosto e abro os olhos. Vejo dominic parado em minha frente, me olhando fixamente.

- por que não foi deitar na cama? - pergunta parcialmente.

- não estou com sono. - sorrio pra ele.

- imagine se tivesse. Não estaria babando na mesa. - sorrir.

- eii! - levanto a cabeça e olho a mesa, Não vejo nada. escuto suas risadas. - não vejo graça.

- eu sim. - segura meu rosto e dá um selinho em meus lábios.

Ao mesmo tempo que arregalo os olhos, meu rosto esquenta como pimenta. Eu abaixo a cabeça envergonhada. Ele rir mais ainda, e eu olho sem entender. Ele está tirando uma com minha cara?

- dominic? Está cassoando de mim? - ele sorrir de lado e sinaliza um não com a cabeça. Eu levanto e finjo fazer cócegas nele.

- nem invente. - ele fecha a cara, e fica sério.

Eu vou andando até ele e sinalizo as cosquinhas com as mãos, ele se afastar e eu vou atrás. Ele corre pela sala, e sigo ele em uma velocidade voraz.

- pare merlia, eu não gosto de brincadeiras. - eu rio e continuo atrás dele.

- sinto muito, agora você está em perigo, pelas mãos de merlia! - dou uma risada de bruxa.

Ele continua a correr e eu também atrás dele. Ele vai em direção ao quarto, e eu o sigo até lá. Vejo ele se escondendo atrás da cortina da varanda, e o faço cócegas na barriga. Ele começa a rir alto e eu gargalho também.

- pare... - respira sem fôlego. - merlia.... - rir mais ainda. Ele me pega pelas perna, me suspendendo. Me joga na cama e me faz cócegas também.

- domi... por favor. - Rio também, ele me abraçar por cima e ficamos deitados na cama respirando fundo de tanto rir.

- Merlia...?

- sim? - estou olhando pro teto, enquanto ele está deitado por cima de mim, na minha barriga.

- eu amo você. - ele diz derrepente e o silêncio ensurdecedor fica.

Fico calada tentando refletir oque ele falou. Me amar....? Como? Como alguém pode me amar? Minha família, meu namorado que agora eu acho que é ex. Nunca me amaram verdadeiramente... minha respiração ficar em falta.

Eu sinto tudo gelar por dentro.

Merlia Onde histórias criam vida. Descubra agora