ALESSO

16 - Desculpas.

"Não teremos aula na quarta-feira, já que apenas um aluno ficou de recuperação, passarei a revisão para quem ficou de recuperação no meet, mandarei o link no dia e a prova será na sexta."

Acordo com essa mensagem de bom dia no grupo da disciplina de Literatura dramática. Bloqueio o celular, jogando-o para os pés da cama, cansada de tudo o que aconteceu ontem e o vento das consequências batendo no meu rosto assim que abri os olhos.

E ainda tenho que enfrentar elas no café.

Hoje é sábado e vou aproveitar para revisar tudo o que foi passado nesse semestre, inclusive o trabalho que fiz, quero encontrar o que errei para não errar nos próximos, mas algo me dizia que nem isso me salvaria da implicância do professor para comigo.

Na verdade eu não quero descer essas escadas e nem mesmo olhar para o rosto dos meus pais.

Decido ficar no quarto, apenas tomo um banho e visto uma roupa confortável.

Coloco um dos meus travesseiros nas minhas pernas e ponho o notebook em cima, ligando o mesmo e entrando no Google acadêmico, comparando os artigos com os que citei no trabalho, procurando algum erro.

Minhas costas já estavam doendo assim como meu pescoço. Faço uma leve massagem no mesmo e quando termino, escuto a porta do quarto abrir.

– Por que não desceu para tomar café? – A voz do meu pai. Não respondo, olhando para a tela do notebook, fingindo que ainda estou lendo algo.
– Elowen – Me chama. Me força a olhar para ele.

Ele entra no ambiente com uma bandeja em mãos.

– Então eu trouxe para você – Diz, pousando a bandeja nos meus pés. Suspiro, tirando o travesseiro junto com o notebook das minhas coxas. E sorrio para meu pai, envergonhada.

– Me desculpe por... – Começo, já querendo chorar, odeio ser chorona assim. Ele senta ao lado da bandeja.
– Está tudo bem... – Ele da dois tapinhas no meu pé, e massageando em seguida. Tentando me reconfortar. – Quero que agradeça a esse professor por ter a salvado, ok? – Assinto com a cabeça.
– Harry me mandou o número dele, quero que ligue para ele, e agradeça. – Assinto novamente, mordendo meus lábios, não acredito que terei que fazer isso.

– Mas antes, tome seu café. – Meu pai pega a bandeja novamente e se levanta, pousando ela no meu colo, exatamente como o notebook estava anteriormente.
– Obrigada pai – Agradeço. Ele afaga minha cabeça, bagunçando meus cabelos, me arrancando uma gargalhada.
– Sua mãe briga muito com você mas ele fazia bem pior na adolescência dela, sabia? – Entendo que é uma pergunta retórica.

Ele volta a sentar aos meus pés e eu olho para o café da manhã. Duas fatias e bacon e dois ovos, formando um sorriso no prato. E do lado um pedaço de melão e um copo de suco que acredito ser de laranja.

– Parece delicioso – Digo, olhando para ele que me sorrir, ele olha para os lados parecendo pensativo.
– Sua mãe era bem rebelde quando a conheci... – Volta ao assunto, gargalhando. – As vezes não entendo a tanta pressão que coloca em você, acredito que seja... – Eu o interrompo.
– Para que eu não faça o mesmo que ela – Completo.

– As vezes tenho a sensação que ela se arrepende por ter me conhecido e de repente a vida toda dela ter mudado para sempre, fomos bem inconsequentes na época – Diz, baixando a cabeça. – Mas você não tem culpa disso. – Diz, prevendo o questionamento que eu possivelmente faria a mim mesma quando ele cruzasse a porta.

– Você era mesmo melhor amigo do meu avô? – Pergunto o que a anos tenho vontade, os dois sempre evitam essa conversa sobre passado.
– Sim – Responde direto, levantando-se. – Termine seu café e faça o que pedi, vou te mandar o número. – Dito isso, ele sai do quarto fechando a porta.