Ele está atrasado. É a primeira coisa que confirmo depois de conferir a hora no celular. Será que é porque ele está conversando com o Harry?
Balanço minhas pernas freneticamente, minhas mãos soam de nervosismo.
– Para de balançar... – Missy resmunga, ela está com o braço por cima da minha mesa e minha coxa esquerda encostada as pernas da mesa, tendo como consequência o balanço frenético do meu nervosismo.
Bufo, querendo dizer para ela se afastar. Mas não quero ser desagradável, as vezes eu gostaria de me impor mais, tal qual a nossa colega no almoço.
– Desculpem o atraso – Levanto o olhar que antes estava em Missy para o Professor que entra com apenas a pasta do notebook em mãos. Ninguém responde e o silêncio se espalha pela sala. Todos tem medo dele até mesmo para respondê-lo.
– Bom, hoje só darei as notas e ver quem ficará de recuperação, e estarão liberados – Diz sério, coçando uma das sobrancelhas com a mão direita enquanto abre o notebook, o silêncio do lugar fazia as teclas que ele apertava, ecoarem.
Solto um suspiro trêmulo, observando Missy pegar também seu notebook assim como eu. Eu queria saber porque ela resolveu sentar ao meu lado hoje, mas não quero parecer enciumada ou intrometida.
Abro o Word com o trabalho já aberto e finjo ler enquanto não chega minha vez de mostrar para ele.
Cada um que mostra o trabalho é liberado e minha ansiedade só aumenta.
Missy levanta rápido assim como Verônica, mas a loira chega primeiro e senta na cadeira ao lado dele. Minha amiga resmunga alguma coisa antes de se sentar novamente. Será que elas estavam brigadas?
Eu não quero mesmo ir agora, pretendo ser a última a mostrar para ele, pelo menos não terá muitas pessoas na sala para ver a possível humilhação.
Alguns minutos depois, escuto o som de pulos e um gritinho animado, Verônica comemorava sua nota saltitante, o Professor encara a sua reação com um sorriso no rosto. Meu estômago se revira, será que ele já colocou Verônica contra a mesa alguma vez? Assim como fez comigo?
Abano a cabeça em negativo, não querendo pensar nisso, tenho evitado lembrar e principalmente procurar uma explicação para o que ele fez e disse.
A sala agora está vazia, sobrando eu, Missy que está na cadeira ao lado dele, e mais 3 alunos.
Eles conversam baixo entre si e de vez em quando perguntam algo para o professor, nas últimas aulas tenho notado eles bem próximos do professor, noto um deles fora da conversa e com os olhos fixos na tela brilhante.
Alguns minutos depois, só restou eu e o garoto que teclava no computador em uma velocidade impressionante, com certeza deixou o trabalho para a última hora. Constato o que já havia notado.
– Elowen – A voz grossa troveja em meus ouvidos. Levanto minha cabeça e ele me olha por cima da tela a sua frente. Olho para meu colega de turma que está com os dele arregalados. – Venha, não tenho o dia todo – Reclama.
Viro meu quadril para fora da cadeira e vou em passos vacilantes até ele, que me segue com os olhos até sentar ao seu lado.
Sem dizer nada, entrego meu notebook para ele, enquanto passo minhas mãos suadas na calça jeans. Vago meus olhos ao redor, querendo tudo, menos ver suas expressões enquanto ler cada linha rapidamente.
Escuto seu suspirar profundo em menos de um minuto lendo o que virei noites escrevendo.
– Isso aqui está um lixo! Por favor, volte para a sua cadeira, com essa merda aqui – Ele diz, empurrando meu pertence.
Em choque, em volto para o meu lugar, confusa se devo ir embora. Já sentia as lágrimas querendo descer pelo meu rosto mas disfarço arrumando minhas coisas na bolsa.
– Venha, garoto – Ele chama. – Elowen, espere aqui. – Ele me faz parar o que estou fazendo. Derrotada, me sento novamente na cadeira.
O professor conversa baixo com o colega e em alguns minutos ele é liberado, sem humilhações... sem nada, sem nada mesmo. Porque comigo é diferente?
– Você é muito insana em achar que iria passar de semestre, porque não desiste logo? – Ele diz, caminhando até mim, com as mãos no bolso transparecendo uma total calma e postura confiante. Engulo em seco.
A porta da sala se fecha e ficamos totalmente sozinhos, novamente...
– Mas ainda tem a recuperação, não é? – Pergunto baixinho.
– Sabe que vai tirar meus dias de férias pela sua insanidade, não é? Afinal de contas, apenas você ficou de recuperação! – Grita, se curvando a minha frente, com as mãos apoiadas na minha mesa.– D-Desculpe – Acabo gaguejando. Fecho meus
olhos com força, me odiando por isso. Eu odeio parecer uma fraca, mas não quero chegar em alguma refeição em família e dizer que não gosto do curso que estou, e que na verdade eu sou uma fracassada e nada inteligente como meus pais ou meu irmão. Não posso desistir.– Se tivesse ficado em casa invés de ir para festas e se embebedado, talvez não estivesse de recuperação! – Ele cruza os braços, seu olhar está o mais belo e puro ódio. Mas o que isso tem haver? Eu fiz o trabalho antes de qualquer festa.
– Mas eu fiz o trabalho antes... – Respondo, querendo finalizar esse diálogo agora mesmo. Pego minha bolsa e ponho nos ombros, preparada para passar por ele. Meu celular vibra na minha mão.
Ele olha para a tela brilhando assim como eu.
É uma mensagem da Missy.
– Outra festa? – Ergue as sobrancelhas, sua intromissão está começando a querer me fazer perder o controle.
– Não, senhor – Ponho o celular no bolso.
– Deveria estar preocupada com seu futuro, e não na próxima festa – Ele ignora tudo o que eu disse. Suspiro pesado.Não vou respondê-lo.
– Você pensou na sua vida enquanto virava todas aquelas bebidas, Elowen? Ou no que poderia te acontecer se eu não tivesse ligado para a polícia logo? – Me levanto da cadeira.
– Não entendi, e porque isso lhe importa? – Acabo soltando, estava cansada e não conseguindo controlar todos os pensamentos que me assolam.
– Então o Senhor pensou em mim quando ligou para a polícia? – Pergunto, confusa, então ele me protegeu?– Pensei no que poderia acontecer com uma irresponsável que não pense nem nela mesma enquanto vira copos e mais copos! Stupide! – Grita, dando mais um passo até mim, ficando na minha frente. Fico sem palavras com a sua confissão.
– Por que me protegeu? – Minha voz sai baixa, confusa. Ele fica em silêncio. Bufo, virando as costas. Mas ele me para, me puxando de volta até ele.– Sua inconsequência não te faz menos inocente, Elowen, qualquer homem, inclusive aqueles fils de pute parados do lado de fora daquela festa, olham para você e sabem que seu hímen está intacto... – Minhas pernas ficam fracas. Como assim ele sabe que eu...
Tento me soltar do seu aperto no meu braço.
– Professor... – Peço. Desconcertada e envergonhada.
– Mas sabe porque eu te salvei? – Sua voz sai baixa e rouca, bem no meu rosto. Seu nariz roça com o meu e em seguida consigo sentir seu lábios passarem levemente por cima dos meus. Minha respiração fica presa.
Consigo apenas balançar a cabeça em negativo.
– Porque o primeiro pau a entrar em você será o meu, Elowen, e até isso acontecer, se prepare para a polícia aparecendo em todas as festas e Harry vindo aqui no dia seguinte para me encontrar!. – A ferocidade com o que ele diz, sem nenhum pudor me leva a questionar se isso não é um pesadelo e eu ainda estou dormindo na cama de Missy.
Ele me aperta mais forte, olhando cada detalhe do meu rosto atentamente.
– Está me assustando – Assopro. Sentindo meu corpo gelar aos poucos, não acreditando em nada do que está acontecendo.
– Se não quiser isso tão cedo, aconselho a parar de fazer merde, eu a farei pagar seus pecados comigo, Elowen, e acredite em mim, eu não serei piedoso – Ele aproxima ainda mais nossos corpos até sua boca no meu ouvido direito. – E muito menos carinhoso.
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ALESSO
Teen Fiction+18 🚫 DARK ROMANCE + PITCH BLACK! Alesso, um professor universitário, está obcecado pela traição de sua ex-namorada na adolescência. Seu desejo de vingança o leva a perseguir a ex por onde ela vai, até que ele conhece sua filha, Elowen. Sem que Elo...