18 - A prova.

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        Parece que o corredor estava cada vez mais longo conforme eu dava passos largos para chegar logo.

        A universidade está completamente vazia e apenas o som dos meus passos são ouvidos. Isso significa que possivelmente só estará eu e ele na sala.

        Ele desistiu de passar a revisão no dia seguinte depois que nos encontramos no shopping, um castigo por eu não ter respondido aquela sua última mensagem.

        Pelo menos se eu passar ou reprovar hoje, ainda terei 4 dias de folga até as aulas voltarem. Podia ser bem pior.

        Entro no bloco nervosa, não dava para adivinhar os próximos passos dele, e isso me deixava desesperada. Completamente fora de mim. 
Dou uma leve batida na porta da sala antes de entrar.

         A sala está escura, olho em direção a sua cadeira e ele está com os olhos fixos na tela brilhante do computador.

– Bom dia, professor – Desejo. Admirada por não ter gaguejado.
– Venha aqui – Não me responde e também não me olha.

Sem escolhas eu fecho a porta atrás de mim.

– Tranque – Assinto com cabeça e tranco a porta, meu Deus o que ele quer fazer agora?

        Vou em passos vacilantes até ele, de repente sentindo minha bolsa pesada demais ou são meus pensamentos?

– Sim, senhor? – Pergunto ao chegar ao seu lado. Ele então finalmente desvia o olhar para mim.

O professor afasta a sua cadeira e pela luz que vem do notebook, vejo nitidamente ele dar dois "tapinhas" nas suas coxas grossas pelos músculos.

– Sente aqui – Ele não pode estar falando sério. – Agora! – Sua ordem ecoa por toda a sala.

        Tiro minha bolsa dos meus ombros, desconcertada, me ponho a frente dele.

        Seus braços se enrolam na minha cintura e me puxam para baixo, me fazendo sentar no seu colo.

        Sua mão sobe pelo pescoço, fazendo cócegas com a ponta dos dedos.

– Não me respondeu sobre aquele garoto – Começa, o que eu já esperava.
– Ele era só um amigo – Não sei porque, mas eu minto.
– Amigos que se pegam no baile de formatura?, achei que pudesse ser mais criativa para mentir – Diz sério. Permaneço com os olhos no chão.
– Quero saber, ele fodeu você ou tocou? – Engulo em seco, medo dele não acreditar em mim, mas porque eu estava tão refém assim?

– Não, não tocou – Respondo, me levantando sem que ele esperasse por isso. – Pode me dar minha prova? – Pergunto, pegando minha bolsa.

Sento-me na cadeira vazia de frente para a mesa dele.

        Ele se levanta, pegando um papel na mesa e indo em direção a porta da sala, logo as luzes do lugar se acendem.

– Boa sorte. – Me entrega o papel, se encostando com os braços cruzados na sua mesa, com os olhos fixos em mim, em cada mínimo movimento.

        Lembro-me de Verônica e Missy, porque que ele não as chamava para essa sala escura invés de mim?

        As perguntas eram completamente sem nexo nenhuma fazia sentido. Eu estudei de verdade para essa prova com base em todos os conteúdos que ele próprio passou ao longo do semestre, como era possível?

– Tendo dificuldades? – Sua voz me desperta a minha mente raivosa, o que ele quer comigo para estar fazendo tudo isso?

        Não respondo-o e escrevo qualquer coisa nas perguntas. Aceitando que já estou reprovada, e terei que aguentá-lo novamente no próximo semestre.

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