Caminhávamos em silêncio, Nidalee à frente, com seus passos ágeis e olhos sempre atentos. A entrada da cidade principal de Ixtal se erguia à nossa frente, como uma extensão natural da selva ao redor. As árvores gigantescas se mesclavam com as construções, tornando difícil distinguir onde terminava a natureza e começava a civilização. Era um espetáculo intrigante, quase hipnotizante, mas algo me incomodava.
- Estamos sendo seguidos, - disse, quebrando o silêncio, sem desviar o olhar do caminho.
Nidalee parou por um instante, seu olhar felino se estreitando enquanto analisava o ambiente ao redor. - Eu sei. Eles estão observando há algum tempo.
Meu corpo ficou tenso ao sentir algo. Não precisei virar a cabeça para confirmar. Eles estavam se aproximando.
Em um piscar de olhos, os soldados de Ixtal surgiram, como sombras se revelando em plena luz do dia. Suas lanças brilhantes apontavam diretamente para nós. Ahri instintivamente preparou seus orbes, o olhar antes gentil agora carregado com uma selvageria feroz, enquanto Jinx, como esperado, sorria de forma travessa, já segurando uma de suas armas, ansiosa por qualquer oportunidade de caos.
- Calma, - falei suavemente, erguendo a mão para sinalizar às garotas que não reagissem impulsivamente. Precisávamos de cautela, não de violência desnecessária. - Vamos ver o que eles querem primeiro.
Uma das mulheres à frente do grupo deu um passo à frente, seus olhos rubros me observando com um interesse gélido. Seu cabelo escuro caía solto pelos ombros, contrastando com as roupas chamativas e elegantes que usava, trajes típicos dos soldados de Ixtal. Sua presença era imponente, cada movimento parecia calculado, como se ela estivesse acostumada a comandar. Havia algo perigoso nela.
- Você, - ela disse, fixando os olhos em mim, ignorando completamente minhas companheiras. - A Imperatriz Qiyana exige sua presença no palácio. Agora.
Minhas mãos cerraram-se instintivamente, a frustração crescendo no peito. Então, era assim que meu destino de evitar Qiyana seria frustrado? Maldito. O olhar indignado de Ahri e a inquietação de Jinx não ajudavam, mas antes que pudessem reagir, me adiantei.
- E se eu for com você, qual é a garantia de que minhas amigas estarão seguras? - Minha voz saiu fria, impassível. Eu não podia deixar que as levassem também sem uma promessa clara.
A mulher à minha frente ergueu uma sobrancelha, uma faísca de interesse brilhando em seus olhos rubros. Com um movimento lento, abaixou a lança e fez um gesto para que os outros soldados seguissem seu exemplo.
Definitivamente, ela era a líder deles. - A Imperatriz não tem interesse nelas, - respondeu com uma voz firme, quase desdenhosa. - A ordem foi para que você viesse. As outras podem partir em paz.
Olhei para Ahri, Jinx e Nidalee. Era evidente que elas não gostavam da ideia, mas eu não tinha escolha. Se fosse necessário, eu encontraria uma maneira de sair dessa e nos reunirmos depois.
- Levem-nas até onde ficam os barcos, - pedi, olhando diretamente para a líder. - E eu irei com você.
- Renier, - Ahri sussurrou ao meu lado, e antes que eu pudesse evitar, senti sua mão puxando a gola da minha camisa com força, seus olhos me queimando com uma raiva contida. - Se você desaparecer novamente, como da última vez, eu juro que não vou perdoá-lo.
Encarei-a, minha expressão suavizando por um instante. - Dessa vez não vou te deixar sozinha, prometo. - Afastei sua mão delicadamente e me virei para seguir os soldados.
Minhas pernas se moviam, mas meu pensamento estava em outro lugar, tentando antecipar o que Qiyana poderia querer comigo. Como ela soube que eu estava em Ixtal? O que ela desejava?
O som dos passos das guerreiras ao meu redor se misturava com o zumbido distante da floresta, mas, por dentro, minha mente já corria em direção à próxima jogada. Encontraria Qiyana, e uma coisa era certa: seja lá o que a Imperatriz estivesse tramando, eu não seria um peão em seu jogo.
Enquanto seguíamos em direção ao palácio, não pude evitar que minha mente vagasse em meio às árvores imponentes e ao verde vibrante que nos cercava. A guerreira ao meu lado caminhava com uma postura rígida, seu semblante sério e inabalável, como se nada pudesse desviá-la do caminho traçado por Qiyana.
Mas algo não se encaixava. Eu já havia ouvido sobre Qiyana e sua obsessão por poder, suas habilidades inegáveis no controle dos elementos, mas era difícil imaginar que alguém tão jovem tivesse conseguido o título de Imperatriz de sua casa.
Deixei que minha curiosidade tomasse conta. - Qiyana é realmente a Imperatriz de Ixtal, ou é apenas como você a vê?
A guerreira parou por um breve momento, surpresa pelo meu questionamento. Seus olhos rubros faiscaram de surpresa, mas ela rapidamente disfarçou, retomando o passo sem alterar a expressão. - Você sabe mais do que eu esperava, garoto. Qiyana ainda não é Imperatriz oficialmente... ela é a décima primeira na linha de sucessão da Casa Axionas.
Eu já sabia disso, mas o que me interessava era a visão dela. A guerreira continuou, seu tom carregado de convicção. - Ainda assim, ela se destaca entre suas irmãs. Sua ambição, sua sede por poder e glória são inigualáveis. Nenhuma delas tem o mesmo domínio sobre os elementos como Qiyana. Ela acredita que seu destino é governar, e que nenhum outro herdeiro tem a mesma aptidão.
- Então é apenas uma questão de tempo, murmurei, meus olhos fixos no horizonte, onde o palácio de Qiyana começava a surgir em meio à vegetação. - Ela vai tomar o trono, cedo ou tarde.
A guerreira assentiu levemente, mas havia algo mais em seu olhar uma reverência, talvez até uma adoração contida. - Qiyana faz o que faz pelo bem de Ixtal, pela proteção da natureza e do território. Muitos a chamam de arrogante, mas poucos enxergam a responsabilidade que ela carrega."
Suas palavras ressoavam, mas não me convenceram completamente. Era claro que Qiyana não era movida apenas pela proteção de Ixtal. A ambição dela era voraz, e isso era algo perigoso. Ela era jovem, sim, mas não pára de subestimar. Eu precisava descobrir o que exatamente ela queria de mim.
- Mesmo assim, - continuei, olhando de relance para a guerreira. - É raro ver tamanha lealdade. Você acredita que ela trará glória a Ixtal?
A guerreira sorriu pela primeira vez, mas seu sorriso era frio, quase mecânico. - Qiyana vai alcançar tudo o que deseja. E quando isso acontecer, Ixtal florescerá como nunca antes.
Eu me mantive em silêncio. Já havia encontrado muitas pessoas como Qiyana antes. Determinadas, sedentas por poder, dispostas a fazer qualquer coisa para alcançar seus objetivos. Isso poderia tornar Qiyana uma aliada formidável... ou uma inimiga perigosa. Eu só precisava descobrir em qual lado dessa linha eu cairia.
O palácio de Qiyana finalmente surgiu à nossa frente, grandioso e imponente, erguido no coração da selva, como se a própria natureza houvesse permitido que ele existisse ali. Eu senti a sensação familiar de tensão no ar, como se o próprio ambiente estivesse segurando o fôlego.
- Está na hora de descobrir o que ela realmente quer, - murmurei para mim mesmo, enquanto avançava pelo portão, acompanhando a guerreira em direção ao destino que eu tanto queria evitar.
Continua...
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Acordei Como Meu Protagonista no Universo de Runeterra!?
FanfictionRenier Kanemoto, o protagonista de "Legado Cósmico", sempre foi conhecido por sua habilidade de atravessar mundos e quebrar as barreiras entre realidades. Porém, ao despertar em um novo e intrigante universo Runeterra, o cenário caótico de "League o...