Pov. Draco
— Draco.
— Sim, pai.
Meu pai era um homem muito forte. Eu ficava impressionado sempre que via ele.
Quando eu crescer, eu queria ser igualzinho a ele. Um homem forte. Do qual os outros tinham medo.
Meu pai era de quem as pessoas mais tinham medo.
O único que causava mais medo que ele era o seu amigo.
Meu pai o chamava de Lorde das Trevas.
Eu nunca o tinha conhecido, mas meu pai me contava histórias sobre ele. Histórias assustadoras.
Eu tentava parecer durão na frente do meu pai. Mas de noite, eu sempre ficava com medo de que esse amigo dele aparecesse e fizesse coisas ruins comigo.
Uma vez acabei não conseguindo me segurar e comecei a chorar na frente do meu pai.
Ele lançou uma maldição em mim. Uma das maldições imperdoáveis.
Não era a primeira vez, mas doeu tanto quanto.
Depois disso eu nunca mais chorei na frente dele.
Eu queria que ele soubesse que eu tinha aprendido a lição.
Quando chego até ele, me manda o seguir até o seu escritório.
— Bom, meu filho. Hoje é o seu aniversário de cinco anos. Gostaria de lhe dar um presente.
Desde que eu tinha três anos, meus pais pararam de comemorar meu aniversário. Sempre brigavam comigo quando eu pedia algo relacionado a isso. Então, simplesmente parei de me importar com esse dia.
Para mim, hoje era como qualquer outro dia.
Então meu pai dizer que tinha um presente para mim, fez eu arregalar os olhos.
— Sério, pai?! O que é?
— Quando eu fiz cinco anos, meu pai me deu esse presente também. E, filho, foi algo que, naquele momento, eu não me importei e, na verdade, não gostei tanto assim. — Enquanto falava, ele se acomodava na poltrona. — Mas, depois de uma tempo eu entendi a importância daquele ato. Então eu quero lhe presentear com a mesma coisa, pois sei que no futuro você irá dar o devido valor, assim como eu dei.
— O que seria, pai?
— Venha até mim e tire sua camisa, Draco.
Eu faço conforme o mandado.
Logo, ele me pede para virar de costas para ele e fico ansioso pelo meu presente.
Não era costume do meu pai fazer surpresas, mas se ele estava fazendo todo esse suspense, era porque valia a pena.
Sem ao menos esperar, algo estala em minhas costas.
Dói como o inferno e não consigo segurar o grito.
— Não grite, hum. Não gosto do som dos seus gritos.
Eu sinto o estalo de novo. E de novo. E de novo.
No fim, fico pensando se não seria melhor receber a maldição.
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Quando eu enxergo os olhos de Potter após a explosão mágica que tivemos, a primeira coisa que sinto é alívio.
Após a minha magia sair de mim e a de Potter entrar, tudo se estabiliza.
Eu olho nos olhos dele e vejo isso ali.
É tão...indescritível.
Logo, meu padrinho fala algo a qual eu não escuto. O som, a sensação e tudo em mim ainda estão tomados pela magia de Potter.
Ele também se sentia assim, era notório. Porém, também era óbvio que tínhamos em comum a falta de entendimento do que havia acontecido.
Severus, McGonagall e Madame Pomfrey discutem por diversos minutos sobre o ocorrido enquanto Potter e eu ficamos em absoluto silêncio.
Quando se dão por cansados, mandam o quatro olhos ir para seu dormitório e também se dirigem aos seus próprios.
— Draco? — A voz de meu padrinho se faz presente.
Levanto meu rosto e o encaro.
— Você...tem ideia do que houve aqui? — Me pergunta.
— Nenhuma, padrinho. Mas a única coisa que eu sei é que a magia de Potter habita em mim agora. Assim como a minha habita nele. Também tenho a noção se que isso me trouxe um alívio tremendo. Porém, não sei o que fazer em relação a isso.
— Exatamente, Dray. A magia de vocês foi compartilhada. Eu também não sei o que fazer quanto a isso, apenas o que sei é que no futuro isso terá consequências. Nunca é bom quando um sangue-puro compartilha seu sangue.
— Mas, padrinho, em caso de doação mágica não ocorre nada de especial. Por que esse caso seria diferente?
— Por que, Draco, essa doação não foi por escolha sua. Mas por escolha da sua magia. E a magia de um sangue-puro somente escolhe os que trilham o caminho da morte.
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Amor Cortante
FanfictionDepois da guerra, a vida, que deveria finalmente ter algum sentido, perde a importância. Mudanças acontecem, pessoas inesperadas se tornam uma parte essencial, memórias contraditórias se revelam. Diante da verdade exposta em suas mentes, o fim é ine...